Ontem, às 12h, rolou no Café Literário da Bienal do Rio, um bate papo sobre a influência de Monteiro Lobato na literatura, bem como as diferentes etapas de sua escrita. Participaram da mesa Marisa Lajolo, Flavia Lins e Silva e Joel Rufino dos Santos, com mediação de Clarisse Fukelman, que iniciou nos lembrando que Lobato buscava na cultura Grega recursos para formar sua literatura.

A primeira parte da mesa trouxe Monteiro Lobato da perspectiva de autor e editor, pois uma vez desempenhando as duas funções ele tinha ao mesmo tempo um grande comprometimento com o aperfeiçoamento de suas obras como também uma visão de mercado muito apurada. Isso o fez ser lembrado como um autor sempre em construção, sempre reescrevendo e melhorando seus livros.

 

 

 

 

 

 

 


Tomei de La Fontaine o enredo e vesti-o à minha moda, ao sabor do meu capricho, crente como sou de que o capricho é o melhor dos figurinos. A mim me parecem boas e bem ajustadas ao fim […] (LOBATO, 1964, p.193)

Já na segunda parte do debate, foi discutido o caso mais polêmico que envolve a literatura de Lobato: o racismo e a proibição dos livros do autor como material paradidático nas escolas. Atentou-se para Lobato não só como autor, mas como um homem no contexto de uma sociedade, um indivíduo com direito a opiniões e ideologias. Suas obras trazem traços das influências que ele viveu durante os anos de 1930 a 1950, período marcado pela Segunda Guerra Mundial e pelas ideologias que foram difundidas durante ela, como é o exemplo da eugenia.

Criticou-se muito a iniciativa do governo em exigir uma nota explicativa em todas as obras do autor. Alertaram que essa “onda” de ser politicamente correto está prejudicando a formação de leitores críticos, uma vez que assim é ditado o caminho da interpretação que o leitor em formação deve trilhar, não permitindo que seja ele livre para construir sua própria interpretação da obra.

Monteiro Lobato, como escritor e como indivíduo dotado de opiniões, deve ser lido criticamente e contextualizado assim como toda leitura deve ser.

“Agora chegou minha vez. Negro também é gente, Sinhá…” (Tia Anastácia em Caçadas de Pedrinho)

Comentários

Comentários