No último dia cinco de novembro músicos estavam fazendo uma intervenção dentro de um vagão do metrô no Rio de Janeiro. Eles tocavam composições de Villa-Lobos e Cartola quando foram agredidos por seguranças do Metrô-Rio. Dentre os músicos estavam Thales Browne, Thiago Mello e Yuri Genuncio integrantes do Coletivo de Artistas Metroviários (AME) que reivindicam o direito de realizar apresentações artísticas no metrô carioca.

A arte nos transportes públicos é um direito garantido pela Constituição brasileira. Mesmo com a existência do Projeto de Lei 2958 de autoria do deputado Andre Ceciliano, que tramita na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) desde o ano de 2014, cotidianamente os músicos e artistas de ruas sofrem violência física, psicológica, ameaças, perseguições e até mesmo agressões. Os seguranças do Metrô Rio, concessionária responsável por administrar o metrô carioca, são truculentos e agem de forma violenta e criminosa contra os artistas de rua.

O PL 2958/2014 visa regulamentar manifestações culturais no interior dos trens e metrô no âmbito do estado do Rio. O texto original do projeto previa a permissão de apresentações culturais no interior dos vagões do metrô do Rio, mas sofreu algumas alterações, atualmente o texto do PL prevê apenas intervenções artistas nas estações do metrô.

Leo Gonzaga, integrante do Coletivo de Artistas Metroviários (AME), ressaltou que começaram a se organizar como coletivo a partir da criação do PL 2958/2014. “A ideia inicial desse projeto era regulamentar os artistas dentro do metrô. A partir disso começamos todo um debate para colocarmos nossas reivindicações dentro deste projeto de lei”, destaca o músico.

Indignados com as recentes agressões sofridas no Metrô Rio, o AME realizou na tarde do dia 18 de novembro uma ocupação pacífica e artística no Lago da Carioca, região central do Rio. Músicas, intervenções artísticas, pernas de pau, companhias e coletivos de artes, rodas de conversas e muito amor fizeram parte da programação da ocupação.

A roda de conversa sobre arte pública contou com a participação de parlamentares do Rio. O debate foi formado por Amir Haddad, diretor de teatro; Reimont, vereador pelo PT; Wanderson Nogueira, deputado estadual pelo PSB e Eliomar Coelho, deputado estadual pelo Psol.

Roda de Conversa discutindo arte pública. Foto: Rodolfo Targino / Agência Biblioo

Roda de Conversa discutindo arte pública.
Foto: Rodolfo Targino / Agência Biblioo

Hamir Haddad, criador do grupo “Tá na rua”, teceu duras críticas ao modelo de cidade negócio adotado no Rio de Janeiro, repudiou a postura do Metrô Rio e ressaltou a importância da arte pública. “A arte pública é a que não se vende e não se compra, ela se realiza”, destacou Haddad.

Wanderson Nogueira colocou o seu mandato como deputado a disposição da luta dos artistas de rua e assim como Haddad, criticou de forma veemente o Metrô Rio e exigiu punição para os envolvidos nas agressões aos integrantes do AME. “É um absurdo como o metrô Rio trata os artistas de rua. Os seguranças do metrô e quem deu a ordem para a truculência tem que ser punidos”, ressaltou o deputado.

Eliomar Coelho destacou que o seu compromisso como parlamentar é o de ter uma atuação voltada para a melhoria da vida das pessoas. Ressaltou que a luta dos artistas de rua é uma luta fraterna e legitima. “As elites não gostam da cultura porque ela internaliza entre nós o pertencimento pela cidade. O que é público é espaço do povo, a sociabilidade das pessoas, a arte é isso”, afirmou o deputado.

O vereador Reimont também criticou a privatização da cidade do Rio, segundo ele a cidade está planejada para aqueles que querem lucrar e não para os que querem fazer revolução. O vereador destacou que a luta dos artistas de rua é uma quebra de braço, onde a força do capital é muito forte, mas a luta continuará e os artistas precisam criar resistência.

Grande Cia Brasileira de Mysterios e Novidades realizando sua intervenção. Foto: Rodolfo Targino / Agência Biblioo

Grande Cia Brasileira de Mysterios e Novidades realizando sua intervenção.
Foto: Rodolfo Targino / Agência Biblioo

A programação da ocupação artística prosseguiu com apresentações de números dos artistas metroviários, apresentação musical de músicos e bandas. A luta dos artistas de rua pelo direito de ocupar o espaço público de forma democrática e levar a arte para as pessoas é mais do que importante, afinal de contas, uma cidade que reprime a arte e a música é uma cidade doente.

Para saber informações, curta a página Coletivo AME no facebook e assine o abaixo-assinado “coletivo AME: em defesa da arte nos transportes coletivos do Rio de Janeiro”.

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