A viúva de Marielle Franco, Monica Tereza Benício, afirmou nesta quinta-feira (29) que a reabertura da Biblioteca-Parque de Manguinhos (BPM) nada mais é do que obrigação do estado, ao discursar na cerimônia de reinauguração da unidade, agora batizada com o nome da vereadora assassinada há 15 dias.

“Esse projeto [da Biblioteca-Parque de Manguinhos] é importante que aconteça, mas não é nada menos do que obrigação do estado que os serviços sejam mantidos para as nossas crianças faveladas, para nossas mulheres negras”, disse Monica.

Dirigindo-se a Luiz Fernando Pezão, ela disse também que haverá sangue nas mãos do governador até que a Polícia Civil resolva a morte de sua companheira. “Governador, me desculpe, mas há sangue nas suas até que a Policia Civil resolva a morte da Marielle”, falou Monica.

Quando o governador pegou o microfone para discursar, foi recebido com vaias.

A unidade estava fechada desde dezembro de 2016. Para que as atividades fossem retomadas em Manguinhos, foram necessários reparos na rede elétrica, no cabeamento para uso dos computadores, recolocação de forro no teto, higienização do acervo, reconstrução de um muro e conserto dos aparelhos de ar condicionado.

A BPM é a segunda da rede a ser reaberta este ano (a unidade da Rocinha foi reinaugurada no dia 19 de fevereiro). O investimento para manter as bibliotecas-parques funcionando, segundo a Secretaria de Cultura do Estado (SEC), será de R$ 1,7 milhão por mês.

Presente à cerimônia, o secretário de Cultura do Estado, Leandro Sampaio Monteiro, disse que a administração das bibliotecas será feita de forma direta pelo estado e uma equipe de profissionais será contratada. Na Rocinha 30 servidores que estavam lotados na sede da SEC foram deslocados para atender ao público da unidade, embora o governo tenha se comprometido a contratar uma empresa privada para gerir os serviços.

O superintendente de Leitura e Conhecimento da SEC, Juca Ferreira, informou que uma das salas da biblioteca vai abrigar o Centro de Ciências Sociais e de Memória Marielle Franco. A ideia é utilizar o espaço para disponibilizar material que resgate a memória da vereadora e das lutas por ela encampadas.

Sala onde será o Centro de Memória em homenagem a Marielle. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

O vereador, Tarcísio Motta (PSOL-RJ), em seu depoimento ressaltou a importância das bibliotecas parque para a cidade e também aos moradores da região de Manguinhos. “Mais livros, menos fuzis”, disse. Tarcísio ainda fez menção a necessidade de preservar a memória de Marielle Franco, se colocou contrário a intervenção militar no Rio e destacou que militarização e política de guerra são retiradas de direitos.

Das quatro unidades das Bibliotecas Parque do Rio de Janeiro, apenas duas continuam em funcionamento e com atendimento a população: a de Manguinhos  e a de Niterói. A da Rocinha e a do Centro continuam fechadas e sem nenhuma previsão de reabertura.

Biblioteca-Parque de Manguinhos Marielle Franco passou por pequenos reparos antes de reabrir. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

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