Por Guilherme Ramalho de O Globo

Os olhos brilhavam em meio aos painéis interativos. O som emitido em cada um dos espaços tornava o ambiente ainda mais imersivo. “Me deu até arrepio”, confessa a pequena Kaylane, de 8 anos, com um sorriso no rosto, ao lado da mãe, a secretária Queise Peixoto de Oliveira, que, aos 35 anos, entrou em um museu pela primeira vez na vida naquela tarde chuvosa de quarta-feira. Elas passeavam pelo Museu do Amanhã, onde uma pesquisa feita com 839 visitantes entre os dias 16 e 29 de janeiro revela que 42% das pessoas entrevistadas não são frequentadoras de museus: 10% relataram que nunca haviam nem pisado em um, e outros 32% disseram que a última visita havia sido há mais de um ano.

Foi um achado muito importante dessa pesquisa, que nos mostrou que quase metade das pessoas que recebemos nunca vieram a um museu ou não são frequentadoras, mas tiveram uma excelente experiência aqui dentro. Isso pode motivá-las a ir a outros museus. Pode despertar um interesse. Mostra o tamanho da nossa responsabilidade — afirmou Alexandre Fernandes, diretor de desenvolvimento de públicos do Museu do Amanhã.

Ontem, o espaço atingiu a marca de 500 mil visitantes. A meta para este ano era alcançar 450 mil. Moradora de Queimados, na Baixada Fluminense, Queise conta que a distância sempre acabava desestimulando os passeios:

— Moramos tão longe de tudo — lamenta, sem antes relatar suas primeiras impressões da visita. — Foi muito bom para ampliar nossos conhecimentos e totalmente diferente do que a gente imaginava. Achávamos que só iria ter coisas antigas e agora estamos vendo que não é nada disso.

VISITANTES DA ZONA NORTE

Os dados mostram ainda de onde vem a maioria dos visitantes. Na capital, a abrangência é bem semelhante à distribuição demográfica medida no último Censo pelo IBGE. De acordo com a pesquisa, a maioria dos frequentadores da cidade mora nas zonas Norte (43%) e Oeste (30%). Já da Zona Sul, vieram 20% do entrevistados e, do Centro, 7%. Responsável pelo engajamento de públicos do museu e coordenador do estudo, Dino Siwek ressaltou ainda que 40% dos visitantes são de outros estados e 3%, de outros países. Segundo ele, a pesquisa será repetida em junho, antes das Olimpíadas:

— Temos uma abrangência bem interessante na cidade. Não somos, por exemplo, um museu onde só a Zona Sul frequenta. Além disso, há muitas pessoas de fora do estado, o que nos coloca como uma atração turística da cidade. Faz parte do nosso processo de desenvolvimento entender quem são nossos visitantes e como é a experiência deles no museu. O processo de pesquisa é algo permanente — contou.

Se fosse uma prova de escola, o Museu do Amanhã também passaria com louvor. Entre 0 e 10, recebeu a nota 8,76 dos entrevistados. A principal reclamação, com 39%, foram as longas filas. Já a sessão Cosmos, o primeiro ambiente logo na entrada do museu, foi o que mais agradou, com 38%. Dentro de um domo negro, os visitantes assistem a um filme em 360 graus sobre a formação da Terra. Do total dos entrevistados, 59% revelaram que a visita estimulou a mudança de hábitos.

— Tudo o que a gente faz hoje de errado reflete no amanhã. De onde jogamos o lixo ao tempo que tomamos banho, sempre precisamos melhorar — refletiu Queise.

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