Algumas bibliotecas públicas brasileiras ainda possuem problemas e dificuldades para automação dos acervos, produtos e serviços que são oferecidos ao público em geral. Com poucos recursos disponíveis para a resolução desses problemas, a saída encontrara por muitos bibliotecários é a utilização dos chamados software livres. Mas nem sempre estes atendem à necessidade das bibliotecas, pois grande parte deles é voltado a bibliotecas de pequeno porte, se adaptando de maneira mais eficiente a estas.

Com o intuito de criar uma política de apoio de software livres para a gestão da informação, o Instituto Brasileiro de Informação e Tecnologia (IBICT) adotou em setembro de 2015 o Koha, primeiro software código aberto do mundo e isento de licença proprietária. No último dia 06 de abril, o IBICT em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude (SNJ), lançou em Brasília a Biblioteca Digital da Juventude e juntamente com ela o Guia do Usuário Koha.

Guia do Usuário do Koha. Foto: Facebook

Na ocasião, Cecilía Leite, diretora do Instituto destacou a importância deste projeto em criar novos conhecimentos e atender os jovens brasileiros. “A entrega desses produtos significa o resultado já bastante consistente do projeto que vem sendo desenvolvido entre IBICT e SNJ, onde estamos organizando tudo que já foi produzido na área, criando novos conhecimentos, disponibilizando o que a secretária produz, para que possamos atender esse grande número de jovens que o nosso país detém”, disse Cecília.

Segundo Milton Shintaku , coordenador de Articulação, Geração e Aplicação de Tecnologia do IBICT e um dos responsáveis pelo Guia, a publicação é o primeiro documento deste tipo produzido para o sistema Koha. “O guia é o primeiro sistema completo de gestão de bibliotecas e centros de documentação em formato de software livre e aberto, e vem ocupar um espaço vago na literatura técnica, atendendo as necessidades dos usuários do Koha, registrando o conhecimento gerado pelo projeto na SNJ e servindo de base para usuários”, explicou Shintaku.

O que é o Koha?

O koha é o primeiro software livre de gestão de bibliotecas criado no ano de 2001 pela Biblioteca Horowhenua Library Trust da Nova Zelândia. Um método de gerenciamento digital de bibliotecas totalmente operado via internet, mantido por uma grande comunidade internacional e possui todos os recursos intercambiáveis da área, como o MARC21, o Protocolo Z39.50 e a ISO2709. No Brasil, o IBICT é o responsável em fornecer suporte técnico e também o Guia do Usuário que pode ser baixado ou retirado impresso na sede do IBICT, em Brasília.

No Libraires.org é possível ter acesso ao mapa de usuário do Koha em todo mundo. De acordo com o diretório, no Brasil existem três instituições que estão utilizando este Software: o Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Públicas de Juventude, localizado em Brasília; a Biblioteca Pública Municipal Manuel Bandeira, de São Bernado do Campo e o Colégio Pedro II, unidade de São Cristovão, no Rio de Janeiro.

Prefeitura de São Bernardo do Campo e Colégio Pedro II aderiram ao Koha

O bibliotecário Tiago Murakami foi um dos responsáveis em realizar a instalação e tradução do Koha nas secretarias de Cultura e Educação da Prefeitura de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Segundo ele, o processo foi positivo e demandou um grande volume de trabalho. Para se ter ideia do tamanho da empreitada, a tradução do Koha inteiro gerou mais de 90 mil linhas e a migração do acervo de 120 bibliotecas municipais com cerca de 100 mil registros e 400 mil exemplares.

Tiago Murakami, um dos responsáveis em realizar a instalação e tradução do Koha nas secretarias de Cultura e Educação da Prefeitura de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Foto: arquivo pessoal

“O resultado foi bem positivo e o que diferencia o Koha de outros softwares é que ele possui uma comunidade muito forte, e com isso, tem um desenvolvimento muito rápido, seja em relação à correção de erros, como também no desenvolvimento de novas funcionalidades”, explicou Murakami.

A unidade de São Cristovão do Colégio Pedro II formalizou a implantação do Koha em setembro de 2014 e no início de 2015 realizou a migração do acervo. A bibliotecária Márcia Feijão, que é coordenadora da Seção de Bibliotecas e Salas de Leitura do Colégio Pedro II, publicou um artigo na edição 48 da Biblioo revelando como foi o processo de capacitação do Koha, as dificuldades encontradas e compartilhando alguns aprendizados deste trabalho.

“O nosso trabalho despertou o interesse de algumas instituições públicas que sofrem as mesmas dificuldades e frequentemente respondo e-mails curiosos sobre o Koha e nosso projeto de implantação. O formato de uso do Koha no Colégio Pedro II é multicampi, com mais de vinte bases e o catálogo online encontra-se na intranet do Colégio, com o desejo de colocar num futuro breve na internet”, ressaltou Márcia.

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