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Acervos Digitais e Direitos Autorais: discutindo o acesso no contexto nacional e internacional
06/11/2015 | 9:30 - 12:00
Do site direitorio.fgv.br.
O desenvolvimento das tecnologias digitais trouxe possibilidades inéditas de conservação e pulverização informacional para as mais diversas áreas produtoras de conteúdo. As memórias de instituições como as bibliotecas são especialmente contempladas por estas novidades tecnológicas.
A digitalização dos acervos destes locais permite que identidades e memórias sejam conservadas em plataformas digitais, bem como permite que o conteúdo digitalizado seja divulgado de maneira a atingir um público bastante ampliado, antes limitado por barreiras geográficas.
Porém, existem obstáculos para que a digitalização das bibliotecas possa ocorrer, como a questão da tecnologia a ser utilizada, políticas institucionais, financiamento e, o assunto a ser debatido no presente evento: obstáculos estabelecidos legalmente que dificultam a digitalização dos acervos – e, em alguns casos, impossibilitam esta ação totalmente tanto no cenário nacional quanto internacional.
A Lei de Direitos Autorais brasileira (Lei no 9.610/98) traz em seu artigo 46 limitações ao exercício dos direitos autorais. Nota-se que em nenhum dos incisos está contemplada a possibilidade de cópia de obras bibliográficas para fins de conservação de acervos literários. Da mesma forma, falta no cenário internacional normativas que orientem esta prática. Ainda, tem-se que mesmo as obras que estão em domínio público podem encontrar em políticas institucionais camadas adicionais de limitações à digitalização e acesso.
A Declaração de Lyon sobre Acesso à Informação e Desenvolvimento elaborada pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) é uma importante manifestação no sentido de apoiar o acesso à informação por parte da sociedade, bem como de reconhecer a importância do papel dos intermediários da informação, como as bibliotecas.
Assim, torna-se essencial refletir de que forma a lei autoral, em sua futura reforma, deveria abarcar a questão que ampare tanto o acesso quanto a digitalização, sendo possível elencar como pontos de discussão: as limitações relativas à cópia para preservação, obras órfãs, possibilidade de reprodução para empréstimo com fins de pesquisa, limitação de responsabilidade para funcionários das instituições, possibilidade de usufruir das limitações e exceções mesmo que isto envolva violação de mecanismos DRM, nulidade dos contratos que excluem limitações aos direitos autorais e direito de tradução em algumas hipóteses.
Por fim, para além da reflexão, é imprescindível a construção de uma rede de atores interessados, organizados em torno da questão dos limites da lei de direitos autorais para bibliotecas e mobilizados para impulsionar uma reforma condizente com os anseios da sociedade.
Os Convidados:
- Marcos Alves de Souza (Diretor de direitos intelectuais da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura – MinC)
- Stuart Hamilton (Director, Policy & Advocacy at the International Federation of Library Associations and Institutions – IFLA)
- Christina de Castell (Manager, Policy & Advocacy at the International Federation of Library Associations and Institutions – IFLA)
- Cristiana Gonzalez (Presidente da Comissão Brasileira de Direitos Autorais e Acesso Aberto – FEBAB)
Realização:
- Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio)
- IFLA – Seção da América Latina e Caribe
Programação:
9h30 – Abertura
9h45 – Primeira mesa – O contexto internacional: conjuntura e transformações
– Christina de Castell
– Stuart Hamilton
10h25 – Debate
10h55 – Intervalo
11h15 – Segunda mesa – Os acervos no contexto da lei brasileira de direitos autorais: impedimentos e oportunidades
– Marcos Alves de Souza
– Cristiana Gonzalez
11h55 – Debate
Inscreva-se
Local:
Sede FGV. Praia de Botafogo, 190. Auditório 908.