O americano Museu de Artes do Bronx e o cubano Museu Nacional de Belas Artes de Havana anunciaram, nesta quarta-feira, que um grande intercâmbio de obras de suas coleções será realizado neste e no próximo ano, no que é considerada a troca mais vasta entre museus dos dois países em mais de 50 anos.
“O acordo é fruto de negociações curatoriais que começaram bem antes da recente reaproximação diplomática entre Estados Unidos e Cuba”, explicou Holly Block, diretora executiva do Museu do Bronx, que viaja para a ilha caribenha e acompanha o trabalho dos artistas locais há duas décadas.
Mais de 80 obras de arte, da década de 1960 até hoje, vão sair da coleção permanente do Bronx para serem expostas no Museu Nacional de Havana, de 21 de maio a 16 de agosto, coincidindo com a 12ª edição da Bienal de Havana. No outono de 2016, mais de 100 obras do acervo do museu cubano farão o caminho contrário e serão expostas no Museu do Bronx, que já conta com diversos trabalhos de artistas cubanos e de outros países latinos, além de africanos e asiáticos.
“Existem, é claro, grandes diferenças entre o Bronx e Havana, mas também há similaridades”, afirmou Block. “A ideia é fortalecer o fato de que o Museu Nacional é um museu muito local, que é o que nós somos, também”.
Grande parte da coleção de Havana já viajou anteriormente — a exposição mais notável foi no Museu de Belas Artes de Montreal, Canadá, em 2008, para o show “iCuba! Art and history from 1868 to today”.
Desde que os Estados Unidos impuseram o embargo comercial entre os dois países em 1960, muitas exibições de artes cubanas foram organizadas nos EUA, e peças de colecionadores privados americanos foram expostas em Cuba. Mas nunca houve um intercâmbio dessa escala entre os dois museus.
“Isso faz muito sentido para nós”, disse Corina Matamoros, curadora de arte contemporânea do Museu Nacional de Havana. “Nossos museus têm uma missão comum e uma visão comum sobre arte contemporânea, criada em contextos específicos da comunidade”.
As exibições deste e do próximo ano serão chamadas de “Wild noise” (ruído selvagem), numa referência à beleza caótica de espaços urbanos, baseada em uma passagem de poema de Victor Hugo. “Eu quero ser bem clara ao dizer que, por conta do isolamento que estamos sofrendo nos últimos 50 anos, realmente não acho que os Estados Unidos sabem muito sobre a arte cubana. Acho que essa arte, que vai dos anos 1960 até hoje, será uma revelação”, afirmou Matamoros, citando artistas locais como Antonia Eiríz Vásquez, Raúl Martínez e Alfredo Sosabravo.