Conheci o Chico tem 3 anos. Ele e o Targino. Foi a Ana Luiza que conectou a gente. A gente trabalhava juntas na Campanha Eu Quero Minha Biblioteca, onde Ana cuidava da comunicação com coração e técnica apuradíssima. Ela disse que via enorme conexão da gente com a Biblioo. Como sempre, acertou.

Desde então costuramos uma relação tecida pela palavra e a convicção de que é no miudinho das horas que devemos atuar para assegurar meios, recursos, estratégias, políticas públicas sustentáveis para assegurar leitura e escrita de qualidade para todus. E fomos além. A cada tema de artigo que propunha na outra linha o Chico, que seguiu sendo minha interlocução mais direta, acenava com entusiasmo. A cada novo artigo que entregava o Chico abraçava com carinho, confiança e convicção. Nunca vi o Chico ao vivo. E talvez o maior tempo que passamos juntus foi virtualmente na live para a qual ele me convidou para falar sobre o fim do prazo estabelecido pela Lei 12.244/10, que determinava a universalização das bibliotecas em escolas. Fechamos questão: garantia de direitos não tem prazo de validade. Sempre tive como certa a sua presença. Como um vizinho de mesa ou de porta.

O Chico sempre foi pessoa que flui como as melhores ideias. É imaterial. A presença do Chico sempre foi vibrante, presente, atenta, articuladora, generosa, cúmplice, amorosa, resistente, persistente. Eu demorei a processar quando soube da partida do Chico pelo Targino. Sempre acreditei que o Chico venceria. Ele também. Foi esse o tom de nossa última prosa pelo WhatsApp. Ele escreveu: “Acredito que teremos excelentes notícias nos próximos dias. Um grande abraço”.

Eu acredito no Chico. Eu sigo sentindo o Chico por perto. Ele é imaterial. Chico, eu prometo, toda a gente que você acolheu em rede também promete. Não haverá descanso até que o direito inalienável à palavra escrita, dita, lida, pensada, falada e em campo de ação pelos humanos direitos e pelos cuidados por todas as vidas não esteja em campo. Até que existam bibliotecas pulsantes de leituras e leitoris circulando com ideias fervilhando em cada canto desta terra invadida e pilhada.

Vamos rasgar os verbos que silenciam. Vamos conjugar os que nos colocam juntos e em ação em nome de vida digna e boa para todas as vidas. Vamos seguir junto de você, Targino, tecendo e fortalecendo o sonho que vocês sonharam juntos. Vida longa à Biblioo. Estaremos, como sempre, de mãos e corações dados com nosso grande Chico. Você, Chico. Com a gente. Sempre. Presente!

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