Sorria, você possivelmente já foi registrado pagando algum mico também num almoço, falando uma besteirinha numa festa e, nessas horas, nem pensa o quanto estamos vulneráveis a exposição alheia. Afinal, como se proteger de fofocas? Como evitar que ex-parceiros ou desafetos destruam nossa imagem?
Se achamos uma barbárie os julgamentos feitos pelos narcotraficantes nos seus pequenos feudos, porque então rimos, julgamos e ajudamos na avacalhação da vergonha alheia? Boatos, com histórias negativas, são sempre mais gostosos de espalhar, pior que nos regimes ditatoriais mais perversos, reputações e pessoas são julgadas na internet a todo o momento.
Como regra de ouro, ultimamente, eu só exponho aquilo que eu diria em rede nacional, afinal, na web seu público pode ser maior que o horário nobre de um canal famoso!
Como um alerta sobre os perigos das informações que são divulgadas de forma irresponsável ou impulsiva no ambiente online, relacionei dois casos reais de usuários que possivelmente não pensaram nas conseqüências antes de postar.
Caso 1
Em junho de 2005, uma jovem universitária passeia com seu cão tranquilamente no transporte público. No país onde ela vive, os cães são aceitos naturalmente, porém, esquecendo as boas maneiras, o cachorrinho soltou seus dejetos no chão do vagão do metrô de Seul. Como a moça não fez a menor menção de limpar a sujeira, outros passageiros começaram a reclamar… Ela berrou um “dane-se” e tudo poderia acabar como mais um ato de falta de educação, porém, alguém filmou e postou na rede e isso mudou tudo na vida da universitária.
Resultado: em questão de dias, a estudante começou a ser reconhecida na rua por conta de seu cachorro e também da bolsa (seu rosto estava parcialmente coberto no vídeo). O assunto ultrapassou fronteiras, chegando a ser noticia no EUA e aqui. O passado dela foi todo divulgado na internet, assim como o de sua família, e em fóruns de discussão a “Dog Poop Girl”, como ficou conhecida, virou alvo de ataques. Pessoas fizeram protesto em frente a sua casa, e por conta disso, ela acabou abandonando a faculdade…
Caso 2
Maria Clara, estudante de nutrição do RJ, num dia de ousadia e piração, resolveu fazer um sanduíche diferente, gravou um vídeo e colocou na rede… No vídeo, a garota passava os ingredientes de um sanduíche no órgão genital e se masturbava, depois comia o sanduíche. A internet parou, o assunto foi o top dos trending topics mundiais durante horas…
Resultado: Tudo bem! O vídeo foi sem noção, despertou nojo em uns, riso em outros e, nos pervertidos, até excitação. Foi uma correria de gente querendo ver o vídeo antes de ser censurado (eu recebi DOIS telefonemas de amigos querendo o link). O assunto não é o que a garota fez, se certo ou errado… O fato é que descobriram até o número do telefone residencial dela, e a vida da menina virou um inferno. A família (pai e mãe) receberam inúmeros trotes de gente que não tem mais o que fazer, com conversas sendo gravadas e colocadas no youtube. A casa foi pichada, gente perseguindo, conhecidos rindo…
Como escreveu muito bem uma blogueira: “É muito engraçado rir de uma menina seminua e meio pirada que fez um vídeo pornográfico de livre vontade, não é mesmo? Chama os amigos, espalha pros milhares de seguidores, faça paródia, ria, ria e ria. ‘kkk’ ‘ahuahua’. Esculhambe com a vida dela, afinal é mais uma desconhecida que gravou o vídeo porque quis, que se dane se ela tem pai, mãe e , se os tem, problema deles ‘que não a criaram direito’. Ela gravou o vídeo não gravou? Então vamos compartilhar e rir. Tem um monte de vídeo de gringa e todos riem… Me pergunto se as pessoas perderam a sensibilidade, se a euforia do impacto em ver um conteúdo e exclamar ‘gente, eu nunca achei que fosse ver uma coisa dessas!’ anestesia as pessoas de tal maneira que elas se tornam insensíveis. Incapazes de parar e pensar na falta de dignidade a qual a garota se submeteu e ter algum – qualquer um – sentimento para preservar ela ou mesmo os seus próprios seguidores. Que nada.”
O fato de alguém ter errado, não o torna um vilão mundial… Acho que temos coisas melhores para informar uns aos outros, ou será que não? O que você achou dos casos? Comente!
“Aprenda com os erros dos outros. Você não consegue viver tempo suficiente para cometer todos por si mesmo.”
(Eleanor Roosevelt)
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