Em meio a tantos escândalos políticos, a notícia de que o Paço Imperial, localizado no Centro do Rio de Janeiro, foi depredado parece ter passada despercebida. Ao tomar ciência de tal fato através das redes sociais e não através da mídia tradicional, fui buscar mais informações.

Os turistas, que vierem ao Rio de Janeiro agora no mês de setembro, ficarão surpresos com as diversas pichações que o monumento histórico sofreu. O evento Baile do Ademar, realizado na Praça XV de Novembro, próximo ao Paço, nos dias 2 e 3 setembro, organizado pelo skatista Ademar Lucas, oferecia ao público música, pistas de skate e grafite. Após o baile, a Praça XV parecia devastada, pois amanheceu com muito lixo, cacos de vidro pelo chão e tanto as fachadas dos prédios do Paço, quanto do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), foram alvos de depredações e pichações.

Percebemos que faltou a atuação da polícia militar e dos guardas municipais. Polícia e guardas, a propósito, que se fizeram tão presentes e de modo bastante enérgico na repressão aos justos movimentos sindicais de reivindicação de professores, estudantes e servidores públicos nos últimos meses no Rio.

Segundo a Agência Brasil de Comunicação (EBC), o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, lamentou o episódio: “Lamentavelmente, o Paço Imperial, que estava impecável, foi pichado por vândalos. Nada contra festas e celebrações, mas isso é um crime contra o patrimônio histórico brasileiro. Para que a sociedade não arque com essa conta, solicitei ao IPHAN que cobre a restauração dos organizadores do evento”. Ainda de acordo com a notícia, o ministro conversou com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, sobre as providências cabíveis para identificação e punição dos responsáveis.

O Jornal O Globo informou que o IPHAN não foi avisado pela Prefeitura do Rio de Janeiro sobre o tal evento e o Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para investigar o ocorrido. A reportagem também informou que os skatistas realizaram um ato abraçando o Paço Imperial no dia 09 de setembro e prometeram se responsabilizar pela limpeza da área. “Infelizmente, essa foi à última festa na Praça Quinze, e vamos trabalhar para conscientizar os responsáveis pelas pichações sobre a importância do respeito que temos pela história do Paço e do skate no local”, disse um dos organizadores do evento.

Esperamos que todas as providências, tanto de limpeza quanto às judiciais, sejam realmente realizadas e que o patrimônio histórico brasileiro não fique mais a mercê de vândalos que desconhecem a importância histórica do local.

Fachada do Paço Imperial pichada. Foto: internet

Paço Imperial e a Biblioteca Paulo Santos

O Paço foi inaugurado em 1743 após dez anos de construção, sendo inicialmente usado como Casa dos Governadores (1743-1763) e Palácio dos Vice-Reis (1763-1808). Com a chegada da Corte de Dom João VI, ao Rio de Janeiro, tornou-se Paço Real (1808-1822) e sede dos governos do Reinado e do Império (1822-1890).

Após a Proclamação da República, em 1889, abrigou a Agência Central dos Correios e Telégrafos (1890-1982). Restaurado na década de 1980, este passou a ser o Centro Cultural Paço Imperial com exposições de arte contemporânea, eventos como peças de teatro, concertos musicais, seminários e conferências, possui também uma biblioteca, a Biblioteca Paulo Santos. Embora a edificação tenha passado ao longo destes anos por várias ampliações e reformas, o estilo predominante é o colonial em sua arquitetura e é um dos marcos da cidade do Rio de Janeiro.

A Biblioteca Paulo Santos, inaugurada em 1993, tem sua origem no acervo produzido e acumulado pelo arquiteto e historiador Paulo Ferreira Santos que doou, em 1984, à antiga Fundação Nacional Pró-Memória, atual IPHAN. Paulo Santos foi um importante estudioso da arquitetura luso-brasileira, criou e atuou como docente da disciplina “Arquitetura no Brasil”, em curso de graduação da faculdade de arquitetura no Brasil. Paulo Santos doou, além do material bibliográfico, também seu acervo documental com cerca de cinquenta mil páginas composto por correspondências, mapas, fichas de aula, recortes de jornal e fotografias.

Encontra-se para consulta apenas a coleção da biblioteca (livros, obras de referência, periódicos, catálogos, teses e folhetos) que é especializada nas seguintes áreas: arquitetura e urbanismo, artes plásticas, história do Brasil e do Rio de Janeiro, história de Portugal, história da arte, engenharia e construção. A Biblioteca Paulo Santos faz parte da Rede de Bibliotecas de Arte do Rio de Janeiro (REDARTE). O horário de funcionamento é as segundas, quartas e sextas-feiras, das 11h às 16h e seu catálogo encontra-se disponível na internet (clique aqui para acessar).

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