Confira a segunda parte dos depoimentos em comemoração ao 12 de março, dia do bibliotecário.

A primeira parte você pode acessar aqui.

[hr style=”single”]

Como bibliotecária, posso dizer que sou realizada profissional e pessoalmente, tendo em vista que através da Biblioteconomia encontrei mais do que livros, papéis e informação, encontrei amigos, novos rumos para cumprir meu papel nessa sociedade e mais do que isso, encontrei um rumo para minha vida.

Trabalho como bibliotecária numa empresa de engenharia, no entanto, não abro mão de meus projetos sociais.
Sou criadora, idealizadora e coordenadora de dois projetos sociais:

1. Letras do Futuro – visa à implantação de bibliotecas comunitárias em locais caracterizados por vulnerabilidade social – já com duas bibliotecas implantadas;

2. Adote um Livro e Transforme-se – visa à distribuição de livros (arrecadados com amigos, instituições e outros) em locais de vulnerabilidade social – já na 6ª Edição e 1 ponto fixo.
Projetos esses que me fazem muito feliz e me mostram a cada dia o prazer de ser Bibliotecária!

(Grazielli Moraes – São Paulo)

[hr style=”single”]

Move-me o desejo de ver a comemoração de um 12 de março com essa mesma esperança de que a cada ano novos profissionais empreendedores e inovadores repensem suas práticas, em um cenário onde tantas mudanças são necessárias. Mudanças que exigem uma nova percepção e um novo olhar sobre quem somos e onde pretendemos chegar.

Não bastam mais apenas setores alocados em metros quadrados cercados de paredes pintadas, mobiliários e portas com mensagens visuais de proibido a entrada de pessoas não autorizadas. Esses espaços, com função social e pretensão de manter e guardar tantas informações registradas pela humanidade em seus acervos tradicionalmente abertos – ainda que muito(a)s prestem o desserviço de fechá-los – abrigam inúmeras estantes dimensionadas para quantos inventariados materiais indexados por assuntos? Classificações que ainda tentam referenciar sua localização física. E quanto aos suportes impressos desse acervo? Estes em suas páginas impressas entregues aos fatores ambientais à espera de mãos que os recuperem para o início da leitura de alguém? Quem? Usuários. Aqueles dos estudos teóricos ditos reais e potenciais, das necessidades de busca de um dos passos de um processo de referência tão relacionado a um mero balcão? Aqui transformados posteriormente em indicadores bibliométricos em busca de soluções de um problema?

Ou buscariam também o conforto, acolhimento, sinalização adequada e razões que os levam a reafirmar a função desses espaços chamados de bibliotecas?

A Biblioteconomia no Brasil vem deixando tardiamente de representar apenas um tecnicismo involuntário atrelado a paradigmas ultrapassados: aquele da biblioteca museu, do lugar de castigo, de um depósito de livros, ou daquele “balcão” de referência, quiçá dos estoques obsoletos e desatualizados de obras contaminadas por fungos em um acervo?

Passamos por uma era de transformações trazidas pela chamada Sociedade da Informação: capital informacional, inovações tecnológicas significativas e a exigência de alterações, mudanças, modificações nas práticas profissionais, na forma de gerir, no papel social das bibliotecas e principalmente nas novas demandas de usuários que deixam de ser apenas presenciais e agora também consomem informação em meio digital: as gerações Y e @ que nas últimas décadas vivem conectadas em busca de informações instantâneas, satisfeitas pelo ato de googlar na web.

Novos padrões de descrição surgem remodelando o foco, antes em suportes impressos, agora direcionados à usuários. Na formação de coleções, livros digitais são apresentados em diversos modelos de negócios que priorizam a seleção e o bolso de editores; repositórios vêm sendo criados de norte a sul do país reunindo a produção científica nacional e apontando novos rumos para a imaterialidade de suportes disponíveis em acesso aberto; horários de funcionamento, espaço físico e os concorridos guarda-volumes e suas chaves, agora dão lugar a um acervo online, medido em bytes e armazenado em senhas na nuvem; o que dizer dos eventos transformados em webninars, de um marketing pessoal e digital associado a bibliotecas em mídias sociais?

Tantas reflexões e discussões ainda poderiam ser apresentadas. No entanto, o que me motiva a escrever esse depoimento na comemoração de um dia 12 de março, continua sendo a esperança de que a cada ano, novos profissionais empreendedores e inovadores repensem suas práticas! Afinal, mudanças exigem uma nova percepção e um novo olhar sobre quem somos e onde pretendemos chegar.

(Jorge Luiz Cativo Alaúzo)

Comentários

Comentários