Após doze horas de cerco, os policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar deixaram o prédio do Museu do Índio, no Maracanã, Zona Norte do Rio de Janeiro. Os policias chegaram ao local por volta das 7h da manhã do dia 12 de janeiro, estavam aguardando uma ordem judicial para reintegração de posse do imóvel.
Os índios obstruíram o portão de acesso principal do museu, uma forma de resistir a injustiça e a demolição de um local que até hoje preserva a memória e a história do povo indígena.
A mobilização também contou com parte da sociedade civil, defensores públicos, advogados, políticos, estudantes, entre outros. Durante a chegada dos policiais, o deputado estadual Marcelo Freixo chegou a pular o muro do museu para intervir nas negociações caso houvesse alguma invasão por parte dos policiais. Freixo alegou que a retirada das famílias do local exige uma série de normas que não foram cumpridas.
A Revista Biblioo esteve presente no local, na manhã desse domingo (13/01). O ambiente era de tranquilidade com pessoas chegando para o Congresso do FIST (Frente Internacionalista dos Sem-Teto) com abertura às 9h. Sem nenhum transtorno pessoas também chegavam para visitar o local e demonstrar sua solidariedade com a causa dos índios.
Com uma simples entrada pelo prédio do Museu do Índio é visível o descaso e o abandono por parte do poder público com o local. Escadas bloqueadas, janelas desgastadas pela ação do tempo, foro de madeira do teto aos pedaços. Mesmo com um cenário de abandono é possível apreciar a cultura indígena e a resistência através do mural de fotos, das frases de protestos pelas paredes e das pinturas indígenas espalhadas pelo interior do museu.
Muito ao contrário do que foi relatado pela Globo News, alegando que existia venda de drogas no local, o que encontramos lá foi simplesmente a vontade e resistência de um povo que luta com sua sabedoria e seu sangue contra as injustiças pela qual é vítima desde a descoberta dessa terra pelos portugueses.
Até agora nada está resolvido, o Governo do Estado do Rio de Janeiro pode invadir o local a qualquer momento e a situação pode ser agravada. Vamos continuar atentos a essa causa e de olho nas novas informações que serão veiculadas. Toda a solidariedade ao povo indígena e as lutas contra a demolição do Museu do Índio e da Escola Municipal Frienderich.
A única certeza é que o governador Sérgio Cabral, por conta de interesses não dos mais nobres, procura demolir o museu para limpar a área para que a iniciativa privada venha a explorar a localidade com preços abusivos e lucros criminosos.