Segundo o autor, a sociedade do período tido como estável e pacífico passava, na verdade, por turbilhão de mudanças

Os anos vertiginosos de Philipp Blom. Páginas: 602 Preço: R$ 70,00 Grupo Editorial Record/Editora: Record

Os anos vertiginosos de Philipp Blom. Páginas: 602
Preço: R$ 70,00. Grupo Editorial Record/Editora: Record

Otimismo, paz, estabilidade social, evolução cultural… Os anos da chamada Belle Époque, que antecederam o começo da Primeira Guerra Mundial, em 1914, costumam ser representados com estas características em filmes e livros de ficção. Uma ideia talvez cultivada pelo distanciamento e, claro, pela comparação ao período complicado que veio depois. A calmaria antes da tempestade.  Mas para quem viveu ali, de 1900 a 1914, sem nenhuma noção do que vinha pela frente, tudo parecia bem diferente, garante o autor Philipp Blom.

Em “Os anos vertiginosos”, Blom narra as transformações pelas quais a sociedade passava no início do século XX. Era o fim das certezas do século XIX, e as consequências políticas e sociais da Revolução Industrial já transformavam o mundo: as cidades cresciam como nunca à medida que as pessoas fugiam do campo, a ciência evoluía e a educação mudava perspectivas. A Exposição Universal em Paris em 1900, por exemplo, deu início a uma onda de expectativas pelo que viria no novo século. Em 1903, Marie Curie ganhava o Prêmio Nobel de Física pela descoberta do rádio.

“A Primeira Guerra não funcionou como elemento gerador, mas catalisador, forçando velhas estruturas a ruir mais rapidamente e novas identidades a se afirmar mais facilmente”, escreve Blom.

Para relatar os acontecimentos do período, o autor dedicou um capítulo a cada ano. As histórias têm como cenário, na maioria dos casos, os países que desempenhavam os principais papéis na Europa naquele período: França, Rússia, Grã-Bretanha e Alemanha. Os assuntos vão de ciência a cultura, arte a política, passando pelos costumes sociais.

Um dos temas preponderantes, aliás, é a mudança na relação entre homens e mulheres, “uma das mais profundas da época”, segundo o autor. O motivo: pela primeira vez na história, as mulheres europeias recebiam educação em massa e passavam a reivindicar seus direitos, inclusive o do voto. No capítulo dedicado a 1908, Blom relata uma manifestação histórica do movimento sufragista britânico, por exemplo.

Se tudo isso parece ainda bem atual, não é por acaso: para o autor, o período de 1900 a 1914 guarda muitas semelhanças com a contemporaneidade, especialmente no que diz respeito às angústias em relação ao futuro: “Tal como agora, as conversas e artigos de jornal eram dominados pelas rápidas mudanças tecnológicas, a globalização, as tecnologias de comunicação e as mudanças do tecido social; tal como agora, as culturas do consumo de massa imprimiam sua marca; tal como agora, era esmagadora a sensação de estar vivendo num mundo em aceleração rápida para o desconhecido”.

Philipp Blom nasceu em Hamburgo e formou-se em história em Viena e Oxford. É tradutor literário, editor, jornalista e radialista. Também é autor de “Ter e manter” e “Más companhias”.

Comentários

Comentários