Não é de hoje que o debate sobre um conceito que represente o ethos de atuação da biblioteca. Aliás, os conceitos sobre biblioteca partem de práticas milenares, mas quase sempre apelando para o caráter conceitual vinculado à formação de acervos de modo sistematicamente organizados ou à formação de acervos sistematicamente organizados com a promoção de serviços para consulta e leitura (acesso e uso respectivamente).
Em que pese estes dois conceitos predominarem nos debates históricos sobre a biblioteca, cabe a pergunta: será que o conceito contemporâneo de biblioteca é, de fato, restrito a percepção de acervos e serviços? Penso, em primeira instância, que este conceito traduz a apropriação administrativa da biblioteca tornando-a centro burocrático e formal de “acesso controlado” da informação. Quando questiono estes conceitos não afirmo categoricamente que não representem (parcialmente) a biblioteca, mas, ao longo da história, a cultura que se idealizou em torno da biblioteca esqueceu de um fundamento principal: a representação humana.
Além da formação de acervo e promoção de serviços, a biblioteca, acima de tudo,é na contemporaneidadeum centro de formação e interação social constituído a partir de uma intencionalidade político-social por sujeitos humanos (profissionais especializados e não-especializados e uma comunidade plural de usuários) e sujeitos não-humanos (acervos/documentos/fontes, serviços/produtos e tecnologias físicas/digitais) que buscam produzir informação e conhecimento para aplicação em suas necessidades cotidianas.
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