Quem nunca foi em uma biblioteca? Infelizmente essa pergunta encontrará respostas afirmativas, do tipo: “eu nunca fui!” ou “até já entrei, mas só para conhecer o prédio…” As bibliotecas não são novidades dentro das sociedades, mas são preteridas em algumas, sendo vistas apenas como local para visitação, devido à imponência de alguns prédios que abrigam importantes bibliotecas – Biblioteca Nacional do Brasil, por exemplo.
A importância das bibliotecas se faz perceber há muitos e muitos anos. Desde os tempos imemoriais, as informações que eram produzidas pelo ser humano foram guardadas em plataformas minerais. Tempos depois, as plataformas passaram a ser de origem vegetal e depois da revolução tecnológica (embora haja as plataformas de origem vegetal), as informações passaram a ser armazenadas em plataformas digitais.
A biblioteca sempre foi vista como local estratégico de uma nação, reino, sociedade. Nos tempos das guerras entre reinos e/ou sociedades que mais parecem com os atuais Estados nacionais, depois de uma invasão de território, a biblioteca do local era incendiada pelos invasores, apagando assim a importância que aquela sociedade tinha representada em seus registros.
A sociedade/Estado nacional que teve sua importante biblioteca incendiada foi Alexandria. Até hoje se fala do grande e misterioso incêndio que destruiu essa importante biblioteca da antiguidade.
A importância das bibliotecas permanece intacta, mesmo com o passar do tempo. No parágrafo acima, trouxe um brevíssimo relato sobre o misterioso incêndio na grandiosa Biblioteca de Alexandria. Milênios depois, pelos idos de 1807-1808, a Biblioteca Real Portuguesa deixou suas instalações em Lisboa, atravessou o oceano Atlântico juntamente com a família real lusitana, e seus poucos súditos, na fuga do monarca português da dominação napoleônica.
Essa importante biblioteca deu origem à fundação da Biblioteca Nacional Brasileira. Muitos exemplares que vieram com a família real no início do século XIX permanecem na Biblioteca Nacional até os dias de hoje. Uma das representações significativas de que a coleção da Real Biblioteca Portuguesa tinha importância cultural e financeira foi a que Portugal cobrou ao Brasil uma indenização por conta de querer ficar com a coleção da biblioteca.
Lugar de importante valor histórico e econômico, a biblioteca guarda inúmeros instrumentos de informação, mas também grandiosos segredos. Ouvi certa feita que nos tempo da ditadura civil militar brasileira, muitos livros que eram considerados perigosos pelo regime foram “escondidos” na Biblioteca Nacional. Escondidos?! Sim, diversos livros foram ocultados das vistas dos sensores e salvos da destruição.
A técnica usada por bibliotecários comprometidos com a informação foi à seguinte: se os livros procurados pertenciam à classe 300 ou então 900 (ciências sociais, geografia e história – eram os mais caçados pela ditadura), eles eram classificados “erradamente” para não serem encontrados pelos sensores.
Até hoje alguns bibliotecários encontram livros “fora do lugar que deveriam estar”, não por uma questão de terem sido devolvidos à estante de forma errada, mas sim por que foram “escondidos” para que pudessem escapar de um fim trágico, devido uma ignorância ideológica.
Sendo assim, cuidado com as bibliotecas, caro(a) leitor(a). A mesma que pode descortinar um mundo novo através do conhecimento, também pode ocultar segredos de anos a fio.
Deste modo, é preciso ter profissionais dedicados ao trabalho, e não apenas ao trabalho, mas sobretudo a missão de levar a informação para quantos a desejam, não só desta geração, mas, criar mecanismo que vise a preservação e conservação dos suportes, para que outras geração possam desfrutar da mesma informação.
Como organismo vivo e em crescimento que é, a biblioteca precisa ser frequentada, utilizada, vivida. É preciso que os corredores das bibliotecas estejam cheios de gente, curiosos ávidos em descobrir coisas novas.
É triste ver uma biblioteca fechada, seja pela incompetência dos gestores públicos ou pela falta de interesse da maior parte da sociedade. Vida longa às bibliotecas, mas fique atento(a), cuidado com elas!