Uma fanpage muito interessante é a intitulada “Arquivista da depressão”. É muito divertida e nos traz informações relevantes sobre fatos absurdos envolvendo a profissão. Para quem não está familiarizado, uma fanpage é uma página hospedada pelo Facebook no qual você tem a opção de “curtir’ para receber as postagens que se fizer nesta.É diferente de um grupo ou a página de perfil.
Esta fanpageque citamos possui um objetivo de entretenimento no sentido de postagens que podem trazer evidências da marginalização da profissão de arquivista na sociedade brasileira e, portanto, passível de nos causar (arquivistas) repugnância, porém com muito humor.
Há, na fanpage, charges, notícias concursos públicos para bibliotecários no qual as atribuições são de arquivistas e outros concursos para arquivistas que possuam “ensino médio”, um claro desconhecimento ao profissional de nível superior.
Mesmo os técnicos de arquivos existentes muitos o são por outros mecanismos que não a formação em algum curso técnico de nível médio já que desconheço cursos técnicos na área. O leitor poderá me informar.
Mas uma grande massa são os arquivistas que conseguiram enquadramento funcional na época da lei por trabalharem arquivando e desarquivando papéis em arquivos de protocolos para assim, terem vantagens de um cargo de nível superior. A mentalidade de “arquivismo” na profissão do “arquivista” é o que marginaliza tal profissão.
Há uma ilustração postada na fanpage muito cômica que fala de outros profissionais que trabalham em arquivo, atualmente, mas tem consciência que não o são. Quando da promulgação da Lei de regulamentação da profissão (Lei nº 6.546/1978), muitas pessoas que tinham esse perfil se utilizaram da prerrogativa que trabalhavam em arquivo (5 anos seguidos ou 10 intercalados) para terem registro de “arquivista”
O que seria “arquivismo”, caro leitor? Simples. O que nomeio como “arquivismo’ refere-se às práticas burocráticas e rotineiras de “arquivamento” e “desarquivamento” manuais típicas dos chamados “arquivos mortos” sem uma noção de planejamento integrado de gestão da informação através do famoso “ciclo vital”.
Desta maneira, o arquivismo não contribui para a alteração da visão de mundo que a sociedade possui. Corrobora para que seja normal, por exemplo, a visão que o arquivista tem de trabalhar em ambientes insalubres (fungos, bactérias, poeira etc.) e perigosos, travestidos de “sujos”.
As tarefas burocráticas existem em qualquer profissão. Porém, o que o leitor amigo tem de concordar comigo é lado desumano e cruel das condições de trabalho em ambientes “insalubres” de depósitos cujo ar está impregnado de partículas de sujidade em grandes proporções: poeira, fuligem, pó etc.
Além disso, há o perigo de acidentes que possam ocorrer em tais locais advindos de outros objetos perfurantes, cortantes e enferrujados que possam estar nesses ambientes.
De forma bem humorada aFanpage citada crítica e denuncia as condições ergonômicas de trabalho. Quantos arquivistas não estão com dor nas costas? Sempre ao conversarcom algum colega arquivista háreclamação sobre isso. Coincidência?
No serviço público federal, lócus no qual a profissão foi gestada e pensada como necessidade de o Estado brasileiro modernizar-se, a profissão ganha feições e contornos de acordo com o ministério no qual está vinculada.
Exemplificando-se: no ministério da Ciência e Tecnologia, um arquivista tem maiores remunerações (não só arquivista) e possibilidades de ascensão em carreira. Enquanto isso no Ministério da Educação a profissão é menos valorizada.
Uma amiga bibliotecária veio me dizendo sobre a Fanpage. Elasorriu para mim e eu sorri para ela porque a situação é trágica e cômica ao mesmo tempo.
Saudações arquivísticas!
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