A conjuntura relativa às políticas públicas das áreas do livro, leitura e bibliotecas não é favorável. Com o desmantelamento do Ministério da Cultura, a visibilidade desses setores foi jogada a segundo plano e a criou-se uma percepção distorcida de que as políticas culturais servem apenas para beneficiar artistas, sem levar em conta a importância desses setores para o desenvolvimento e enriquecimento do país.

Tendo essa conjuntura em vista, Ricardo Queiroz Pinheiro, professor e bibliotecário, está organizando o curso: Políticas públicas do livro, da leitura, da literatura e da biblioteca. O curso visa debater o tema do ponto de vista histórico, sociológico, político e literário, abordando a educação, cultura de forma a capacitar os participantes quanto às políticas públicas dos referidos setores.

Serão sete datas (25/05, 27/05, 01/06, 03/06, 08/06, 10/06, 15/06), sempre às segundas e quartas, às 18h. O curso é gratuito e para participar basta fazer inscrição na plataforma Sympla.  Os encontros serão transmitidos na página do Facebook da Escola do Parlamento.

Nesta entrevista à Biblioo, Ricardo Queiroz explica como surgiu a ideia em organizar o curso e avalia o cenário atual das políticas públicas do livro, da leitura e das bibliotecas. “Convido a todas todos interessados a participar do webinar para que possamos juntos olhar um pouco para a história das políticas do livro e leitura para que entendamos melhor a conjuntura política e cultural brasileira”, ressalta Ricardo.

Como surgiu a ideia de criar a WEBINAR Políticas Públicas do Livro, da Leitura e da Biblioteca? 

A história desse webinar começou bem antes da pandemia e num contexto completamente diferente. Em fevereiro a Escola do Parlamento da Câmara Municipal abriu um edital para docência para o Curso de Extensão Universitária Políticas Públicas do Livro, da Leitura, da Literatura e Biblioteca. Em 2016 eu concluí o mestrado na ECA/USP no qual relatei e analisei o processo de construção do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca de São Paulo, participei de perto desse processo como membro do grupo de trabalho de construção do plano e venho de uma experiência de 28 anos em biblioteca pública na gestão e na mediação de leitura e informação. Concorri ao edital, me credenciei e comecei a dar as aulas em meados de março, veio a quarentena, o curso presencial foi suspenso e semana retrasada a Escola do Parlamento acertou o novo formato. Portanto, é um reinício, serão sete aulas e os participantes formalmente inscritos e com frequência de 70% terão certificado, mas para quem quiser assistir as aulas informalmente, a transmissão estará aberta na página do facebook da Escola do Parlamento.

Ricardo Queiroz é professor, bibliotecário, mestre em Ciência da Informação e tem experiência na área de Educação e Cultura, com ênfase em gestão e mediação cultural e da informação. Foto: Arquivo pessoal

Como você avalia a conjuntura atual das políticas públicas paras as áreas do livro, leitura e bibliotecas?

Em dezembro de 2016 o Congresso Nacional aprovou a PEC 55 que congelou os gastos públicos por um período de 20 combalindo sobretudo a área social. De saída, só a Saúde perdeu R$ 746 bilhões, estamos vendo o resultado dessa decisão austerícida nas medidas tomadas no enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus. Para completar o caos, o governo Bolsonaro, eleito em 2018, nos trouxe a combinação explosiva entre ultraliberalismo e fascismo, que se lastreia pelo combate diário a qualquer visão humanista do mundo, à ciência e à informação e ao bom senso. As políticas do livro e leitura transitam no ponto convergente entre educação e cultura, fomos atacados frontalmente, no campo simbólico e material, e o que era frágil se desestruturou completamente.

Qual a mensagem que você deixa para quem tem interesse em participar dos sete encontros da WEBINAR Políticas Públicas do Livro, da Leitura e da Biblioteca? 

Eu convido a todas todos interessados a participar do webinar para que possamos juntos olhar um pouco para a história das políticas do livro e leitura para que entendamos melhor a conjuntura política e cultural brasileira. O caminho do livro e leitura em nossa história, retrata a exclusão, o legado escravagista e excludente, o elitismo a concentração dos bens materiais e simbólicos, mas também as formas de resistência, as insurgências e a capacidade de criar outras possibilidades de todos aqueles que não abaixaram a cabeça. Olhar para a trajetória do livro e leitura no Brasil é também entender melhor o que somos.

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