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Antes de declarar amor aos livros, é preciso dar atenção à política deste segmento

Quando participei da elaboração do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca de São Paulo (PMLLB/SP), os segmentos que mais apresentaram resistência de participar do processo foi o das editoras e entidades representativas do livro.

A Liga Brasileira de Editores (Libre), através do então presidente, Haroldo Ceravolo, foi a única entidade do livro como negócio que participou ativamente da confecção do documento e dos movimentos que o viabilizaram.

O PMLLLB de São Paulo foi aprovado, sancionado pelo, à época, prefeito Fernando Haddad e transformado na lei n º 16.333 no ano de 2015. Depois disso foi esquecido e logo depois empastelado pelo combo Doria/Sturm (prefeito e secretário de Cultura, respectivamente).

As entidades representativas e editoras do negócio livro, sobretudo as mais poderosas, que desde sempre exerceram forte pressão no seio do Estado, se ausentaram tanto na elaboração do PMLLLB como no seu sepultamento.

Não há livro, nem mercado, nem formação de leitores (não necessariamente nessa ordem) sem uma política do livro e leitura. Essa máxima foi dita, reafirmada e repisada em vários segmentos da produção (de conteúdo e fabril) e da militância e foi sonoramente ignorada por um mercado que só enxergava o Estado como a estrada de escoamento de sua produção.

Nesse momento, no qual as trevas chegam acompanhadas do ultraliberalismo, o mercado do livro reclama união sem ter feito a lição de casa. A política é também a arte de negociar desequilíbrios. O que fazer quando a política foi reduzida historicamente a um jogo de interesses imediatista e mercantil?

É nesse sentido que vejo os lamento de Schwarcz e Herz da vida (coloco genericamente por serem referencias ruidosas), com muitas ressalvas. Digo isso não por desprezo às editoras e livrarias e suas histórias. A crítica se dirige ao pensamento imediatista e despolitizante que emitiu em diversos momentos da historia recente. Sinais de inviabilidade, insustentabilidade e de tragédia anunciada.

A conta veio.

Seria preciso antes de declarar amor aos livros, dar atenção e carinho à política do livro e leitura, tão tripudiada e desprezada em um momento histórico recente. Foi perdida uma grande oportunidade de somar os esforços e poder de pressão dos vários segmentos, o que representaria maior capacidade de luta nesse momento de grande adversidade política e econômica.

Para repensar o passado recente e o possível futuro.

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