Estamos tendo manifestações populares em diversas regiões do país, a seleção brasileira de futebol foi campeã da Copa das Confederações e nós bibliotecários, o que temos a ver com isso? No meio do turbilhão das manifestações e dos gritos de indignação vindo das ruas, por que a classe bibliotecária, e principalmente o CRB, não estão se indignando com a demora da reabertura da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro (BPERJ)?

Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro e Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã). Foto: Divulgação

A BPERJ está fechada desde outubro de 2008 para obras de modernização, ou seja, ela está aproximadamente 5 anos e 9 meses de portas fechadas. Por outro lado, o estádio Mário Filho (Maracanã), fechou as suas portas em 2010 para obras de modernização. Ficou aproximadamente dois anos e nove meses com as portas fechadas. Qual obra que é mais complexa? A modernização de uma biblioteca pública ou de um estádio de futebol?

A Superintendente da Leitura e do Conhecimento da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Vera Saboya, afirmou em entrevista concedida a Revista Biblioo em março de 2012, que as obras ficariam prontas em dezembro do mesmo ano. De acordo com Saboya, “a Biblioteca Pública do Estado fica pronta agora em dezembro de 2012, toda modernizada, com mobiliário novo e novas funções, também: auditório, teatro, restaurante, cafeteria, laboratório de audiovisual, laboratório de gravação de música”.
No meio de palavras ao vento e promessas não cumpridas, a Biblioteca Pública carioca continua com suas portas fechadas. Muito pouco está sendo discutido pela classe e pelos órgãos representativos a respeito dessa questão.

Em uma conjuntura de manifestações nas ruas, iniciativas paralelas estão sendo criadas. Exemplos são os do Grupo de Pesquisa sobre Bibliotecas Públicas na Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e o III Fórum Brasileiro de Bibliotecas Públicas, organizado pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), durante o XXV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD). São ações que podem contribuir com discussões e debates efetivos em prol das bibliotecas públicas brasileiras.

Esperamos que essas iniciativas possam despertar a classe bibliotecária para juntos pressionarmos as autoridades em prol da reabertura do BPERJ. Para o CRB, uma grande fonte de inspiração seria o Movimento Abre Biblioteca, idealizado pela bibliotecária Soraia Magalhães, que lutou pela reabertura da Biblioteca Pública do Amazonas, logrando êxito. Iniciativas próprias já temos, então o que falta?

Pensando bem, o Edson Nery da Fonseca tem toda razão: “Não ser bibliotecário para silenciar diante de uma Biblioteca Nacional que é uma vergonha nacional, de bibliotecas estaduais caindo aos pedaços, de um comércio, indústria, estabelecimentos de ensino e instituições culturais inteiramente alheias às bibliotecas ou encarando-as como orgãos anciliares”.

 

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