cordel_aedesPor Monica Bernardes, do Estadão.

RECIFE – Poesia e literatura. Foram estas as “armas” escolhidas pela educadora pernambucana Rivani Nasario para chamar a atenção dos alunos da Escola Municipal Mizael Montenegro Filho, no bairro de Casa Caiada, em Olinda, região metropolitana do Recife, para a importância do combate ao Aedes aegypti. Um cordel escrito pela pedagoga, que é diretora da unidade de ensino, está sendo usado nas salas de aula para mostrar, de maneira divertida, de fácil compreensão e com linguagem popular, a importância do engajamento da garotada na luta contra dengue, zika e chikungunya.

O Estado teve até agora 25.054 notificações só de dengue, um aumento de 155% em comparação com o mesmo período de 2015. Além disso, são investigadas 64 mortes pela doença. Foram notificados ainda 1.672 casos de bebês com microcefalia em Pernambuco – 215 foram confirmados e 67 teriam ligação com zika.

A ideia, afirma Rivani, nasceu da observação da necessidade de levar a informação de forma lúdica, aumentando as chances de integração de crianças e jovens. “Vimos muitas campanhas nos veículos de comunicação de massa, mas muitas vezes a linguagem usada acaba não atraindo este público em especial. E se tem uma coisa que eu aprendi, desde cedo, é que se você educar e conscientizar uma criança, um jovem, as chances de atingir grande parte do restante da família crescem bastante. Como já trabalho há anos com cordel, juntei o útil ao agradável.”

Etapas. O trabalho com os alunos começou na semana passada e será divido por etapas. Os 222 estudantes matriculados na unidade estão espalhados pelas séries iniciais do ensino fundamental (1.º ao 5.º ano) e têm em geral entre 6 e 11 anos de idade. A cada semana, o cordel será apresentado em uma turma, separadamente. “No primeiro momento, conto a história da literatura de cordel. Depois apresento o livreto que fala de dengue, zika e chikungunya. São 24 estrofes, mas com os alunos trabalho apenas sete”, diz a diretora. “A musicalidade, a poesia e a rima facilitam o aprendizado”, destaca a educadora.

A estudante Clara Silva, de 10 anos, aprovou a ideia. “Eu adorei. Foi divertido e a gente decorou rapidinho os cuidados que devemos ter para que o mosquito não se reproduza e provoque essas doenças ruins. Eu já tive dengue e fiquei com muita dor e febre”, comentou.

A segunda etapa será feita pelas professoras. Durante as aulas regulares, elas vão propor atividades que abordam o combate ao mosquito. Palavras cruzadas, pinturas, desenhos, construção de versos, escrita de frases e textos são algumas das sugestões. A definição vai depender da faixa etária dos estudantes.

Comentários

Comentários