Aos 58 anos de idade Hugo Chávez perde a batalha contra o câncer e se retira da vida para entrar na história. A morte do presidente venezuelano é um alívio para as forças conservadoras e reacionárias existentes no mundo e porque não dizer um regozijo para a mídia brasileira.
A cobertura do Jornal da Globo da terça-feira (05/03) em relação a morte de Chávez foi fatídica, chega a ser vergonhoso a forma como o apresentador do jornal William Waack, acusado de ser um informante da CIA, traça o perfil do governo Chavista. Parafraseando a filósofa brasileira Marilena Chauí: “O que acho da mídia brasileira está abaixo de qualquer declaração em público, seria obsceno dizer em público o que penso da mídia brasileira”.
Mas qual será o motivo para a demonização de Chávez pelas forças conservadoras e reacionárias? Talvez a resposta para esse questionamento esteja na riqueza natural mais importante do mundo, o petróleo, na forma como Hugo Chávez conduziu seu governo alicerçado na doutrina bolivariana ou então porque o presidente venezuelano foi o primeiro a se preocupar com os pobres.
Segundo o governo dos Estados Unidos, Hugo Chávez era uma ameaça à democracia na América Latina. Rotulado como um ditador, Chávez adotou políticas sociais de grandes impactos, de acordo com o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, “Hugo Chávez é um demônio porque alfabetizou 2 milhões de venezuelanos que não sabiam ler nem escrever”.
Assim como no Brasil, a mídia privada venezuelana controla a maioria da audiência e rotineiramente lança ataques ao governo Chavista. Segundo o jornalista político Owen Jones, a “Venezuela é uma espécie engraçada de “ditadura”. A mídia venezuelana tem 90% de audiência rotineiramente […] e os venezuelanos votaram pela décima quinta vez desde que Hugo Chávez foi eleito pela primeira vez em 1999”.
Vale destacar que todas as eleições foram consideradas livres pelos organismos internacionais, a ponto de eleger o processo eleitoral na Venezuela como um dos melhores do mundo. Desde a vitória nas eleições de 1998 a pobreza foi reduzida e a economia estabilizada, o jornalista Jones aponta que “a pobreza extrema caiu de quase um quarto para 8,6% no ano passado; o desemprego reduziu-se pela metade; e o PIB per capita dobrou. Em vez de ter arruinado a economia – o que todos seus críticos alegam – a exportação de petróleo subiu de $14,4 bilhões para $60 bilhões em 2011, provendo fundos para ser gastos nos ambiciosos programas sociais de Chávez, as chamadas missiones”.
Quando o governo venezuelano se recusou a renovar a licença da emissora televisiva RCTV, a mídia brasileira acusou em alto e bom som Chávez de ditador. A concessão não foi renovada devido à emissora venezuelana ter participado de um golpe de estado fracassado em 2002, com duração 47 horas em que o presidente Hugo Chávez foi detido ilegalmente por militares. Essa situação é retratada no documentário: A revolução não vai ser televisionada
Cabe destacar que qualquer governo democrático não é obrigado a renovar as concessões públicas. No Brasil existem algumas discussões a respeito da regulação da mídia, mas quando qualquer tipo de debate é levantado o foco é logo voltado para alegação de censura.
Por fim, as palavras de Eduardo Galeano ficam para uma reflexão: “ao ler a notícia, deve-se traduzir tudo. O demonismo tem essa origem, para justificar a máquina diabólica da morte”.
Viva a Venezuela! Viva Chávez! Viva su pueblo!