Aparentemente simples história de um pobre sapateiro, Max Kutner, que foge para o Brasil em busca de novos ares e novas oportunidades, não é tão simples assim. Tudo começa quando descobrimos que Max usa uma identidade falsa (o que já se poderia esperar, considerando que todo mundo usava identidade falsa na época da guerra) e em seguida, tão logo chega ao Brasil, é “convidado” a colaborar com a nação traduzindo as muitas cartas que chegavam ao nosso país escritasem iídiche. Semopção, Max vê-se às voltas com o governo Vargas e membro colaborador da polícia.
Traduzindo a troca de cartas entre Hannah e sua irmã, Guita (em Buenos Aires), Max acaba se apaixonando por ela e decide que precisa encontrá-la. Começa, assim, a nova trajetória de vida do pobre coitado. Flertando com o thriller, o autor causa reviravoltas surpreendentes ao final de cada capítulo, além de pincelar sua narrativa com ótimas frases (de sua autoria e de outros autores também) e pensamentos, que nos fazem querer sublinhar o livro todo.
A trama é bem conduzida, os personagens são fortes. Mas o mais impressionante de tudo é a pesquisa histórica que Ronaldo fez para ambientar sua história. É só ler o livro para saber que ele não poupou esforços para buscar as informações necessárias, estivessem elas em português ou em iídiche.
E o que falar do verdadeiro final do livro? Wow!
Eis uma bela obra, que fotografa o Rio de Janeiro de uma época que muitos de nós não vivemos para observar, mas que por ter sido como foi, nos coloca onde estamos. Me surpreende, entretanto, que o gênero literatura histórica não seja mais recorrente em nosso país. Quero dizer, com exceção dos best-sellers 1808, 1822 e Saga Brasileira (e estes, a meu ver, não são tão romances assim), poucos títulos podemos citar neste quesito. Sinceramente, espero que “Traduzindo Hannah” estimule nossos escritores a voltarem sua atenção à nossa própria história, que é rica e precisa ser contada!
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