Desde o ano de 2006 o Brasil conta com o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que estabelece diretrizes e política para área do livro e da leitura e promove a criação de planos estaduais e municipais. O município do Rio de Janeiro está construindo o seu Plano Municipal do Livro, Leitura e Bibliotecas (PMLLB).

Em 23 de dezembro de 2015, foi assinado o Decreto Municipal nº 41172, garantindo a formação de um Grupo de Trabalho (GT) sob a coordenação das Secretarias de Educação e de Cultura do município.

O PMLLB do Rio de Janeiro tem como objetivo promover o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas na cidade. Com o intuito de ampliar o debate acerca da criação e implementação do PMLLB no município do Rio foi criado um Fórum para discutir, debater e levantar sugestões a respeito dessa iniciativa.

O Fórum está sendo realizado no Teatro Alcione Araújo da Biblioteca Parque Estadual do Rio, localizado na Avenida Presidente Vargas, 1261, Centro, RJ, nos dias 29 e 30 de abril. A Revista Biblioo acompanhou a programação do dia 29.

Fórum PMLLB Rio

Os versos da canção, “Para todos”, de Chico Buarque entoado pelos cordelistas Aderaldo Luciano e Edmilson Santini abriram o primeiro dia do Fórum do PMLLB do Rio. Após a apresentação cordelística o convidado José Castilho, secretário-executivo do PNLL apresentou um panorama do livro, leitura, literatura e das bibliotecas e destacou a importância da criação e do desenvolvimento dos planos municipais.

P1170358

José Castilho durante sua apresentação. Foto: Rodolfo Targino/Agência Biblioo

“Precisamos desenvolver na população o sentimento de que a leitura é um direito. A capacidade de leitura é a chave de todos os direitos”, destacou o secretário executivo do PNLL.

Castilho destacou ainda que para avançar mais no que diz respeito a leitura no Brasil falta decisão política definitiva daqueles que detém autoridade pública. Segundo ele, “uma política de livros não transforma automaticamente o país em uma nação de leitores”.

Em um contexto de escolas públicas ocupadas por secundaristas no Rio de Janeiro e que os alunos encontraram diversos livros didáticos encaixotados e abandonados no tempo como denunciou a reportagem da Revista Biblioo no colégio Prefeito Mendes de Moraes. José Castilho afirmou que o “Brasil tem uma política consistente de distribuição de livros para as escolas”. Durante o debate com a participação do público, o secretário-executivo do PNLL foi criticado por alguns profissionais pela afirmação com o adendo de que o país pode até ter uma política de distribuição de livros, mas apenas de livros didáticos e não de livros de literatura, romances, etc.

Em seguida Nilma Lacerda, escritora e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou a importância da Literatura e dos autores brasileiros.

Encontro com o escritor

A programação da tarde foi iniciada com um dos grandes escritores brasileiros, Affonso Romano de Sant’Anna, ex-diretor da Fundação Biblioteca Nacional. Em um bate-papo descontraído, Affonso Romano, lembrou-se de histórias de sua infância, destacou a importância da leitura e das bibliotecas e relatou um fato com Edson Nery da Fonseca que ao ver o projeto da construção de Brasília reparou que não previa a construção de bibliotecas e a justificativa de Lúcio Costa foi a de que o país não reconhecia a importância das bibliotecas.

Ao lado de Affonso Romano, o editor Claudio Soares relatou o processo de criação da Plataforma Rio Cidade Livro, destacando a importância da tecnologia e da criação de diferentes formas de leitura com as redes sociais, os dispositivos móveis e os aplicativos.

Políticas Públicas para leitura e formação de leitores

A terceira mesa do evento procurou discutir e levantar questões a respeito das políticas públicas para o acesso à leitura e a formação de leitores e contou com a participação de Gisele Lopes, gerente de livro e leitura da Secretaria Municipal de Cultura; Simone Monteiro, coordenadora do Programa Rio, uma cidade de Leitores da Secretaria Municipal de Educação e Malena Xavier, bibliotecária e especialista em Literatura.

Simone Monteiro apresentou os projetos de leitura da rede municipal de ensino do Rio e apresentou as atividades desenvolvidas e o papel das salas de leitura e das bibliotecas escolares do município do Rio. “Formar leitores nas escolas é uma construção coletiva de toda a comunidade escolar”, destacou.

Malena Xavier apresentou as etapas do processo de criação do Plano Municipal do Livro, Leitura e Literatura do município de Nova Iguaçu, Região Metropolitana do Rio.

O mercado editorial e livreiro do Rio

A última mesa do dia debateu questões relacionadas com a atual situação do mercado editorial e livreiro da cidade do Rio no contexto de recessão econômica. Contando com a participação de Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL); Rui Campos, dono da rede Livraria Travessa e Marcos Pereira, presidente do Sindicato nacional dos Editores de Livros (SNEL).

P1170376

Mesa sobre o mercado editorial e livreiro. Foto: Rodolfo Targino/Agência Biblioo

Marcos Pereira que é neto de José Olympio, editor e livreiro brasileiro, apresentou um histórico da indústria editorial e das editoras da cidade do Rio de Janeiro. Lembrou-se de sua infância quando acompanhava o seu avô nas atividades da Livraria José Olympio.

Bernardo Gurbanov contou que sua história no mundo dos livros começou quando ainda tinha 13 anos de idade. Fundou a editora Letra Viva em 1979 e atualmente preside a ANL. Bernardo apresentou dados sobre as livrarias brasileiras, Segundo ANL, o Brasil conta com aproximadamente 3095 livrarias com cerca de uma livraria para cada. A Região Sudeste é a que contém com um maior número de livrarias, ao todo são 1715, contra 588 no Sul, 490 no Nordeste, 107 no Norte e 195 no Centro-Oeste.

“Estamos com uma tendência para a diminuição das livrarias no Brasil”, destacou Bernardo Gurbanov.

Rui Campos finalizou a mesa ressaltando a importância de sustentar e manter a cadeia produtiva do livro. “Nossa luta é para que o preço seja justo, suficiente e que remunere o autor e toda cadeia de produção”, enfatizou Campos.

O fundador da Livraria Travessa também revelou sua história como livreiro quando a Travessa ainda era pequena em uma loja de subsolo em Ipanema, Zona Sul do Rio. Campos destacou a importância das livrarias no Brasil e ressaltou a importância de criar um mercado harmônico no setor.

O primeiro dia do Fórum foi finalizado com apresentação do Sarau Literário Tagarela, o maior Slam do mundo.

Comentários

Comentários