Após o governo anunciar no final de abril cortes no orçamento das universidades da ordem de R$ 1,6 bilhões (depois estendido ao ensino básico), professores, estudantes, técnicos, pesquisadores etc. deram a resposta nas ruas e promoveram os maiores atos já vistos no país desde as jornadas de junho de 2013. Como consequência, o governo informou que estava liberando os valores bloqueados, medida que tem sido considerada por especialistas como uma manobra do para simular uma repatriação da quantia.
“O governo fez um corte que não contou para ninguém, em 2 de maio, de mais R$ 1,6 bilhão, além dos R$ 5,8 bilhões anunciados em março. Eles fizeram esse bloqueio preventivo sem anúncio. Em 22 de maio, quando saiu o relatório bimestral, que avalia o que está acontecendo com as receitas e despesas como um todo, eles viram que não era necessário fazer esse bloqueio extra de R$ 1,6 bilhões e devolveram esse valor. O corte está mantido, não houve recuo. O governo usou isso, na minha opinião, para tentar esvaziar as manifestações contra os cortes”, afirmou Esther Dwek, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao site Brasil Atual.
Some-se a isso o fato de nesta semana a Advocacia Geral da União (AGU) ter pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para a realização de operações policiais em universidades públicas e privadas com a justificativa de “coibir o viés ideológico” de professores em ambientes públicos. Para os estudantes essas são situações que indicam ameaças à autonomia universitária e à liberdade de cátedra, o que os motivou a convocar novos atos para esta quinta-feira, 30 de maio, em todo o país.
“A educação segue sob ataque e por isso, a UNE [União Nacional dos Estudantes], universidades, institutos federais, escolas, públicas e privadas, estudantes, professores, trabalhadores seguem mobilizados para ir novamente às ruas no dia 30 de maio demonstrar sua indignação contra os cortes feitos na educação brasileira que ameaçam o funcionamento de todas universidades e institutos federais em todo o país”, diz UNE.
“Estive na Câmara dos Deputados em uma audiência pública na última semana para tentar argumentar com o ministro da Educação contra os cortes, mas ele se recusa a nos ouvir. Então será pelas ruas que ele vai ter que entender. No dia 15 levamos mais de dois milhões de pessoas para as ruas e o próximo dia 30 tem tudo para repetir esse público”, destacou a presidenta da instituição, Marianna Dias.
De acordo com a entidade, já são quase 150 atos confirmados em todo o Brasil e até fora do país. No Rio, por exemplo, o ato está marcado para as 18h na Candelária, embora diversas concentrações devam ocorrer desde cedo em diversos locais do Centro, como no Largo do São Francisco, onde estudantes, professores e técnicos da UFRJ vão realizar diversas atividades. Já em São Paulo os estudantes devem se encontrar no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, para promover o que têm chamado de “Tsunami da Educação”.
Comentários
Comentários