Na edição 30 da Revista Biblioo questionei sobre a condição da Biblioteca Pública Estadual do Rio de Janeiro estar fechada para reforma por quase seis anos e mesmo tendo obtido informações de que o espaço seria reaberto naquele mês, como de fato aconteceu, duvidei da reabertura.
Creio que devemos valorizar todos os ganhos obtidos no tocante as bibliotecas públicas de nosso país e, neste sentido, o registro da reabertura da Biblioteca Parque do Estado do Rio de Janeiro (BPE), como agora é chamada, deve ser fator de comemoração.
O que se pode fazer na biblioteca: cartaz – Foto: Soraia Magalhães
A BPE se adequa a modernização e há elementos de mudanças nas placas indicativas que asseguram ao usuário o que se pode fazer neste ambiente. São cartazes que geram mais flexibilidade e liberdade quanto ao uso do espaço, quebrando o ideário de que biblioteca é espaço de silêncio e pouca interação.
Com mais de R$ 70 milhões investidos em reforma e modernização, a BPE passa a integrar o time das mais bonitas e bem equipadas bibliotecas brasileiras. Bem iluminada, decorada, colorida, com amplos salões de leitura climatizados, distribuídos por seus 15 mil metros quadrados com relevante acervo bibliográfico, a BPE poderá se transformar em um modelo a ser seguido no tocante aos aspectos de infraestrutura. Possui diversificados aparatos tecnológicos como, por exemplo, wi-fi de 100 megas e 200 computadores.
Localizada na área central da cidade do Rio de Janeiro, por onde passam multidões de pessoas todos os dias, seus gestores esperam receber público estimado em torno de 1,5 milhões de usuários por ano que poderão ser beneficiados pelo ambiente propício a diversificadas práticas.
O espaço pode ser visto como um centro cultural que congrega no mesmo ambiente área para teatro, salões de leitura e exposições, cabines para apreciação de filmes, biblioteca infantil, salas multiuso, estúdios de som, restaurante e outros.
O mobiliário confere conforto em todos os ambientes, sejam as estantes, cadeiras, poltronas, puffs, tudo se integra de forma harmoniosa com livre acesso aos acervos sejam estes, de livros e filmes. É válido destacar que na BPE o leitor pode ter acesso a inúmeros bestsellers…
Ainda pode ser melhorado?
Visitei a BPE em dois momentos. No primeiro, total deslumbramento em visitada realizada com a amiga bibliotecária Daniela Spudeit que como eu, se mostrou encantada por todo aparato envolvendo arquitetura e decoração.
No segundo momento, fui de ônibus saindo de Copacabana e pude constatar alguns aspectos que podem ser melhorados. Segue três observações que optei por apontar apenas como forma decontribuir para a ampliação do êxito do empreendimento.
- O primeiro, diz respeito à fachada da biblioteca, creio que falta uma placa ampla, colorida, vibrante para atrair atenção da população para essa joia que agora lhes pertence. Ocorre que ao abordar vários moradores da cidade do Rio de Janeiro, poucos sabiam da existência da biblioteca ou sua reabertura.
- Outro elemento diz respeito à questão recursos humanos. Percebi que os trabalhadores da biblioteca estão identificados por camisetas coloridas. Para os bibliotecários a cor especificada para atuação era cinza, contudo, poucos utilizavam camiseta com essa tonalidade.
- Creio que mediar é preciso em todos os setores da BPE, mas especialmente na área destinada ao público infantil a atenção deva ser redobrada. O espaço que possui elementos de brinquedoteca precisa de profissionais para oferecer atuação qualificada para atendimento às crianças. O local, no dia em que fiz a segunda visita, era de um pátio de escola com as crianças correndo, gritando e jogando brinquedos para todos os lados e sem nenhum adulto para orientar o que se pode fazer neste ambiente.
Exposição “Vinicius de Moraes – 100 anos”
No tocante as maravilhas encontradas, o destaque fica por conta da exposição “Vinicius de Moraes – 100 anos”que consiste em uma belíssima homenagem ao poeta que conta com instalações apresentando textos, poesias, frases, fotos, letras de músicas e outros momentos da trajetória do poeta, escritor, artista.
Para os apaixonados por fotografia, recomendo explorar os recantos da BPE haja vista que o lugar oferece beleza por todos os lados.
Acredito que não houve tempo suficiente para que a BPE se organize efetivamente em termos de serviços e pessoal. Do ponto de vista do público alvo, soube que aos poucos as pessoas que passam em frente ao local olham desconfiadas para o ambiente, perguntam se é preciso pagar para entrar, se podem usar computadores e serviços…é algo novo e ainda precisa ser assimilado…A todos os envolvidos neste trabalho, desejo muito êxito.