Os professores e servidores administrativos do município e da rede estadual do Rio de Janeiro fizeram, nesta terça-feira (05/03), uma paralisação de 24 horas. A categoria reali
zou uma manifestação em frente à Câmara dos Vereadores na Cinelândia, região central do Rio de Janeiro que trazia as reivindicações sobre o piso salarial de cinco salários mínimos para professores e três salários e meio para servidores administrativos das escolas, as condições de ensino, autonomia dos professores, entre outras.
Os professores e representantes do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ) também protestaram contra o jogo Banco Imobiliário, produzido pela Estrela e comprado pela prefeitura para ser distribuído nas escolas. Banco imobiliário é um jogo clássico de tabuleiro que foi adaptado para uma versão com geografia do Rio de Janeiro, em que as obras do prefeito Eduardo Paes são exaltadas. Foram adquiridos cerca de 20 mil jogos, com um investimento total de R$ 1.050.748 retirados da verba destinada à educação.
Frente a todos os problemas que pela Educação carioca e das necessidades urgentes que esta apresenta, os professores e funcionário tem ainda que lidar com a invasão das salas de aula pela campanha política do atual prefeito disfarçada de jogos de tabuleiro e, ainda, lidar com o fato de que a verba que poderia ser usada para solucionar parte dos problemas existentes foi aplicada nessa ação duvidosa da prefeitura.
Para entender melhor as reivindicações das classes supracitadas, a Revista Biblioo foi até a Cinelândia na tarde desta terça-feira e conversou com o professor de Língua Portuguesa da rede municipal e estadual, Marcelo Santana, que também é coordenador da capital do Sepe Central e Diretor da Regional 7 – Ilha do Governador.
Marcelo Santana: Primeiro estamos entrando a nossa campanha salarial tanto na rede Estadual quanto Municipal. Nossa pauta histórica que é o piso de cinco salários mínimos para professores, três salários mínimos para funcionários administrativos de escolas que são inspetores, serventes, merendeiras, agentes educadores.
R. T.: Quais são as condições de trabalho dos professores no Estado do Rio de Janeiro?
M. S.: São péssimas. Temos salas de aulas lotadas, na rede municipal e, além de salas lotadas, elas não são climatizadas, são muito quentes. Tem escolas que a fiação elétrica passa por debaixo das cadeiras dos alunos, com quadras esportivas esburacadas, sem alambrado de proteção e sem marcação. Revindicamos também a total perda da autonomia pedagógica: a rede municipal do Rio de Janeiro inventou uma indústria de provas que acaba engessando o trabalho do professor.
R. T.: Existe a preocupação nessa manifestação de se fazer uma mobilização nacional?
M. S.: Sim, inclusive vamos participar ainda hoje da Marcha em Defesa da Educação Pública justamente visando uma política nacional, que é uma política de meritocracia que somos totalmente contra, somos a favor da valorização do professor através da formação e do tempo de serviço, isso que reivindicamos há muito tempo.
R. T.: Qual a resposta do Governo e do Município do Rio de Janeiro em relação à mobilização de vocês? Eles têm sido sensíveis a luta de vocês?
M. S.: Não, eles não têm sido sensíveis, estão fazendo remoções de servidores arbitrariamente, os funcionários estão sendo retirados de suas escolas contra sua vontade. Não existe uma política clara de investimentos na educação e a quebra realmente da autonomia do professor: não temos autonomia para trabalhar, ou seguimos o jogo que tem que ser seguido pela direção da escola estipulado pela secretaria e pelas coordenadorias, se o professor não seguir esse jogo ele é retirado da escola. Então, não tem sensibilidade nenhuma, o nosso direito de votação que é garantido pelo estatuto está sendo totalmente desrespeitado pelos dois governos tanto o do Estado quanto o Município.
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