RIO – Com a proximidade do Carnaval os foliões começam a se preocupar com as fantasias, as alegorias, em que escola de samba ou blocos de rua desfilar. É tempo de alegria e diversão, e embalados pelas marchinhas de carnaval, a folia e o samba no pé ditam o ritmo e só não vai atrás quem já morreu.
Mas se engana quem acha que o carnaval é só folia. Ele também é uma fonte de pesquisa e estudos. Para comprovar isso, a Revista Biblioo foi até o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, para entrevistar Reinaldo Alves, bibliotecário recém formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que nos revelou como foi o processo de construção de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), intitulado: Não fomos catequizados, fizemos foi carnaval: desfile de escola de samba como ferramenta para a divulgação científica.
Reinaldo é um apaixonado por carnaval e isso foi um fator que o levou a pesquisar sobre esse tema, assim como todo estudante de graduação, estava em dúvida de qual tema abordar em sua monografia. A ideia inicial era fazer algo voltado para o Centro de Memória do Carnaval que é administrado pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA). Segundo ele, o centro é pouco estruturado e apresenta alguns problemas.
Mas através de sugestões de sua orientadora, do conhecimento de um enredo feito pela Escola de Samba Unidos da Tijuca em parceria com a Casa de Ciência da UFRJ, com objetivo de externar a ciência para a população, Reinaldo decidiu levar esse viés para dentro do universo da Biblioteconomia e acabou abordando o carnaval e o desfile das escolas de samba como uma ferramenta para a divulgação científica. Ele também fez um estudo de caso do desfile desse enredo e entrevistou via e-mail o diretor cultural da Unidos da Tijuca, que forneceu materiais para contribuir com a pesquisa.
O aprendizado adquirido com a elaboração da monografia despertou a vontade de Reinaldo em continuar pesquisando sobre o tema e aprofundar os estudos iniciados no mestrado e posteriormente no doutorado. ”O grande aprendizado que tive é que pretendo continuar fazendo trabalhos acadêmicos, fazer mestrado e doutorado e quem sabe virar pesquisador dentro da área”, ressalta ele.
Além de ser bibliotecário, Reinaldo é um amante do carnaval. Chega a filmar os desfiles que participa na Sapucaí, tendo um acervo com registros em VHS. Ele nos confessou que acompanha a Estação Primeira de Mangueira, desfila na Unidos de Vila Isabel e tem um carinho pela Portela. Foi cauteloso em arriscar um palpite sobre quem vai levar o título do carnaval desse ano. Para ele palpite mesmo só depois dos desfiles.
Nesse carnaval brinque bastante, caia na folia, mas também procure agregar algo para seu conhecimento; fique atento as abordagens dos enredos das escolas de samba e das marchinhas dos blocos; procure viajar nas histórias e fantasias da nossa realidade retratados através desse fenômeno chamado carnaval.