Quando o assunto é o impacto dos smartphones no cotidiano, podemos fazer leituras das mais diversas, tanto sob um ponto de vista positivo quanto negativo. Como quase tudo na vida, essa moeda tem dois lados.
É inegável a transformação que os aparelhos multifuncionais ocasionaram em nosso dia-a-dia. Graças a eles, é possível resolver quase tudo em apenas um clique. No que toca as relações de bens e consumo, tais como a prestação de serviços, compra e venda online e a execução de atividades burocráticas, a praticidade é bem-vinda, principalmente nos centros urbanos, onde estar fisicamente nos lugares, em tempo hábil, vem se tornando tarefa árdua, com suas ruas e avenidas rotineiramente engarrafadas.
Além disso, por meio dos incríveis aparelhinhos, é possível obter informações em tempo real sobre praticamente tudo. Desde a previsão do tempo, a melhor rota para chegar ao destino desejado, até a indicação da padaria mais próxima. Tempos modernos…
Todos os dias, novos aplicativos e ferramentas para os dispositivos são desenvolvidos, para diversos fins, ampliando cada vez mais as formas e as possibilidades de uso. A sensação é que, para todas as dúvidas e situações, existe um aplicativo. Quanto aos exemplos citados no parágrafo anterior, que agem como verdadeiros facilitadores da vida moderna, não há muito do que se reclamar. A coisa muda quando a praticidade dos dispositivos alcança as relações interpessoais.
O aparelho celular, que antes oferecia as funções básicas de efetuar e receber chamadas ou, quando não se podia falar por voz, oferecia como alternativa o serviço de envio e recebimento de mensagens de texto, os obsoletos torpedos, incorporou ferramentas que ampliaram o alcance do diálogo e modificaram profundamente a forma com que as pessoas se comunicam e interagem umas com as outras.
Além disso, o conteúdo que antes era acessado somente via computador, agora está disponível 24 horas por dia, ao alcance das mãos, na tela dos smartphones. O resultado de tamanha evolução tecnológica não poderia ser diferente: as pessoas gastam muito mais tempo entretidas com a tecnologia, utilizando os seus celulares.
O assunto aqui levantado, muito pertinente, deu origem a inúmeros textos, estudos e discussões acaloradas. Ao abordar o tema, muitos fazem referência à época em que se sentava num restaurante, à mesa de um bar ou, até mesmo, na sala de casa e as pessoas conversavam, viviam aquele momento e interagiam umas com as outras, em contrapartida à “geração zumbi”, que faz uso exagerado dos smartphones a ponto de se desconectar completamente da realidade física. Esse espírito saudosista me chamou a atenção. Será que os queridos aparelhos excluíram de nós a opção de vivenciar o mundo real?
Os smartphones impactaram sim a vida moderna. Entretanto, antes do seu surgimento, já convivíamos com outras tecnologias que nos roubavam do tempo e do lugar onde de fato estávamos. O aparelho de TV é um bom exemplo, também muito criticado por sua capacidade quase hipnótica de sugar a atenção humana.
Diante de todas as distrações que as tecnologias proporcionam, o bom senso quanto ao uso, independentemente da natureza, do formato ou do suporte, é muito bem-vindo. Não se pode esquecer que o poder de decisão entre utilizar os aparatos ou não, assim como arbitrar os momentos e a frequência do uso, ainda é do sujeito que os possui. Dessa forma, cabe a cada um de nós a atenção para o uso adequado e, mais do que isso, consciente, das tecnologias.