Até parece uma brincadeira de muito mau gosto, ou até um filme de terror horrendo, mas não, estão tentando asfixiar a educação brasileira e de uma forma descarada, sem escrúpulos e com total falta de empatia e respeito. Não é nada agradável ter que falar mais uma vez do atual governo federal. São apenas quatro meses e meio de mandato, algo em torno de 135 dias, e já estamos enlouquecidos com tamanha maluquice e/ou medidas que beiram o autoritarismo.
Do chefe do executivo, passando por seus ministros, chegando nos seus filhos (que de resto não fazem parte do governo) e findando em seu guru, o alto proclamado único filósofo brasileiro vivo, quando na verdade não passa de um astrólogo (nenhuma demérito aos astrólogos).
Todos os dias, sem exceção, lemos, ouvimos, assistimos um ato executivo, uma fala ministerial, celeumas criadas e alimentadas no seio do próprio governo. Acredito que eu já tenha mencionado isso aqui: o governo do atual presidente não precisa de oposição, não precisa de inimigo, pois para ele, e aqui me valho do título de um filme, “O inimigo mora ao lado!”
Com toda essa gama de coisas que saem do governo e implode o próprio, algumas medidas tomadas foram de uma infelicidade sem tamanho. Não estou falando das escaramuças entre os olavistas x militares, nem das ideias estapafúrdia da ministra da mulher, família e cidadania, não! Aqui venho falar da já tão sofrida, preterida, mal investida educação brasileira, que não obstante os inúmeros ataques que recebe amiúde, agora levou uma saraivada da pessoa que fora escolhido para cuidar dela.
Em nome de “economizar” dinheiro público para não ultrapassar o teto constitucional, o pseudo governo federal lançou uma série de medidas ditas emergenciais. Podendo cortar nos espaços que sua caneta BIC alcança ao ser lançada, ou seja, o mundo que o cerca (assessores, asseclas, o próprio salário, as mordomias, o cartão corporativos etc.), o dito presidente da república, assessorado pelo todo poderoso ministro da economia, lançou suas garras afiadas e moldadas por interesses externos, nos mais pobres (vide o projeto que foi apresentado ao congresso para a nova previdência), e a massa estudantil nacional, desde o ensino básico até a pós-graduação.
Não é novidade para nós brasileiros que a educação seja a primeira a perder investimentos em tempos de crise econômica. Isso se dá pelo fato do nosso país tratá-la como mercadoria, e não como investimento. O Brasil enquanto Estado nacional soberano, está bem longe de ter um sistema educacional que se mereça respeitar internacionalmente. Todavia, os estudantes brasileiros, bem como os profissionais que atuam na área, sempre souberam driblar as investidas governamentais contra a educação pública, laica e de qualidade.
Diferentes governos trataram a educação como algo dispendioso e sem um retorno significativo para a sociedade. É de se esperar que quem proclama tais discursos passe muito longe de uma instituição de ensino neste país. É sempre fácil falar quando não se sabe fazer! Os cortes do atual governo na educação já beiravam a casa dos 5 bilhões de reais até final de abril.
Nos primeiros dias de maio, qual não foi à surpresa, o ministério da educação anunciou o corte de verbas para três universidades federais, a saber: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Perguntado sobre o motivo pelo qual essas três instituições foram alvos do corte, o ministério (na pessoa do seu mandatário) limitou-se a responder que o corte se dava pelo fato de que o rendimento das instituições não está satisfatório, e por haver balbúrdia nos campus universitários.
Só não conhecendo o presidente que 57 milhões de pessoas votaram para acreditar que essa iniciativa não se trata de um revanchismo contra as instituições. Deixe-me explicar: há alguns anos, mais precisamente em setembro de 2011, o então deputado federal Jair Bolsonaro foi convidado para participar de um debate nas instalações da Universidade Federal Fluminense em Niterói.
Estando com a fala, Bolsonaro começou o seu discurso de ódio às ditas minorias e a proclamar falácias ao microfone, sendo a principal delas o famigerado Kit Gay. A palestra não pôde ir até o fim, porque pessoas inconformadas com a fala do parlamentar começaram a gritar palavras de ordem, deixando o clima tenso. Ao receber o certificado de participação, o deputado o rasgou na frente de todos que estavam na sala, gerando mais confusão e gritaria.
Algo semelhante ocorreu na Universidade Federal da Bahia, só que desta vez sem a presença do presidente. Em um evento nessa Universidade, houve manifestações contrárias ao então deputado, devido seu discurso de ódio, preconceito e ar de superioridade.
No último ano, à Universidade de Brasília promoveu um debate no período eleitoral. O convidado foi o então adversário de Bolsonaro no segundo turno, Fernando Hadadd. Houve um maciço apoio à candidatura de Haddad por parte da comunidade estudantil, algo que foi interpretado muito mal por quem agora está sentado na cadeira presidencial do Brasil.
Assim como foi feito com o fiscal do IBAMA que multou Jair por estar pescando em área de proteção ambiental permanente, ou seja: o fiscal foi exonerado do cargo de chefe de fiscalização e a multa aplicada ao infrator foi extinta pela instituição. Parece-me ser umas das moções da medida que cortou verbas das três instituições supracitadas. O revanchismo é bem peculiar a quem tem a covardia como princípio de vida!
Você pode estar se perguntando se eu ignoro que a medida dos cortes não se restringiu apenas à UnB, à UFBA e à UFF e eu vos digo: de modo algum eu ignoro esse fato, mas quero deixar “essas munições” para eu usar contra o governo em uma próxima oportunidade. Por ora era caro abordar o assunto do revanchismo desde senhor e sua falange, bem como constatar mais um flagrante ataque contra à educação neste país.
Enquanto bibliotecário atuante na área, eu não posso me calar frente a tudo o que vem acontecendo no Brasil desde o dia primeiro de janeiro último. A biblioteconomia e a educação caminham juntas há séculos e um ataque a uma fere consequentemente a outra. A educação é o caminho para que países possam vencer as desigualdades geradas pelas disputas que os humanos insistem em travar contra seus semelhantes.
Com a educação não se gasta dinheiro, se investe no futuro de uma sociedade fraterna, justa e igualitária. Se estão ceifando a educação de forma tão covarde e vil, imaginemo-nos nós, bibliotecários, o que farão quando souberem que organizamos à informação e podemos usá-la para que a verdade sobre os fatos tornam-se públicos…
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