Por Aida Alves, do Correio do Minho | Adaptação Chico de Paula
Sabia que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento? A resolução, aprovada no passado dia 4 de dezembro de 2016, reconhece a importância do Turismo para “estimular a melhor compreensão entre os povos em todos os lugares, e conduz a uma maior consciência da herança de várias civilizações e a uma melhor apreciação dos valores inerentes de diferentes culturas, contribuindo assim para o fortalecimento da paz no mundo.”
Será que as bibliotecas contribuem para um desenvolvimento sustentável? À princípio pode parecer que não, mas vamos refletir em conjunto neste curto espaço.
Em 2002, a IFLA, preocupada com o tema do desenvolvimento sustentável, lançou a declaração Statement on Libraries and Sustainable Development que introduz o acesso à informação como fator preponderante para a promoção do desenvolvimento sustentável. Declara que todos os seres humanos têm o direito fundamental a um ambiente adequado à sua saúde e bem-estar. A declaração destaca ainda que os serviços da biblioteca devem promover o desenvolvimento sustentável e assegurar a liberdade de acesso à informação e ao conhecimento.
No congresso mundial da IFLA, em Lyon, em maio de 2014, foi elaborada a Declaração de Lyon, sobre o acesso à informação e desenvolvimento. Nesta declaração dá-se especial destaque ao papel importante das bibliotecas na sua missão educadora e social, proporcionando o acesso à informação e ao conhecimento, a toda a população, com maior impacto nas pessoas que social e economicamente estão menos favorecidas.
O desenvolvimento sustentável deve ocorrer numa estrutura baseada em direitos humanos, mediante a transmissão de competências, educação e inclusão de grupos marginalizados, incluindo mulheres, minorias, imigrantes, refugiados, pessoas com deficiência, idosos, crianças e jovens. O acesso equitativo à informação, liberdade de expressão, liberdade de associação e de reunião e à privacidade, são promovidos, protegidos e respeitados como sendo fundamentais para a independência do indivíduo. A participação pública de todos é assegurada pelas bibliotecas, locais onde se proporcionam por vezes ações que ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas.
A biblioteca alia-se a vários movimentos sociais e educativos a nível local, regional, nacional e mundial e mostra que não trabalha isolada, mas que é uma “biblioteca global”.
O aumento tendencial de maior acesso à informação, reforçado pela alfabetização universal obrigatória, é um pilar essencial para o desenvolvimento sustentável.
As bibliotecas na sua função social ajudam famílias mais desfavorecidas, através do empréstimo domiciliário gratuito, através de bancos de manuais escolares usados, através de ofertas de atividades educativas e formativas sem custos para o participante; oferta de atividades de extensão cultural de entrada livre. Tecem redes e protocolos com entidades que ajudam na distribuição de bens alimentares e outros bens necessários, como o Banco Alimentar, a Cruz Vermelha Portuguesa, a CERCI, a CARITAS, hospitais, centros de saúde, juntas de freguesia, entre outros. Promove sessões e disponibiliza espaços que proporcionam o bem-estar e a qualidade de vida dos seus utilizadores. As bibliotecas ajudam a promover contextos de aprendizagem ao longo da vida para todos, em igualdade de género, em colaboração com escolas, IPSS, associações sem fins lucrativos.
A Biblioteca também ajuda na implementação de políticas para promover o turismo sustentável local, promovendo informação sobre o património bibliográfico, destacando produtos locais através de exposições e feiras.
Apoia no acesso às tecnologias de informação e comunicação e empenha-se na disponibilização gratuita no acesso a equipamentos informáticos e à Internet. Desenvolve esforços para proteger e salvaguardar o património cultural local, nacional e mundial. Proporciona o acesso a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis, particularmente para pessoas idosas e pessoas com deficiência.
Contribui permanentemente para que nos espaços de reflexão que proporciona à comunidade, com vários agentes locais, aumentar a consciencialização sobre a proteção do ambiente, alterações climáticas, eficiência energética, espaços verdes, biodiversidade, saúde pública, direitos e liberdades fundamentais, serviços públicos, meio ambiente, oportunidades de trabalho que apoie às comunidades locais e pessoas para orientar o seu próprio desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável deve ocorrer numa estrutura baseada em direitos humanos e é nesse contexto no qual as bibliotecas foram criadas.
Intermediários da informação, como bibliotecas, arquivos, organizações da sociedade civil, e os meios de comunicação têm as habilidades e recursos para ajudar as instituições e indivíduos a comunicar, organizar, estruturar e compreender os dados que são fundamentais para o desenvolvimento.
Bibliotecas e outros intermediários da informação podem utilizar as TIC para reduzir a lacuna entre a política nacional e a implementação local para assegurar que os benefícios do desenvolvimento cheguem a todas as comunidades.