Desde os primórdios, o medo e a ansiedade são inerentes aos seres humanos que foram ajustando as suas escolhas conforme as possibilidades que se apresentavam, quer seja nos campos da caça, do abrigo, quer seja até mesmo em seus próprios erros. Isso condicionou a formação de sua capacidade teleológica enquanto único ser dotado de competência a reflexão. Em nosso país, devido à alta incidência de mortos e enfermos pelo Sars-CoV-2, enquanto agente responsável pela Covid-19, o desdobramento do medo e da incerteza é algo latente.
As possibilidades de escolhas muitas vezes são aniquiladas ao traçar um paralelo com outros países em padrão de desenvolvimento semelhante. Todavia, o viés diferenciador é o tratamento das questões sanitárias, que coloca o Brasil em patamar pífio, segundo estudos já realizados que demonstram países com número populacional similar e baixo índice de mortes. Nesse contexto a educação e a cultura também são transpassadas, assim como os seus agentes. E porque não pensar nas bibliotecas como canais de cooperação?
Tais unidades de informação também são intercruzadas de valores, e a apreensão também existe. No entanto, como canais formativos de construção de uma possível cidadania, a empreitada deve ser outra, a saber: fomentar a leitura e a reflexão dialética em um âmbito de participação coletiva. As bibliotecas têm o privilégio de alcançar vários setores da sociedade através de seus agentes: crianças, jovens, adultos, estudantes, professores, bibliotecários, pesquisadores, formadores de opinião e outros agentes que trabalham ou demandam desses loci.
Entender os seus limites e possibilidades em um âmbito coletivo de participação popular é um caminho necessário para a desneutralização dos vários condicionantes que emergem socialmente como algo dado. Eis aí o tão aclamado empoderamento que hoje em dia é muito falado, mas poucos sabem a sua real significância ao meio capitalista periférico no qual vivemos. Saber aproveitar os seus recursos na condição atual, significá-la e ressignificá-la, é um caminho urgente. Avancemos!