No aposto quase extremo da maioria dos programas de pós-graduação da área de informação avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no último quadriênio, o Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus Marília (PPGCI/UNESP Marília), foi o único com nota seis (a nota máxima é sete), demonstrando que o programa não só atende, como ultrapassa os parâmetros e índices de excelência da área, ficando situado na faixa muito bom.
Para a coordenadora do programa, a professora Marta Lígia Pomim Valentim, o bom desempenho do PPGCI/UNESP na avaliação quadrienal da Capes se deve ao trabalho coletivo do seu corpo funcional (docentes, discentes e técnicos). Segundo ela, a média obtida, maior que a média da área, foi fator determinante para a consolidação do conceito 6. Nessa entrevista Valetim ressalta a contribuição dada pelos docentes e os discentes, por meio da produção científica, além das parcerias e convênios estabelecidos pelo PPGCI/UNESP que contribuíram para a sua internacionalização.
A coordenadora faz críticas à avaliação que, segundo ela, poderia desenvolver metodologias que possibilitem também a avaliação qualitativa. “Nessa perspectiva, seria muito importante que fossem desenvolvidas metodologias que contemplassem aspectos qualiquantitativos”, defende.
A que se deve o bom desempenho do PPGCI/UNESP na última avaliação quadrienal da Capes?
O bom desempenho do PPGCI/UNESP se deve ao trabalho coletivo do corpo docente, discente e técnico-administrativo. É muito importante que cada pessoa envolvida em um programa de pós-graduação perceba sua responsabilidade nesse processo. Isso requer uma postura colaborativa e alinhada aos objetivos do programa. Na última avaliação quadrienal, o PPGCI/UNESP consolidou o conceito 6 em virtude das ações voltadas à internacionalização.
Qual o quadro geral de produção do programa hoje: artigos, livros e/ou capítulos de livros publicados, eventos organizados etc.?
Em relação a produção científica do PPGCI/UNESP neste último quadriênio, a média obtida foi maior que a média da área, fator determinante para a consolidação do conceito 6. A produção qualificada abrangeu artigos em periódicos, livros, capítulos de livros, trabalhos completos em anais de eventos etc., tanto nacionais quanto internacionais. Vale destacar que tanto o corpo docente quanto o corpo discente contribuíram para obter uma média significativa no quadriênio.
Qual o quadro atual de alunos e professores e como estes têm contribuído para a boa avaliação do programa?
Atualmente o PPGCI congrega 26 docentes permanentes, 6 docentes colaboradores, 98 discentes de doutorado e 63 discentes de mestrado matriculados, e 5 servidores técnicos-administrativos. Os docentes e os discentes contribuem por meio da produção científica qualificada e, também, pelas parcerias e convênios estabelecidos, tanto no âmbito da inserção social, quanto em relação a internacionalização do PPGCI.
Como a senhora avalia o relatório da Capes no que se refere aos programas da área de informação? Ele condiz com a realidade?
O relatório é elaborado a partir de diretrizes e critérios estabelecidos no documento de área “comunicação e informação” que, por sua vez, enfoca as seguintes dimensões: proposta do programa; corpo docente; corpo discente, teses e dissertações; produção intelectual; e inserção social. No caso de os programas com conceito 6 e 7, há ainda a dimensão “internacionalização”. Nessa perspectiva, o relatório verifica e analisa as atividades desenvolvidas em cada uma dessas dimensões, atribuindo as notas. Ressalta-se que os critérios de avaliação aplicados em muitos quesitos são apenas quantitativos, ou seja, não se aplicam metodologias que possibilitem a avaliação qualitativa. Nessa perspectiva, seria muito importante que fossem desenvolvidas metodologias que contemplassem aspectos qualiquantitativos.
No que tange a se o relatório condiz com a realidade, vale lembrar que nesses dois últimos anos, as universidades públicas brasileiras sofreram com os cortes na área de Educação e, em consequência, os recursos sofreram reajustes, fator que impediu a realização de todas as ações planejadas para o quadriênio.
Sobre os cortes recentes na área da ciência. Eles podem prejudicar de alguma forma o desempenho dos programas da área de informação? Como?
Sem dúvida os cortes sofridos nas áreas de Educação, Ciência e Tecnologia prejudicarão o desempenho dos programas de pós-graduação de todas as áreas do conhecimento. Os programas dependem de recursos (bolsas) para viabilizarem a permanência e a dedicação dos estudantes; a vinda de professores visitantes para ministrarem disciplinas, proferirem conferências etc., dependem de recursos para a compra de passagem e hospedagem desses professores no período; a ida de professores dos programas para o exterior, idem; a implantação de ações programadas nos convênios e parcerias estabelecidos com instituições estrangeiras carecem de recursos para que possam ser viabilizadas; enfim, uma parcela significativa de atividades da pós-graduação necessita de recursos para que estas possam ser realizadas.