Nagi é um belo rapaz que tem dois empregos: em um deles, ele é modelo vivo para jovens artistas plásticos; no outro, atua como dançarino e serviços gerais em uma casa noturna. Seu grande sonho é conseguir dinheiro suficiente para colocar seios e fazer plásticas que o tornem mais feminino. Segundo suas crenças, só assim ele seria capaz de conseguir que um rapaz o olhasse com desejo, e não com desprezo.

Todavia, Nagi não contava que se apaixonaria perdidamente pelo estudante Kaji, um dos alunos que utilizavam do seu serviço de modelo vivo. Choroso, Nagi lamentava para suas companheiras do clube noturno: “Kaji jamais olhará para mim.” Mas a vida tem suas surpresas e não foi isso o que aconteceu.

Croquis” (2015), mangá yaoi (conhecido também como BL – Boy’s Love, ou romance entre rapazes) assinado por Hinako Takanaga, artista com inúmeros trabalhos no gênero, conta histórias de garotos que escondem seus sentimentos por acreditarem que serão desprezados por aqueles que amam.

A montanha-russa emocional que leva a caravana é o romance entre Nagi e Kaji, o modelo-vivo e o aluno de artes. Com cenas quentes (conhecidas como “lemon”, envolvendo relacionamentos sexuais explícitos e sem censura), o mangá não é apelativo e consegue elaborar romances bem açucarados, daquele tipo em que você lança a pergunta para o personagem inseguro no meio da leitura: “Ô, você não está vendo que ele também está a fim, que ele está interessado em você?”.

Além da trama que dá título ao mangá, o leitor esbarra com “Do Meu Primeiro Amor” e “Um Desejo Para a Estrela”, envolvendo a situação de outros casais, formados nos primeiros anos do colegial.

O trabalho é voltado para o público maior de dezoito anos, especificamente por trazer cenas de envolvimento sexual de forma clara, sem eufemismos. Na história “Croquis”, por exemplo, há abordagens sobre mudança de sexo e do trabalho noturno de travestis e drag queens. Em “Do Meu Primeiro Amor”, brotam os romances descobertos anos mais tarde, surgidos secretamente ainda no colégio. Nessa trama, especificamente, existe uma cena que me incomodou bastante e que eu retiraria, sem a menor hesitação, pois beira ao assédio sexual. O mangá termina com a doce “Um Desejo Para as Estrelas”, que traz o fetiche de um adolescente por um estudante mais velho, amigo de longa data.

Croquis é um trabalho divertido, 95% leve e fácil de ser lido, sem causar embaraços – salvo pela já mencionada cena da segunda história. Para quem, assim como eu, curte histórias de amor cheias de mel e açúcar – tente imaginar essa combinação –, esse mangá não decepciona.

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