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E você, de que lado está? A perigosa polarização da política brasileira

Bolsonaro e Haddad são os símbolos da polarização na qual a política brasileira mergulhou. Foto: Arte/UOL

Inicio este texto confessando que nestes últimos dias eu tenho sentido medo, perplexidade, indignação, raiva, desesperança, pena… stou deveras enojado quando leio um comentário em alguma rede social, ou quando estou em companhia de pessoas que simplificam o processo e o sistema eleitoral brasileiro, em apenas dois lados, tal qual uma moeda.

Eu já escrevi vários textos que tem a política como assunto principal e que foram publicados aqui mesmo na Biblioo. Já disse inúmeras vezes que amo política (ciência), suas fórmulas, tratados, processos e arte.

E como podes imaginar, é extremamente desagradável para mim ver uma forma de organização da sociedade desenvolvida ao longo dos tempos ser reduzida em dois lados (apenas).

A campanha eleitoral de 2018 tem se mostrado extremamente agressiva, cheia de depoimentos preconceituosos, sectários e, acima de tudo, repleta de notícias falsas. Perdeu-se a noção do bom senso em meio às pessoas.

Justificam tudo, mesmo tendo provas cabais que sustentam a versão denunciada; sem o menor escrúpulo, produzem montagens com fotografias de personalidade do meio político. Em suma, estamos vivendo num país em ebulição por conta da eleição.

Voltado ao que eu discorria no primeiro parágrafo, a polarização da política em torno de duas figuras quase míticas, a saber, Lula e Bolsonaro, está levando discussões para todas as classes que compõe a sociedade, e que às vezes resultam em chateações sérias entre amigos e familiares.

É impressionante que, em pleno ano de 2018, pessoas ainda percam a paciência com outras, por uma questão de escolhas partidárias (que de resto duram apenas até o fim das eleições).

A falta de empatia generalizada, associada a discursos raivosos amplificados nas redes sociais, têm proporcionado um anticlímax na sociedade brasileira. Se eu voto em um, sou burro, se voto no outro, sou jumento, dentre outros “elogios” que surgem nas conversas. Se fosse até aí, eu poderia dizer que tudo bem. “É lá com eles!”. Mas não, isso interfere diretamente na minha e na sua vida enquanto cidadãos brasileiros!

O motivo da minha cólera por conta dos comentários que leio e conversas que ouço é que os eleitores do Lula/Haddad e do Bolsonaro fingem desconhecer que há no Brasil cerca de 35 partidos políticos e, de forma não comum nos nossos tempos, cerca de 11 candidatos(as) à presidência da República. É subestimar demais os outros partidos e candidatos, quando monopolizam o debate da campanha entre seus eleitores.

Apesar da polarização entre Bolsonaro e Haddad, existem outras opções na corrida eleitoral para presidente da República. Foto: Nelson Almeida/AFP

O país não suporta mais as ameaças, os dedos em riste, as acusações diárias de eleitores do Lula/Haddad e do Bolsonaro. Ambos são cegos, guiados pelas próprias paixões que cada líder suscitou em seus eleitores. Não fazem mea culpa, não admitem erros, dizem-se preparados para assumir o país. Entre os dois uma coisa em comum: amargam rejeições elevadíssimas e lados isolados da esfera política.

Nós não precisamos disso. Nós não queremos mais muros dividindo a sociedade brasileira, que de resto já é bastante dividida em classes sociais, raciais, regionais. Tirando Lula/Haddad e Bolsonaro, sobra-nos: Ciro Gomes, João Amoedo, Geraldo Alckmin, Marina Silva, Cabo Daciolo, Alvaro Dias, Henrique Meireles, José M. Eymael, Guilherme Boulos, João Goulart Filho e Vera Lúcia.

Salvo os apaixonados, que votarão sem pestanejar em uma das duas “entidades místicas” já citadas, pude perceber nas últimas semanas que um contingente significativo de pessoas votará no Haddad por aversão ao Bolsonaro, e votarão no Bolsonaro por aversão ao PT.

Ora, se temos tantos nomes que se colocaram como postulantes ao cargo maior da República, qual o problema das pessoas que farão votos de protestos contra um ou contra outro?!

Sinceramente, eu não quero imaginar que o que leva as pessoas a fazerem votos de protesto, seja uma má vontade em pesquisar sobre os outros candidatos. O que está em jogo é o futuro do nosso país.

Declaradamente eu não voto no PT (salvo raríssimas exceções e em segundo turno), pois não acredito que um mesmo partido possa ditar as regras do jogo, e nem que esse partido vá se emendar depois de tantos maus feitos. Definitivamente eu não voto no Bolsonaro, por tudo que és, por tudo que fala, por tudo que simboliza e emana.

É lamentável termos uma polarização raivosa, radical, cujo maior prejudicado será o Brasil (caso um dos dois lados vença esta eleição). Fiz o que eu sempre faço em campanhas eleitorais: li cada plano de governo (até de quem eu sabia que não iria votar); comparei projetos e programas; vi o que era viável e o que é fantasia eleitoral; busquei me informar sobre processos contra os candidatos em tramitação, sobre a vida pregressa de cada um(a)…

Fiz minha parte e já escolhi em que votar no próximo dia 7 de outubro próximo, e lhe garanto que não apertarei 13, nem tão pouco 17. E você, já escolheu de que lado vai ficar?

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