Do Época Negócios.
A demanda dos grupos de educação por conteúdo virtual tem obrigado as editoras de livros didáticos a repensar seu modelo de negócios. Para sobreviver, elas precisam adaptar os livros impressos para conteúdo digital. Mais do que um e-book, elas são cobradas para desenvolver materiais interativos e abastecer dispositivos tecnológicos, até mesmo os recém-chegados ao mercado, como os óculos de realidade virtual.
O grupo espanhol Santillana, dono no Brasil da editora Moderna, de materiais didáticos, lançou, no fim do ano passado, um serviço de conteúdo “on demand” para as escolas, batizado de “Smartlab”. “É uma solução ‘a la Netflix’, que fornece títulos complementares ao livro didático produzidos por diferentes parceiros nacionais e internacionais e renovados periodicamente”, explica Robson Lisboa, diretor de novos negócios do grupo Santillana.
Entre os parceiros estão, por exemplo, a enciclopédia Britannica e o Young Digital Planet. O custo da solução varia conforme o pacote, mas gira em torno de R$ 39,90 por aluno por mês. “Se a escola comprasse o material separadamente teria de pagar de cinco a dez vezes mais”, diz Lisboa. Segundo ele, o grupo administra o Smartlab como uma “startup” e um negócio separado da venda de livros didáticos impressos.
Pressionada pela era digital, a centenária Editora FTD mudou sua marca e se apresenta desde o ano passado como uma fornecedora de soluções para escolas – a FTD Educação. Além dos livros didáticos, o grupo fornece os chamados sistemas de ensino – um serviço de apoio didático com oferta de material didático e suporte tecnológico – para 400 escolas no Brasil. Há quatro anos a empresa tem um núcleo de desenvolvimento de conteúdo digital e fornece material online para as escolas que usam seus sistemas de ensino.
De acordo com o gerente de inovação e novos negócios da FTD, Fernando Fonseca Junior, a solução digital é complementar ao material físico. “As escolas demandam conteúdo digital em um pacote de ensino. Mas ele não se sustenta sozinho. As escolas ainda não compram esse material isoladamente”, explica.
Fonseca acredita que o modelo de negócios terá de ser alterado com a digitalização do conteúdo. “Hoje temos um fluxo de pagamento atrelado à entrega de livros didáticos, pode ser bimestral ou semestral. No futuro, vamos caminhar para um modelo de mensalidade. Mas o mercado precisa amadurecer antes”, avalia.
Em meio a esse movimento de digitalização de conteúdo, empresas de tecnologia enxergam um mercado no ramo de educação. O Google, por exemplo, tem um canal no YouTube com 13 mil horas de aula com curadoria da Fundação Lemann; um sistema de buscas voltados para conteúdo educacional; e uma ferramenta chamada de “Google para Educação”, que permite que os professores criem salas de aulas virtuais e compartilhem materiais com os alunos.
De acordo com Rodrigo Pimentel, diretor da plataforma do Google para Educação na América Latina, as soluções são gratuitas e o Google não pretende cobrar por elas. “A função do Google é organizar a informação da internet e estamos fazendo o mesmo para educação”, explica. A plataforma é integrada com outras soluções do Google, como o Drive, de armazenamento de dados, e o computador de baixo custo Chromebook – que usa o sistema operacional do Google -, e geram receita para a empresa.
Em outubro, a gigante de tecnologia começou a apresentar para escolas brasileiras o programa “Expedições”, que oferece um conteúdo de realidade virtual através de um óculos feito de papelão acoplado ao celular. Por meio dele, os alunos podem fazer uma visita virtual em diferentes museus e até no interior de uma pirâmide egípcia.
Outra empresa de tecnologia que estuda aplicações do seu negócio no ramo de educação é a Samsung. A companhia tem, por exemplo, aplicativos para organizar o conteúdo educacional acessado pelos tablets da marca. Uma das principais aplicações possíveis para seus óculos de realidade virtual, o Gear VR, cujo último modelo chegou ao Brasil em dezembro, é na sala de aula, explica o gerente sênior de Marketing de Produtos da Samsung, Renato Citrini. “O aluno poderá chegar a lugares que nunca imaginou com os óculos.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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