Enquanto as bibliotecas municipais e estaduais do Rio de Janeiro sofrem com os cortes de verbas e escassez de recursos o Conexão Leitura, uma rede de bibliotecas comunitárias que promove leitura nas zonas Norte, Sul e Oeste do Rio, promoveu o seminário, “Por que queremos um Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca na Cidade do Rio de Janeiro”.

O evento foi realizado na última quinta-feira (26) no Auditório da Câmara Municipal do Rio e debateu políticas e iniciativas para o livro, leitura e bibliotecas.

Desde o ano de 2006 o Brasil conta com o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que estabelece diretrizes e política para área do livro e da leitura e promove a criação de planos estaduais e municipais. O município do Rio de Janeiro ainda não construiu seu Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca (PMLLB).

Com o intuito de ampliar o debate sobre a criação e implementação do PMLLB na cidade do Rio, a programação da segunda edição do seminário contou com a participação de Elisa Machado, professora da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); do vereador Reimont; da escritora e contadora de histórias Benita Prieto, do escritor Binho Cultura e dos representantes do Conexão Leitura, Cristiane Rodrigues e Beethoven Lima (clique para assistir a entrevista com eles na TVbiblioo).

A abertura do Seminário foi por volta das 14h com a participação de Cristiane Rodrigues, bibliotecária do Polo Conexão Leitura que apresentou a trajetória dos seis polos de bibliotecas comunitárias. “Estamos com bibliotecas organizadas, classificadas, catalogadas e com um trabalho de mediação qualificado. Não estamos brincando de leitura, não estamos fazendo um trabalho de caridade, nosso trabalho é sério e de pesquisa”, destacou Cristiane em entrevista a Revista Biblioo.

Abertura do II Seminário Conexão Leitura com Cristiane Rodrigues e Beethoven Lima.

Abertura do II Seminário Conexão Leitura com Cristiane Rodrigues e Beethoven Lima.

Vereador pelo Partido dos Trabalhadores do Rio, Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara, destacou a importância da criação da Frente Parlamentar do Livro, Leitura e Biblioteca do Rio. Segundo ele, a intenção de criar uma Frente Parlamentar é para que seja mais um instrumento em prol do fortalecimento da criação do PMLLB do Rio.

A Frente Parlamentar do Livro, Leitura e Biblioteca do Rio é um espaço para o debate entre a sociedade civil, o governo municipal e os vereadores na construção de políticas públicas para o livro, a leitura e a biblioteca. Ela foi criada no dia 20 de agosto em sessão plenária na Câmara Municipal do Rio. Para conseguir esse feito, os integrantes do Conexão Leitura passaram durante três dias nos 51 gabinetes dos vereadores, sendo que 41 deles assinaram o ofício do vereador Reimont (clique para assistir a entrevista com ele na TVbiblioo) para a criação da Frente Parlamentar.

Ofício de criação da Frente Parlamentar com assinaturas dos vereadores Foto: Conexão Leitura

Ofício de criação da Frente Parlamentar com assinaturas dos vereadores
Foto: Conexão Leitura

Elisa Machado, que recentemente foi eleita uma das representantes da Região Sudeste no Conselho Nacional de Políticas Culturais, destacou a importância de pensar o PMLLB de maneira coletiva, com a participação efetiva da sociedade e parabenizou o município do Rio por acrescentar o “B” de biblioteca ao plano.

Machado também destacou sua atuação no Grupo de Pesquisa Bibliotecas Públicas no Brasil da UNIRIO e ressaltou a necessidade de se pesquisar mais a respeito dos investimentos públicos destinados às bibliotecas.

Benita Prieto apontou que os esforços e as mobilizações do Conexão Leitura possibilitaram a discussão do PMLLB no município do Rio. Segundo ela, a sociedade ainda não está provocada para entender e se sensibilizar com a criação do PMLLB.

Binho Cultura destacou a importância de promover a leitura dentro das escolas públicas e adicioná-la aos projetos pedagógicos. “Para fazer uma cidade de leitores precisamos formar uma escola de leitores”, destacou Binho.

O escritor também enfatizou o não cumprimento da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares. De acordo com Binho a maioria dos alunos oriundos de escola pública são negros e o não cumprimento da lei tem impactos fortes.

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Após a fala dos participantes foi aberto o debate ao público com mediação de Bethoven Lima. Diversos temas foram colocados para discussão, dentre eles, a atual situação precária das bibliotecas municipais do Rio; o possível fechamento das bibliotecas parque do Rio; As dificuldades de levar a temática do livro, leitura e biblioteca para a pauta política, entre outros.

PMLLB foi aprovado em São Paulo

No último dia 15 de novembro foi aprovado em sessão da Câmara Municipal de São Paulo, o Plano Municipal do Livro, Leitura e Biblioteca (PL 168/2010 de autoria do vereador Antonio Donato).

Após mais de um ano de discussões, debates e articulações entre a Sociedade Civil, o Executivo e o Parlamento finalmente o texto final do PMLLB foi concluído. Logo após a sanção do prefeito Fernando Haddad será criado um conselho para acompanhar as ações presentes nas diretrizes do plano.

Também essa semana, no dia 25 de novembro, a Rede de Bibliotecas Comunitárias de Porto Alegre/RS divulgou uma carta aberta destinada aos vereadores da cidade para que aprovem emendas parlamentares referentes ações de leitura para a região.

Depois que o orçamento do município de Porto Alegre para o ano de 2016 foi apresentado pelo executivo à Câmara dos Vereadores contendo o valor de apenas dois mil reais, destinados às ações do Plano Municipal do Livro e Leitura (PMLL), a rede de bibliotecas redigiu carta aberta aos vereadores locais pedindo apoio para aprovação de emendas parlamentares referentes à leitura.

A Revista Biblioo convoca os bibliotecários e todos aqueles que atuam na área do livro e da leitura para que participe da construção dos Planos Municipais do Livro, Leitura e Bibliotecas. Criem iniciativas, tragam sugestões e vamos juntos fortalecer os planos de leitura nos municípios brasileiros.

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