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Seis livros que ainda podem ser incluídos na sua lista de Natal

Fim de ano é época de listas de todos os tipos: resoluções de ano novo, saudades, realizações, presentes e livros. Livros lidos, livros para ler, livros para comprar, livros para conhecer, livros para doar. A campanha “Neste Natal, dê livros de presente” tem tudo a ver com bibliotecários e profissionais comprometidos com a leitura. Então, fizemos uma listinha.

Como existe todo tipo de pessoa e todo tipo de livro, certamente haverá um livro que é excelente presente para cada um que você ama, ou para você mesmo. O bibliotecário indiano Ranganathan já dizia: “para cada leitor, o seu livro”.

E isso tem se mostrado pertinente ao longo da minha vida. Quanto mais conheço as pessoas, mais fácil é achar o livro para elas. Quanto mais conhecemos livros, mais fácil é pensar em alguém pra cada um deles.

Eu acredito no encontro com o seu livro, que é mais possível do que amores eternos. Até quem acha que odeia livros ou que jamais leria um, pode encontrar o seu.

Mas como não conheço cada um de vocês ou quem vocês amam, a lista conta apenas com algumas seleções que sejam diferentes das listas que andam por aí, ou das listas de mais lidos e/ou mais vendidos.

Ninguém gosta de listas muito extensas e impossíveis de cumprir (e de ler), então fiz uma lista curtinha, na onda das listas possíveis para 2019. Seja para ler, seja para presentear, seja para descobrir que existe, espero que aproveitem as dicas.

Insubmissas lágrimas de mulheres (Malê, 2016), Conceição Evaristo

Porquê: quando mulheres ouvem ou contam histórias sobre si e entre si, elas se conhecem melhor – a si e umas às outras. Quando homens ouvem/lêem histórias de mulheres sobre mulheres, passam também a se entender (afinal, vieram de uma) e a entender um pouco mais as realidades dessas mulheres, respeitá-las um pouco mais.

O texto deste livro é um belo percurso de uma personagem-narradora que conhece 13 mulheres, encontra-as, visita-as e ouve suas histórias, nos fazendo ouvir através de seus ouvidos, nos fazendo perceber e sentir essas dores contadas. Possui o diferencial de ser lido como livro de contos ou como romance, e as histórias são tão reais e intensas que fica difícil acreditar que sejam ficção. Doem, mas dão esperanças.

“Eles” – Vagner Amaro

Porquê: quem tem amigos que gostam de livros tem um grande dilema: achar um livro que possa agradar e que a pessoa ainda não tenha. Bom, com essa dica, a chance de errar no presente dando algo repetido é menor, já que o livro mal saiu da gráfica.

Recém lançado, o livro do bibliotecário e editor da Malê, Vagner Amaro, não faz concessões. Segundo o autor, os personagens são o que são: nem heróis, nem vilões, não salvam e nem são salvos. Como contraste às discussões atuais sobre feminilidade, aqui o assunto instigado é a masculinidade, em suas variadas formas de ser e sentir, cobrar e ser cobrado, e como atinge os outros ao seu redor e são atingidos por uma sociedade machista.

É um livro de contos, o que dribla o mito da falta de tempo para ler ou de ausência de concentração e memória para ler um livro inteiro.

Para quem: homens e mulheres que se interessam por uma literatura com fortes marcas de realidade. Adultos, de preferência. Pessoas que acham que não têm tempo para ler. Pessoas interessadas em ver outros ângulos de histórias já conhecidas.

As férias fantásticas de Lili (Ciclo Contínuo, 2018), Livia Natália

Porquê: apesar de ser categorizado como infantil, pode ser muito interessante para qualquer adulto, pois é uma leitura com muitas referências culturais pouco conhecidas, de orixás e lendas de matrizes africanas. A personagem principal, Lili, viaja, como muitos de nós fazíamos quando crianças, por lugares tão inacreditáveis que diferenciar imaginação e realidade é difícil.

Quantas vezes não sonhamos tão forte que pareceu real e quantas vezes não estivemos tão felizes que pareceu sonho? Real ou sonho, as viagens de Lili são verdadeiramente fantásticas, como indica o título. Já a redação na volta à escola, dilema comum de tantas crianças, já não é tão simples.

Para quem: para crianças imaginativas e para as que precisam de incentivo, ou para adultos que mantém um erê vivo dentro de si.

Eles eram muitos cavalos (Bestbolso, 2010), Luiz Ruffato

Porquê: um livro incomum é sempre instigante. Capítulos de variados tamanhos (Ou contos? Ou histórias? Ou mini romances?) nos fazem passear pela cidade de São Paulo, por um dia inteiro, como se a sobrevoássemos, mas também como se fizéssemos parte dela.

Por um momento somos observadores e no outro estamos caminhando pelas ruas e sendo surpreendidos. Registros de cotidianos que parecem insignificantes, em especial para a literatura, mas que nos tocam profundamente. Uma lista de compras na geladeira, uma janela semi-aberta. Um telefonema.

A história não é linear e embora pareçam muitas histórias, é uma, e o personagem principal é a cidade. Mas são muitas ao mesmo tempo, também. A forma e a estrutura são bem diferentes do que normalmente encontramos na literatura.

Para quem: quem gosta de ser surpreendido. Para amigos que gostam do incomum, do que é fora dos padrões, da ousadia em todas as formas, em especial na literatura.

A filha perdida (Intrínseca, 2016), Elena Ferrante

Porquê: livro incomum, mas não na forma e estrutura. Essa narrativa é muito inusitada, cheia de surpresas e comportamentos inesperados. Quando parece que começamos a conhecer a personagem principal, percebemos que não.

Como na vida real, as pessoas possuem muitas camadas e muitos segredos. Um olhar diferente sobre a maternidade e sobre poder ser quem se é. Um livro sobre o inesperado, vínculos estranhos e suas consequências.

Para quem: quem está cansado de ler histórias em que todas as mulheres se parecem. Para os que gostam de surpresas e um pouco de suspense.

 

Carolina (em HQ) (Veneta, 2016)- Sirlene Barbosa e João Pinheiro

Porquê: o formato quadrinhos é capaz de encantar adultos e crianças. É o tipo de leitura capaz de seduzir do leitor mais voraz ao mais preguiçoso. Não é sério demais, nem fútil demais. Tem temas relevantes, personagens interessantes e um pouco de história, além de apresentar uma escritora brasileira relevante e pouco conhecida.

A vida não é mais a mesma depois de conhecer Carolina Maria de Jesus, biografada nessa obra. Uma biografia em quadrinhos também é algo bem diferente.

Para quem: curiosas e curiosos em geral, amantes de literatura brasileira, admiradores de quadrinhos; quem estuda as áreas humanas e sociais ou literaturas; quem desconhece realidades sociais diferentes das suas.

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