Já imaginou tornar uma das coisas que você mais gosta de fazer na vida – que é ler, indicar e falar sobre livros com outras pessoas – no seu principal ganha-pão ou, ao menos, numa importante fonte de renda? Ou, então, como forma de aprimorar seu trabalho atual e, assim,  além seguir formando leitores, ainda ajudar outras pessoas a enfrentarem problemas pessoais e mesmo doenças da vida moderna?!

Pois a biblioterapia – ciência criada na primeira metade do século passado e largamente utilizada nos Estados Unidos e em países da Europa – ganha cada vez mais adeptos no Brasil. Em fins de maio, nada menos do que 259 pessoas – principalmente bibliotecários, mas também psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, assistentes sociais, professores, livreiros e estudantes de Letras – deram um tempo em suas vidas para participar da Jornada da Biblioterapia, realizado totalmente online, para tentar compreender um pouco melhor o assunto e, quem sabe, ter ali novas possibilidades profissionais.

“Eu simplesmente adorei”, afirma a bibliotecária paulista Maria Cristina Ferreira, de São Bernardo do Campo, no ABC, que saiu convencida que os profissionais da área podem sim abrir para si novas oportunidades de trabalho. “A Biblioterapia pode, realmente, ajudar muito as pessoas, seja quando praticada em grupos ou em sessões individuais”, garante a bibliotecária catarinense Eva Seitz, de Florianópolis, que há duas décadas pratica Biblioterapia com doentes de um hospital público de Santa Catarina e até já defendeu tese de Mestrado com uma pesquisa sobre a experiência.

No evento transmitido pela internet  – que teve a participação da biblioterapeuta inglesa Ella Berthoud, uma das autores do livro Farmácia Literária (lançado no Brasil pela editora Verus) e da biblioterapeuta francesa radicada em Portugal Sandra Barão Nobre -, discutiu-se muito sobre a Biblioterapia Clássica e a Clínica.

Essa primeira parte da Jornada, organizada pela Fundação Observatório do Livro e da Leitura, é gratuita e ficará no ar, para livre acesso, até quinta-feira (08/06), às 19h. Pode ser acessada pelo site www.biblioterapia.org.br. Nesse mesmo dia, às 20h, terá início uma segunda etapa, aí sim um curso pago para quem quiser se aprofundar mais no assunto e se preparar para passar a atuar profissionalmente.

Além da Biblioterapia Clinica – com atendimento em consultório e que também pode ser aplicada em parceria com profissionais da área da Saúde – o biblioterapeuta pode atuar, profissionalmente, em hospitais, igrejas, escolas, presídios, empresas, instituições e, naturalmente, bibliotecas, sejam elas públicas, comunitárias, escolares, universitárias, de repartições ou de empresas.

“Esta é uma possibilidade concreta de transformar a vida pessoal e profissional, passando a fazer uma das coisas que mais gosta na vida, que é ler e falar sobre livros, e, ainda por cima, ser remunerado por isso”, diz o presidente da Fundação Observatório do Livro e da Leitura, Galeno Amorim. Ex-presidente da Biblioteca Nacional, o próprio Galeno fez Biblioterapia, como paciente, na década de 1990, quando ele e um grupo de profissionais liberais – médicos, jornalistas, publicitários, enfermeiros e até um promotor público – faziam terapia em grupo a partir da leitura de livros.

Depois disso, ele criaria e desenvolveria vários projetos de Biblioterapia com jovens e adolescentes em situação de risco e com idosos. Atualmente, mantém um projeto com 20 grupos de presos para quem “receita” livros de literatura e duas sessões em grupo por mês. “Funciona, mesmo”, garante o ex-presidiário e estudante de Direito da Universidade de Ribeirão Preto, Carlos Andrade, condenado por assalto à mão armada e tráfico, que chegava a ler, no cárcere, a cada mês, 24 novos livros. “Eu sou prova viva disso, mas não sou só eu…”

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