SÃO PAULO – Sábado ensolarado e, mesmo “disputando” com todas as inúmeras opções culturais da cidade, a Biblioteca de São Paulo estava lotada de leitores e de funcionários. Logo ao entrar já é possível perceber vários funcionários no balcão de atendimento, mais alguns nos escaninhos para guardar os pertences e, chegando ao interior da biblioteca, se vislumbra mais uma dezena de pessoas uniformizadas espalhadas pelos pequenos setores nos quais se divide o salão.

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Foto por Eduardo Carvalho

A quantidade de leitores também chama a atenção e, em um salão enorme como o da biblioteca (que ocupa 4.257 metros quadrados), é necessário realmente uma grande quantidade deles para ela parecer cheia do jeito que parecia. Em sua maioria crianças e seus pais, divididas entre a contação da história que acontecia no fundo do salão e os outros pequenos espaços interativos e estantes do primeiro andar. Já no andar de cima um público mais adulto ocupava as mesas para leitura e os computadores disponíveis para consulta.

A minha empolgação de bibliotecária ao ver uma biblioteca funcionando a todo vapor em pleno final de semana disputava espaço com a minha empolgação pela biblioteca em si. Morando no Rio de Janeiro, aquela era minha primeira oportunidade de finalmente conhecer a Biblioteca de São Paulo que já funciona há mais de três anos.

Acervo e Funcionamento

A biblioteca tem um conceito de “biblioteca viva”. Sua programação é bastante recheada de eventos e a própria disposição de seus setores é bastante diferenciada, permitindo uma outra dinâmica para as atividades. A cena de toda essa movimentação em pleno sábado não é novidade por ali, a biblioteca fica aberta todos os dias, excluindo as segundas-feias, mas incluindo sábados, domingos e feriados, onde o público é ainda maior do que durante a semana.

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Foto por Eduardo Carvalho

Como o horário de funcionamento extenso, seu público varia: durante a semana grupos de alunos de escolas ou leitores focados em assuntos acadêmicos e, nos finais de semana e feriados, pessoas focadas mais nas atividades de lazer e oficinas da programação da biblioteca que são informadas pelo site da biblioteca.

O acervo da biblioteca além de ser impressionante em números (mais de 35 mil obras) se destaca em variedade de título e principalmente formatos, uma vez que possui livros, DVDs, CDs, jogos e também formatos acessíveis como livros em Braille e audiobooks, além de uma brinquedoteca. O acervo pode ser consultado através do catalogo on-line no site e nos vários terminais de consulta espalhados pela biblioteca.

Da opressão ao conhecimento

De quase todas as partes da biblioteca, através de suas grandes janelas, há vista para o parque da juventude. A biblioteca e tudo que compõe o parque (Parque Central, Parque esportivo, Acessa SP, Escolas Técnicas Estaduais) estão localizados onde anteriormente ficava a penitenciaria Carandiru, palco do terrível episódio conhecido como massacre do Carandiru.

Falar sobre e Biblioteca de São Paulo atualmente é ainda mais emblemático, pois as famílias das vítimas e os sobreviventes acabam de saber que a conclusão dos julgamentos, os últimos dois que ainda faltam, foram marcados apenas para 2014, mais de vinte anos depois do massacre.

O bairro do Carandiru, no entanto, teve a prisão transformada de uma lembrança enorme e opressiva do massacre para um espaço de conhecimento e cultura, as melhores armas para evitar que acontecimentos terríveis como esse se repitam.

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Foto por Eduardo Carvalho

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