O FILE FESTIVAL (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica) lança plataforma online com conteúdo sobre a preservação do patrimônio artístico digital. A ferramenta deve disponibilizar palestras, debates, workshops e cursos, contando com a participação de artistas, profissionais e acadêmicos que estão entre os principais influenciadores do campo da arte e tecnologia.
A série online FILEALIVE / ARQUIVOVIVO inaugura esses conteúdos – os vídeos já podem ser conferidos na íntegra em https://alive.file.org.br. Os usuários podem escolher os temas de interesse e, após acompanhar as discussões pela plataforma, será possível emitir certificado de participação concedido pelo FILE.
A série online FILEALIVE/ARQUIVOVIVO foi transmitida ao vivo nos dias 29, 30 e 31 de março de 2021 e abordou os desafios impostos pelo processo de arquivamento de mídia arte, mapeamento e interconexão de metadados. Foram seis encontros, organizados por recortes temáticos, que tiveram como principal objetivo orientar a construção de um banco de dados online do acervo do FILE – que conta com mais de 8 mil obras – para que ele seja compartilhado com o maior número possível de pessoas.
“Em razão da obsolescência tecnológica, obras criadas até 10 anos atrás já não podem ser acessadas. Precisamos nos perguntar quais fragmentos ou vestígios devemos conservar para contar essa história”, afiram Paula Perissinotto doutoranda na ECA-USP, co-fundadora do FILE e uma das idealizadoras do FILEALIVE / ARQUIVOVIVO.
Na discussão sobre arquivos, bancos de dados digitais, acervos materiais e imateriais – e como estes promovem o acesso à informação – o FILE recebeu Christina Radner, do ARS Electronica Archives; Manuela Naveau, professora da Universidade de Arte e Design de Linz e curadora do Ars Electronica Linz; Morgane Stricot, diretora de conservação digital do Centro de Arte e Mídia ZKM e Oliver Grau e Wendy Coones, do projeto ADA (Arquivo de Artes Digitais, na sigla em inglês).
O público também pode conferir a discussão de estudos de casos e análises sobre arquivos de mídia arte. A apresentação foi de Isabelle Arvers, do Art Games World Tour; Ricardo Dal Farra, Concordia University, CEIARTE-UNTREF; Solimán López da Harddiskmuseum / Updated Art Studio / ESAT LAB; Tania Aedo, coordenadora da Cátedra Max Aub, vinculada à Universidade Nacional Autônoma do México. As conversas são moderadas pela artista e pesquisadora Rejane Cantoni.
A programação ainda inclui debate sobre o desafio de conservar obras de arte mediáticas baseadas no tempo. A discussão teve foco em como superar a evolução acelerada da tecnologia e a obsolescência de sistemas para preservar projetos imersivos em realidade virtual, Net Arte, esculturas cinéticas, instalações interativas tecnológicas, entre outras criações. Participaram Annet Dekker, Professora Assistente de Estudos de Mídia | UvA e Professora Visitante e Co-diretora do Centre for the Study of the Networked Image | LSBU; Pieter Tjabbes, da Art Unlimited, e a artista digital Tamiko Thiel, com mediação de Magali Melleu Sehn, conservadora-restauradora PhD e professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais.
A discussão de como a construção de um arquivo pode exigir o mesmo esforço de criação de uma instituição contou com Bonnie Mitchell e Janice Searleman, co-diretoras do ACM SIGGRAPH Digital Art Archive, que com Wim van der Plas co-dirigem o ISEA Symposium Archive. Paula Perissinotto, curadora e organizadora do FILE FESTIVAL, também participou. A conversa abordou ainda como o acervo pode ter a ação e efeito de fundar e erguer algo que cumpre função de utilidade pública.
O evento também dedicou atenção especial às experiências nacionais, que marcaram presença no debate sobre demandas e princípios da memória digital. Dalton Martins, coordenador do projeto Tainacan da UnB (Universidade de Brasília); Gabriel Bevilacqua, conselheiro do ICOM Brasil; Giselle Beiguelman, artista, curadora e professora da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) e Pablo Gobira, professor doutor da UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais), incitaram questões sobre a importância da curadoria digital. A moderação foi da professora e pesquisadora Silvia Laurentiz.
Por fim, Érica Azzellini, gerente de Comunicação do Wiki Movimento Brasil; Leno Veras, gerente de pesquisa e documentação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Tânia Rodrigues, responsável pela Enciclopédia Virtual do Itaú Cultural, palestraram sobre o patrimônio cultural digital como pilar e alicerce para a construção de uma sociedade aberta e inovadora. Silvia Laurentiz fez a moderação.
SOBRE O FILE FESTIVAL
O FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica é uma organização cultural sem fins lucrativos que viabiliza uma reflexão atual sobre as principais questões do universo eletrônico-digital contemporâneo e vem divulgando, durante seus 20 anos de existência através de eventos e de publicações, as linguagens eletrônicas e digitais pelo Brasil e América Latina.
O FILE constituiu, durante os 20 anos de sua existência, um acervo único em seu gênero na América Latina, com mais de 8.000 obras digitais nacionais e internacionais que participaram das exposições do FILE, incluindo-se 48 países. Caracteriza-se como um arquivo inédito em conteúdo e quantidade. Uma vez que, existem poucas instituições no mundo com um acervo similar.
Desde o princípio dos anos de 2000, o FILE recebe trabalhos produzidos em diferentes suportes, linguagens, softwares e formatos, caracterizando um conjunto significativo de obras com propostas estéticas interdisciplinares que envolvem várias modalidades artísticas.