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UNESCO lança guia para educadores abordarem “Teorias da conspiração”

As teorias da conspiração, que pode ser compreendida como: a crença que eventos estão sendo secretamente manipulados por forças poderosas com intenção negativa, estão nas mídias sociais, nas notícias, em conversas com familiares e amigos, em todos os lugares. Em pesquisa recente, o YouGov-Cambridge Globalism Project analisou as crenças das pessoas em diversas teorias da conspiração em 21 países, entre eles o Brasil, e revelou indicadores problemáticos relacionados a negação das mudanças climáticas, a pandemia e o suposto “controle secreto do mundo”.

Ainda que algumas teorias da conspiração sejam simplesmente engraçadas ou esquisitas – como dos terraplanistas ou dos que creem que os pássaros são drones espiões do governo –  outras podem tomar como alvo grupos de pessoas de determinada origem, religião ou orientação sexual, promover estereótipos racistas, antissemitas ou antimulçumanos; ou ainda reduzir a confianças em instituições públicas, normas democráticas e na ciência; ou então, vitimizar grupos e encorajá-los a recorrer a  violência por uma  suposta autodefesa. Teorias da conspiração formam a base de movimentos de ideologia extremistas e ações violentas e radicais.

O engajamento em teorias da conspiração pode ser motivado por vários fatores, a exemplo, da vulnerabilidade, isolamento ou alienação política e econômica das pessoas, ou ainda pela a sedução de explicações e narrativas simples ou populares. Este aliciamento, é amplificado por agenciamentos de atores políticos e grupos extremistas a partir das mídias sociais.

Disso a importância de construir conhecimento sobre o porque as pessoas acreditam nessas narrativas, bem como criar estratégias para preveni-las e combatê-las, seja em espaços formais de ensino e ou fora deles. Pensando nisso, a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –  lançou recentemente o “Addressing conspiracy theories: what teachers need to know”, em português, “Abordando as teorias da conspiração: o que os educadores precisam saber”,  um pequeno guia para educadores, com conceitos, dicas e boas práticas!

A UNESCO compreende que uma das melhores defesa contra as teorias da conspiração é o conhecimento dos educadores, que podem ajudar as pessoas a ficarem cientes das teorias da conspiração e seu apelo retórico. Professores e bibliotecários podem e devem ajudar seus alunos a adquirir habilidades para identificar e desmascarar as teorias da conspiração, mas essa tarefa não é fácil!

Tratar sobre teorias da conspiração com estudantes, exige que primeiro verifiquemos nossas próprias crenças e preconceitos, construamos práticas para limitar a disseminação de teorias da conspiração no dia a dia, nos preparemos e organizemos um ambiente seguro, respeitoso e com tempo suficiente para tratar o tema! A preparação implica em estudo das teorias da conspiração, seus argumentos, retóricas, ideologias envolvidas, abordagens para argumentação – que podem basear-se na lógica ou fatos – e regras para o diálogo, para que todos se sintam ouvidos e respeitados!

Teorias da conspiração são complexas e brincam com a psique humana e podem mudar visões de mundo inteiras. Para abordá-las e combatê-las os professores e bibliotecários precisam saber o que são, como elas causam danos e discuti-las com os alunos sem amplificá-las. Para isso, a UNESCO propõe algumas estratégias em sala de aula para lidar com estudantes seduzidos pelas teorias da conspiração, entre elas:

– Não constranja, ou ridicularize quem acredita em teorias da conspiração, uma abordagem agressiva traz o risco de perder automaticamente seus interlocutores;

– Afirme o pensamento crítico, e ofereça oportunidades de seus interlocutores analisar criticamente sua teoria;

– Mostre empatia, seus interlocutores podem alimentar suas crenças em razão de medos e angústias;

– Atue de maneira respeitosa e civilizada, deixe seus interlocutores falarem, não discorde abertamente ou imponha sanções, mas compartilhe informações precisas e argumentos de várias fontes;

– Não force, concentre-se em fatos e lógicas simples e deixe tempo para seus interlocutores processarem as novas informações e argumentos;

– Responda prontamente às teorias da conspiração odiosas ou discriminatórias

Com conhecimento e sensibilidade, professores e bibliotecários podem abordar os medos que levam as pessoas a acreditar em teorias da conspiração, sensibilizar para preconceitos e ideias que alimentam a conspiração, pensamentos e discursos de ódio, alertar sobre sua retórica e técnica e desmantelar sua lógica falha.

Conheça o guia!

Mobilize sua escola e biblioteca!

Mais sobre o Guia:

O Guia “Addressing conspiracy theories: what teachers need to know foi desenvolvido a partir da campanha nas mídias sociais #ThinkBeforeSharing , “Pense Antes de Compartilhar”, em conjunto com Comissão Europeia, o Congresso Judaico Mundial e o Twitter, em resposta a crescente disseminação teorias da conspiração e desinformação no ano de 2020. No site da campanha, você poderá baixar 20 infográficos em português, elaborados e adaptados por educadores do Brasil, Canadá, Egito, Grécia, Líbano, Peru, Portugal, Federação Russa e Emirados Árabes Unidos, que complementam o guia!

Sumário traduzido:

 

Leia mais em:

UNESCO. Addressing conspiracy theories: what teachers need to know. Paris: UNESCO, 2022. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000381958 Acesso em: 15 jul. 2022. 19 p.

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KRAMER, J. Por que as pessoas acreditam em teorias da conspiração? A ciência explica. National Geographic, 13 jan. 2021. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2021/01/por-que-as-pessoas-acreditam-em-teorias-da-conspiracao-a-ciencia-explica  . Acesso em: 15 jul. 2022.

KIRK, I. What conspiracy theories did people around the world believe in 2021?, YouGov,  8 fev., 2022. Disponível m: https://yougov.co.uk/topics/international/articles-reports/2022/02/08/what-conspiracy-theories-did-people-around-world-b  . Acesso em: 15 jul. 2022.

REZENDE, A. T et al. Teorias da conspiração: significados em contexto brasileiro. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 36, p. 1-12, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-0275201936e180010 . Acesso em: 15 jul. 2022.

RIVAS OTERO, J. M. Teorias da Conspiração na América Latina. Folha de S. Paulo, 29 jan. 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/01/teorias-da-conspiracao-na-america-latina.shtml  . Acesso em 15 jul. 2022.

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