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7 dicas para as bibliotecas aproveitarem os próximos três meses do Big Brother Brasil

Participantes do BBB 2022. Foto: divulgação

Já começou o novo Big Brother Brasil (BBB) 2022! Uma das consequências deste fato é que ele provoca, invariavelmente, a volta o debate superficial sobre cultura dita erudita e entretenimento de massa. Começam os julgamentos e os esnobes que nunca assistiram uma edição do programa, mesmo que para criticá-lo.

Essa disputa narrativa já me cansou e gostaria de discutir com vocês outros elementos. Pra começo de conversa, BBB é sobre alcance, investimento, publicidade. É sobre quem pode te fazer aprender “batom de cereja” sem você nunca ter assistido um programa. É você ter na adolescência usado saia com meia listrada e sandália Melissa.

Este BBB tem deixado isso mais claro com o recorde de seguidores em segundos de exibição na TV durante o horário da tarde. Eles sabem que estamos assistindo aonde quer que estejamos. Eles é que mandam as notificações, são os bots deles que nos fazem perguntar quem é Jade Picon.

Outra coisa sobre o BBB é que a política chegou com força nesta edição. Já foram logo verificando as curtidas e posts. Um comportamento que vai ser difícil para os políticos, principalmnte os que mudaram de posição e partido quando deu merda.

Tá tudo gravado na nuvem para sempre. A fiscalização de contas parlamentares está no TikTok (@thiagohermanis) e você desprezando o bichinho porque você acha que lá só tem dancinha.

E BBB é sobre discurso, sobre o que vai estar na nossa boca durante o ano. É sobre o que vamos esquecer e sermos lembrados. O positivo de ter Linn da Quebrada é trazer de cara a discussão sobre as pessoas trans no Brasil. 11 anos desde Ariadna.

Em janeiro, no mês da visibilidade, no ano de eleição essa presença tem a possibilidade de trazer para a ponta da língua os discursos de Indiana Siqueira, João Neri, Jaqueline Gomes de Jesus, Taya Carneiro, Morgan Morgado, Lua Stabile, Maria Leo Araruna, João Roberto, Madu Krasny, Duda Salaberty, Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera.

As ausências também falam, pessoas indígenas e com deficiência, por exemplo, ainda não tiveram a oportunidade de disputar o espaço de discurso na maior emissora brasileira. Não tiveram a possibilidade de levar seu corpo para a discussão pública. Corpos não aquendáveis não são bem vindos nesse espaço.

Meu medo é que os robôs repitam 2019 e mesmo numa edição com muitas pessoas negras o racismo vença. Aqui vão algumas sugestões para as bibliotecas aproveitarem os próximos três meses de BBB:

1) Faça uma seleção de livros e dissemine para a sua comunidade com base nos perfis dos participantes;

2) Desminta fake news e desinformações sobre temas sociais levantados durante o programa;

3) Se os administradores contribuírem, divulguem os livros mais queridos dos participantes, pois eles costumam ser citados e até exibidos no dia a dia da Casa;

4) Não perca a oportunidade de divulgar o livro 1984 (que inspirou o programa), de George Orwell, e outras distopias sociais;

5) Resgate as obras dos participantes (muitas vezes divulgadas por eles próprios em seus perfis das redes sociais) e apresente para a comunidade, se possível traga um pesquisador para discutir a metodologia, resultados e limites;

6) Dissemine informações sobre autocuidado, alimentação e saúde mental (aproveite o exemplo dos brothers);

7) Utilize a trajetória dos brothers para levar exemplos positivos, se houver, para a sua comunidade.

E, por fim, não seja esnobe, valorize seus usuários e dissemine informações úteis. Não perca o hype por conta de uma pseudo intelectualidade.

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