Biblioo

A nova leitura e a nova (re)escrita

O processo de leitura e escrita tem forte relação com a história e com a cultura, influenciando e sendo influenciada pelas transformações que afetam a sociedade civil. Em época não muito remota, ao falar-se em leitura, vinha em mente os signos alfabéticos, livros e instituições como escola e biblioteca; hoje a leitura envolve uma multiplicidade de signos e de documentos, estando desvinculada de uma instituição específica. Lê-se vídeos, sites, textos, imagens, chat… Considera-se que a tecnologia de informação e comunicação, de maneira especial a web 2.0, pode expandir as oportunidades de leitura e escrita, e dessa maneira ser parceira do livro tradicional no incentivo a essas práticas.

As tecnologias sociais, por valorizarem o contributo coletivo, oportunizam aos leitores a leitura interativa e capacidade de expressão, sendo assim, instrumentos relevantes para aquisição de informações sobre o texto literário, interação entre leitores, livros e autores e, consequentemente, conduzem ao estímulo da prática da leitura e escrita. A web 2.0 oferece ainda maior motivação para a literatura devido à convergência de múltiplas linguagens e oportunidade de espaço para criação em torno do texto literário. As atividades colaborativas em torno da literatura envolvem ações, em que a pessoa precisa expor sobre sua leitura. Tal ato acarreta resultados positivos para todos os envolvidos, tanto para quem recebe a nova informação, que entra em contato com novos conhecimentos, experiências e interpretações, como, e ainda mais, para quem produz, pois tem a oportunidade de criar e expressar seu próprio conhecimento.

As imagens na vanguarda

O argumento fica mais intenso quando se trata de incentivo a leitura literária pelas crianças. Dessa maneira, deve-se utilizar o fascínio que elas têm pela sinergia entre os vários códigos e aliar ao texto literário como estratégia. O uso e a importância de imagens na literatura infantil, desde o primórdio, representam uma atitude de vanguarda, pois precedeu a era da convergência de linguagens, ao unir palavras e ilustrações com o objetivo de atrair e estimular a leitura, sensibilizar o leitor, além de adornar e enriquecer a estética literária.

A biblioteca escolar incumbida da responsabilidade de efetivar o gosto pela leitura trabalha agora em novo panorama; seu usuário potencial tem as tecnologias incorporadas de forma natural e imediata nas suas rotinas sociais, comunicativas, informacionais, educacionais e de lazer. Nesse sentido, percebe-se a necessidade desta instituição se aproximar dos seus utilizadores. Conhecer as estratégias que usam para criar, compartilhar, colecionar e organizar a informação, a forma como se comunicam e se socializam, assim como também, aceitar a maneira como aproveitam o ócio, é fundamental para a biblioteca manter-se presente e viva para seu público e para a sociedade em geral.

Biblioteca, leitores e literatura

Sugere-se que a biblioteca escolar deva ser o principal caminho de interação entre os leitores e destes com a literatura, tanto em texto impresso como no mundo digital e fazer a convergência entre essas pessoas e linguagens. Partilhar leituras deve ser encarado como uma maneira de incentivar a sua prática. Torna-se relevante conhecer as atividades que as crianças desenvolvem quando usam internet, pois assim as bibliotecas podem desenvolver estratégias mais eficientes no incentivo à leitura, mais próximas da realidade do seu público e proporcionando uma maior interação. Dessa forma, poderá resgatar também o leitor que se encontra disperso, conquistando dessa maneira a formação de novos utilizadores.

Com a constante presença da internet no cotidiano das crianças, considera-se que a biblioteca deve incluir nas atividades de leitura os sítios de livros digitais, visando trabalhar com os dois formatos: livros impressos e livros digitais. Além do que, a biblioteca pode utilizar sítios diversos relacionados com a literatura e outras expressões culturais para o incentivo à leitura literária, fazendo a ponte entre as diversas manifestações culturais. Ainda mais com a web 2.0 que possibilita maior dinamismo à leitura, pois permite ao leitor amplo espaço de atuação: ler, recriar e criar em cima do texto. O leitor, agora, além de mais ativo e autônomo, tem mais oportunidade de seleção, de criação e até de reinvenção do texto, nas mais variadas formas de expressão.

A biblioteca é o único espaço na escola onde as crianças e jovens tem liberdade de leitura e escrita, longe de avaliação, tarefas e testes.  Essa forma deve aproximar-se cada vez mais do seu usuário, de suas formas de leitura e escrita, de comunicação e partilha. Assim, nasce uma nova biblioteca escolar!

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