O Sol não reconhecia o poder que emanava dele; não conseguia sentir o Universo em sua imensidão. Ele não compreendia a Via Láctea como um lugar de infinitos. O Rei Dourado disparava raios flamejantes o tempo todo, impondo a si mesmo o caminho da solidão.
Dentro desse cosmos inabitável, uma estrela pequena e distante admirava o Sol. Ela gostava do seu brilho, da sua intensidade, do seu calor… Mas a estrela não entendia por que o Sol era tão solitário, tão autossuficiente. De longe, a pobre estrelinha respirava apaixonadamente o Sol. Ela sabia que era perigoso se aproximar; ela sabia principalmente que era proibido.
Mas a estrelinha estava tão apaixonada e dizia a si mesma antes de dormir:
– Não, eu nunca toquei os raios de fogo. Eu nunca estive próxima deles. Sei que o Rei Sol pode me matar em alguns segundos, mas eu faria tudo para conseguir olhá-lo de perto um segundo sequer… Eu quero tanto ouvir sua voz e ver que tipo de expressão ele tem quando sorri!
Com esses pensamentos, a estrela dormia e sonhava todos os dias. Em um momento cósmico tranquilo, a estrela brilhante tomou a grande decisão da sua vida: conhecer o Sol. Pegando carona na cauda dos cometas, ela viajou por dias e dias, meses e meses, anos e anos, até chegar ao reduto solar. Ela decidiu permanecer escondida até o sol despertar, pois era noite e a Lua reinava imponente no céu. Quando amanheceu, o Rei do Universo abriu seus grandes raios e não reparou que tinha companhia: uma pequena e imperceptível estrela.
A estrela ficou encantada: Sim, o Sol era tão bonito, tão forte, tão soberano… Então, ela começou a admirar o coração em chamas. Mas o pequenino corpo celeste estava tão perto, tão perto… Quando o Sol percebeu, ele viu pequenos fragmentos dissolvidos no cosmos: suas chamas e calor dissolveram a estrelinha em pequenas moléculas. A partir desse momento, o Rei dos Astros não estava mais sozinho.