O que a madrugada não denuncia
Há algo entre nós
Que nos faz girar como barcos perdidos
Em uma tempestade oceânica
Como um vendaval destemido
Uma avalanche sem rosto
Um desfiladeiro omitido entre
Rotas de fuga
Fuga
A escapatória
O abismo
O lenço que enxuga depressa as gotas de suor da testa
As mãos contorcidas
A mala feita
Pedido de abandono não protocolado
A carne e o sangue
Os sonhos de imensidão da Pérsia
Os passos que não ficam no piso
A porcelana rachada
As fotografias degoladas
As camas desfeitas
O toque do sino
O dedo famélico da morte
Indicando a lápide certa
Para os amores que já não existem mais
Para o que havia entre nós
Uma memória sem dono
Fios desencapados
Lutas encerradas
Sonos eternizados
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