O contexto contemporâneo caracteriza-se por ser marcado por um processo de transição paradigmática, ao nível social, cultural, econômico e político. A biblioteca, que tem como matéria prima a informação, encontra-se também no processo de revisão de conceitos, serviços, gestão e organização da informação. Com tantas (r)evoluções atingindo as mesmas, torna-se imperativo conhecer as diretrizes e normas que os organismos internacionais têm estabelecidos, nas últimas décadas, em torno das tecnologias de informação e comunicação, uma vez que estes são tidos como parâmetros para a gestão e funcionamento dos sistemas de informação.
Nesta edição, a primeira da série, abordarei sobre a Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), que dentre os organismos internacionais dedicados à nossa área é o mais importante. Fundada em Edimbrugo, na Escócia, em 1927, possui como membros associações, bibliotecas, instituições de pesquisa e ensino em mais de 150 países e parceria com instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a International Organization for Standardization (ISSO).
A IFLA está dividida por seções e grupos de interesse, de acordo com temática em foco, e muitas delas possuem blogs e fórum para discussão. As novidades da IFLA também podem ser acompanhadas pelas redes sociais, como facebook, linkedin e twitter e outras. Publica trimestralmente periódico IFLA JOURNAL, que permite acesso on line.
Publicações importantes
Em 2002 a IFLA publicou documento Manifesto da IFLA sobre a Internet, onde especifica que as bibliotecas devem ter uma política definida sobre a utilização da Internet e acentua o papel dos bibliotecários em promover e facilitar o acesso responsável à informação em rede de qualidade aos usuários. “É a base da democracia e está na essência do serviço bibliotecário”, informa o documento.
Visando complementar o referido documento, em 2007, foi publicada a declaração Internet and Children’s Library Services, tendo por base a Convenção dos Direitos da Criança, no princípio que as crianças devem ter liberdade de procurar, receber e transmitir informações e ideias de toda índole, especialmente aquelas que visam à promoção da sua saúde social, espiritual e moral do bem-estar físico e mental.
Para tanto, a declaração estabelece que as bibliotecas não devem usar a filtragem de Internet e sim ter uma política clara sobre o uso da web por crianças e jovens e esta deve ser comunicada aos pais e responsáveis. Isto não significa liberdade irrestrita, pois a biblioteca deve orientar e preparar seus usuários sobre o uso responsável da internet, trabalhando a educação para a mídia e atuar como mediador da informação, notadamente para as crianças. E ainda, conduzir-las para a navegação em torno da literatura.
Elaborado por Ivan Chew e publicado pela IFLA, em dezembro de 2008, o documento Web 2.0 and Library Services for Young Adults: an Introduction for librarians é dirigido para bibliotecários e tem o objetivo de fazê-los entender e decidir a melhor abordagem na utilização das mídias sociais como parte de seus serviços para jovens. O documento aborda sobre blogs, twitters, comunicação online, propriedade intelectual, redes sociais, edição de documentos, fotos e vídeos, podcasts, RSS, social bookmarking, wikis, mundos e personagens virtuais e, como incentivo, cita exemplos de bibliotecas que já usam esses serviços.
A Seção Information Literacy publicou, em 2006, o trabalho de Jesus Lau, titulado Guidelines on Information Literacy for Lifelong Learning, que fornece um quadro pragmático para bibliotecários interessados em iniciar um programa de literacia da informação dos usuários. Em 2007, de autoria de Forest Woody Horton, Jr e em parceria com a UNESCO, publicou Understanding Information Literacy: A Primer, projetado para formuladores de políticas públicas, executivos, administradores e sociedade civil, com explicações básicas sobre a literacia informacional.
O IFLA/UNESCO Manifesto for Digital Libraries foi publicado no ano passado e visa incentivar programas para serviços digitais em bibliotecas, como novos canais para acesso ao universo de conhecimento e informação, conectando culturas sem fronteiras geográficas e sociais.
Considera-se que os documentos publicados pela IFLA são de vanguarda e adequados para impulsionar os bibliotecários para o uso da internet e das ferramentas sociais da web 2.0 na promoção de novos serviços a seus usuários.
Na próxima edição abordarei a Americam Library Association – ALA!
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