Ana Maria de Souza, de 85 anos, moradora da comunidade da Maré, morreu no último dia 10 de fevereiro de 2016, por causas naturais. Destacou-se no mundo das artes como: pintora, desenhista, atriz, cantora e poetiza. Participou recentimente da Flupp 2014 -Feira Literária das Periferias, na qual teve sua pintura ilustrando a capa da ultima coletânia, lançada em abril de 2015. Também participou do Projeto Maré Latina, o qual a ajudou no lançamento de seus 3 livros, na divulgação, e coquetel de lançamento na UFRJ, CEFET, Museu da Maré, entre outros lugares, tudo isso gratuitamente. No próximo mês de março Ana desejava lançar seu terceiro livro “Faces de Ana 3”, agora a responsabilidade fica para os parentes dela, em seguir ou não com a publicação do seu livro.
Mineira de Carangola, veio para o Rio de Janeiro trabalhar como doméstica e ajudar uma tia, que estava com o marido doente. Por décadas, trabalhou e morou em casa de família. Já ali, a inspiração a levava a criar. “Às vezes eu estava limpando e tinha alguma ideia. Parava para anotar um poema, pois às vezes a ideia foge”, conta. Aposentada por invalidez, se mudou para a Maré e iniciou o curso de pintura com a professora Lina Mello, e de teatro com o professor Paulo Mag, já falecido. Leia alguns de seus poemas:
Um poema não possui data,
É um momento, um passado,
Presente ou futuro, poeira de ouro.
Porém nasce uma fonte infinita de amor.
Toma forma e formas de vida e vidas
Aparece e se despede como uma estrela viajante
Ficando nas palavras o calor.
Voando através do tempo…
Quero-te um bem especial
Tu és minha irmã
Minha amiga informal
Tu és uma joia, um talismã
Para mim não é segredo
Sabes bem que és uma criatura forte
Possue toda força que Deus te deu
A pessoa é… Tu sabes…
O Brasil está de lutoO Brasil está de luto
Minas Gerais estremecida
Suas colinas, suas montanhas choram
Os pássaros voam num silêncio profundo
O céu límpido ilumina mais a Pátria
Clareando os templos eternos
Com sua chegada gloriosa do filho pródigo
Depois de uma Batalha vencida.
Ah! Mocidade, aproveita a vida tão bela
Ah! Mocidade, preparai o presente e o futuro
Explanando seus ideais
Abrindo as portas escancarando os portais
A natureza é vista sempre uma aquarela.