Durante 33º Colóquio Internacional de Bibliotecas, realizado entre os dias 2, 3 e 4 deste mês na cidade de Guadalajara, México, e cujo tema central foi “Serviços de informação para grupos vulneráveis”, participei da mesa de trabalho número 4 denominada “Línguas indígenas”. Na ocasião compartilhei uma visão geral das bibliotecas indígenas da Argentina, analisando casos de resistência cultural, paradigmas e descontinuidades. As demais mesas temáticas abordaram experiências como coesão social das bibliotecas, realidades sociais em relação ao acesso e oportunidades para todos, bem como o papel das bibliotecas na construção de comunidades diversas.
Entre as apresentações do primeiro painel (bibliotecas na construção de comunidades diversas), foram abordadas questões relacionadas aos serviços para usuários com deficiência, que em alguns casos foram reduzidos à descrição de ausências de atenção a esses grupos em protocolos, bem como ausência de espaços adequados para pessoas com problemas motores em bibliotecas públicas. Uma das propostas avaliadas pelo professor José Orozco Tenorio foi a criação de um símbolo de acessibilidade internacional, localizado em rampas e acesso a prédios e instituições de ensino.
Por sua parte, o estudante de graduação em cirurgia e obstetrícia da Universidade de Guadalajara, Nikolai Emmanuel Bayro Jablonski, fundador e administrador da revista estudantil Osmosis, compartilhou algumas reflexões baseadas em iniciativas relacionadas à produção e consumo de informação, expondo uma atitude proativa que levou a considerar o aluno como um potencial produtor de informações, o que leva a avaliar a necessidade de gerar consumidores que favoreçam um circuito de consulta e construção de conhecimento.
O papel ativista foi interessante em relação à proteção do acesso a recursos bibliográficos em contextos de saúde, situação que se tornou visível com o movimento “Salvar a Biblioteca UDG”, neste caso, uma página no Facebook criada pelos estudantes da Universidade de Guadalajara, após a divulgação nas redes sociais da notícia do provável desaparecimento da Biblioteca Virtual (UdeG) daquela instituição por iminentes cortes no orçamento federais.
Por outro lado, o autor fez uma análise dos países que geram a maior produção de artigos científicos (China, EUA, Reino Unido, Alemanha) em detrimento dos países americanos (apenas o Brasil ocupa o 14º lugar, seguido pelo México em 28 e Argentina, em 44), onde se deve destacar o caso mexicano que, apesar de ter mais diplomados por país, não é o que publica mais documentos. Outro fato interessante compartilhado na apresentação foi a menção do Chile, Colômbia e Peru como os países onde a maioria dos artigos científicos publicados pelos estudantes foi registrada.
Foi então a vez de Gerardo Zavala Sánchez e Máximo Román Domínguez López, ambos graduados em biblioteconomia, que apresentaram o direito à informação e ao desenvolvimento de habilidades de informação, levando em consideração as necessidades digitais e de informação dos migrantes da fronteira sul, realidade complexa de imensas minorias do chamado Triângulo Norte da América Central (Guatemala, Honduras e El Salvador). Esses migrantes se reuniram para atravessar o país pacificamente com o objetivo de chegar aos Estados Unidos da América, situação dramática diante das restrições das políticas de imigração dos EUA.
O veículo usado pelos serviços bibliotecários nas bibliotecas públicas estava focado na acessibilidade da conexão à Internet, considerando que mais de 80% da população hondurenha está conectada via Facebook (86%) e, em menor grau, Twitter (30%). Da mesma forma, mensagens e fotografias proliferam no Whatssap em trânsito, causando mobilizações por meio dessa rede. Muitos dos desafios encontrados nas bibliotecas foram motivados por problemas de infraestrutura para facilitar a conexão com informações eletrônicas, o que inclui barreiras linguísticas.
Por isso foi proposto incorporar o acesso ao Facebook e Whatssap nas bibliotecas públicas localizadas em contextos fronteiriços, bem como a organização de oficinas de contenção psicológica (onde o apoio emocional dos bibliotecários foi valorizado). Por fim, os autores compartilharam um vídeo que mostrava os problemas diários dos imigrantes em termos de licenças de imigração, discriminação sofrida e possibilidades limitadas de progresso. Esses depoimentos, que flutuavam entre esperança e demissão, constituem um enorme desafio às bibliotecas.
O painel sobre coesão social das bibliotecas começou com a advogada e política Mariana Fernández Ramírez, lutadora ativa em busca da construção de um Jalisco (um dos 31 estados do México) com melhor qualidade de vida, o que resultou em fortes críticas à ausência de estatísticas oficiais no México em crimes de ódio, aqueles que são cometidos contra os direitos humanos de grupos que por si só sofrem discriminação.
Ficou muito claro na fala de Mariana o que significa intolerância, que registrou altas taxas em crimes motivados por ódio racial, preferências sexuais, transgêneros, ódio social, religião, origem étnica, deficiência e principalmente redes sociais – verdadeiros tribunos de ódio – a necessidade de que as bibliotecas desenvolvam materiais sobre tolerância, especialmente com mulheres indígenas, migrantes e lésbicas, entre outros. Nesse sentido, a autora propôs trabalhar em documentos de memória, alertando sobre a importância de estabelecer e organizar experiências de bibliotecas humanas.
Posteriormente, a advogada María Guadalupe Ramos Ponce, especializada em questões sobre feminismo, compartilhou um documento sobre serviços de informação com grupos vulneráveis, onde ela chamou para “despatriarcalizar” a educação. Ela também esclareceu sobre a compreensão do conceito “grupos vulnerável ”em relação às mulheres, onde propôs mencionar o contexto da vulnerabilidade como uma maneira mais apropriada de se referir ao problema desse grupo social, a necessidade de analisar criticamente o motivo da negação histórica do direito das mulheres à poder votar como qualquer cidadão e a urgência de garantir o acesso das mulheres a uma vida livre de violência, típica de um direito humano fundamental.
Como deputada, María Guadalupe Ramos Ponce apresentou uma iniciativa para reformar o artigo 219 do Código Penal para o Estado Livre e Soberano de Jalisco, incorporando agressões motivadas pelo ódio social, como um fator agravante dos crimes de homicídio para determinar multas específicas e efetivas.
Chegou a vez do professor de espanhol Hilario Hernández Sánchez, que compartilhou reflexões sobre a Biblioteca Social, uma instituição espanolha sem fins lucrativos que tem como objetivo ajudar a compensar os desequilíbrios sociais, apoiando projetos realizados por bibliotecas públicas, voltadas para os setores mais vulneráveis da sociedade, sob um olhar inclusivo e sustentável. O autor fez uma análise dos fatores de exclusão presentes em nossas sociedades, visíveis em cenários socioeconômicos, educacionais, culturais, bem como barreiras colocadas por questões sociodemográficas, de deficiência, de saúde e de violência.
Depois de levantar essas questões, ele se perguntou o que a biblioteca faz sobre essa realidade. Uma das respostas foi focada no entendimento do Terceiro Setor de Ação Social, onde, usando um vídeo como suporte, ilustrou a importância do acesso à leitura nas populações infantis, buscando gerar um serviço de proximidade das bibliotecas, a necessidade de promover a leitura sob uma estrutura de coesão social e espaço inclusivo, estando essas propostas geralmente presentes na Fundação Biblioteca Social.
Esse painel foi concluído pela antropóloga Lorena Careaga Viliesid, compartilhando um documento chamado “A biblioteca da Universidade do Caribe em Cancun: um laboratório para interação diária da diversidade”, tomando como exemplo o povo Maia de Quintana Roo, um local de raízes ancestrais e de diversidade cultural. Tal biblioteca, como espaço educacional de informação, reunião e apoio, congrega estudantes e professores de diferentes origens étnicas e nacionais. A autora mencionou a ausência de bibliotecas que documentam realidades nessas comunidades, destacando a necessidade de uma maior compreensão da cultura Maia.
Na terça-feira, ou mexicano Juan Serrato Velasco, professor de história da América Latina e doutor em antropologia social, começou o dia inaugurando o painel “Realidades sociais: acesso e oportunidades para todos”, mostrando um panorama sobre o acesso a publicações científicas no México, habilitadas para consulta em 32 universidades públicas estaduais e 3 universidades públicas federadas (Universidade Nacional Autônoma do México, Instituto Politécnico Nacional e Universidade Autônoma Metropolitana), cujas espaços têm itens de orçamento alocados pelo governo.
Velasco afirmou que 1,4% do orçamento é destinado à ciência e tecnologia, recurso obtido pelo CONACYT (Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia). Nesse momento Velasco levantou um dilema quando à administração de recursos públicos com os orçamentos alocados, cuja implementação deve ser feita antes do final do ano, ou que requer gerenciamento e planejamento de tarefas e serviços.
Em seguida, o diretor da Biblioteca do Congresso da Nação Argentina, Alejandro Lorenzo César Santa apresentou um vídeo sobre as políticas institucionais da biblioteca, comentando parte de seus serviços (serviço 24 horas, corpo de tradutores de artigos científicos em inglês, acesso a informações em áreas carentes por meio de um bibliobus, uso de painéis solares para reciclagem de resíduos e água, além de colaboração com o envio de papel reciclado para organizações sem fins lucrativos).
O autor focou nos ODS (Objetivos da Desenvolvimento Sustentável), que como biblioteca pública e parlamentar, o BCN tem um papel específico na garantia do direito de acesso à informação, onde é necessário incorporar e avaliar indicadores de conformidade com essas realizações no Sistema de Gestão da Qualidade.
Em seguida, a bibliotecária americana Cynthia Medrano Torres falou sobre a necessidade de agendar serviços de biblioteca para crianças, tomando como exemplo um centro comunitário multilíngue em Rantoul, Illinois, que oferece assistência infantil a trabalhadores agrícolas migrantes e suas famílias, em contextos de vulnerabilidade social e emocional. As tarefas nesta biblioteca consistiam em explorar a criatividade das crianças, desenvolver habilidades interpessoais e aumentar a alfabetização. No entanto, ele enfatizou que as bibliotecas não possuem recursos adequados, os bibliotecários não têm conhecimento da comunidade porque não pertencem a ela e o orçamento é inexistente, o que a instigou levantar questões sobre o alcance do espaço cultural em relação às deficiências dos usuários.
Em seguida, o espanhol Pablo Parra Valero compartilhou um documento intitulado “A biblioteca como um espaço contra a desigualdade: promovendo habilidades de leitura em crianças e jovens em situações de exclusão social”, onde mostrou um caso muito particular em Galapagar, município localizado a noroeste de Madri (Espanha), com baixo nível de investimento em gastos sociais em nível nacional e cuja coexistência com outros grupos minoritários era problemática, especialmente famílias marroquinas de segunda geração, que levaram à Biblioteca Municipal “Ricardo León” de Galapagar (Prêmio Nacional de Animação por Maria Moliner 2017) para implementar novos serviços de extensão de bibliotecas.
Uma dessas propostas foi focada em visitas a locais comunitários organizados a partir da biblioteca, especialmente museus, centros culturais e uma nova proposta conhecida como Micropolix, uma cidade infantil dedicada ao lazer educacional para crianças de 4 a 14 anos. Um caso que despertou o interesse da biblioteca municipal foi a divulgação da história de vida de Manal Al Sharif, cientista da computação e ativista dos direitos das mulheres na Arábia Saudita, que ajudou a iniciar uma campanha pelos direitos das mulheres de dirigir automóveis naquele país, o que lhe rendeu prisão, perdendo o emprego e a custódia do filho.
O autor também se concentrou nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), exemplificando como as bibliotecas contribuem para o cumprimento da Agenda 2030. Nesse sentido, a Biblioteca Municipal Ricardo León de Galapagar iniciou em 2018 um programa anual de animação de leitura intitulado “Além dos livros”, com o objetivo de disseminar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e melhorar as habilidades de leitura de crianças e jovens entre 5 e 12 anos de idade em situação de exclusão social.
Depois foi a vez da bibliotecária e cineasta americana Jill E. Baron, que compartilhou uma iniciativa interessante, motivada pelas reivindicações dos estudantes que usavam a Biblioteca do Congresso dos EUA sobre o assunto chamado “estrangeiros ilegais”, considerado como uma ideologia racista dos usuários, o que levou os bibliotecários a refletir sobre os critérios usados nos vocabulários, iniciando uma campanha para eliminar esses tipos de termos que envolviam imigrantes sem documentos (foi precisamente o conceito proposto para substituir ao anterior).
A autora contou com um vídeo para mostrar as críticas da comunidade de migrantes aos catálogos e o que mais tarde gerou na sociedade americana sobre o anúncio da Biblioteca do Congresso que promulgaria mudanças, as reações entre políticos e mídia conservadora e inação da Biblioteca do Congresso para resolver o problema, dilemas que ainda estão sendo desafiados nacionalmente. Em conclusão, ele compartilhou o documentário Change the Subject, que resume a história da luta pela mudança de assunto e o que isso implica em relação ao contexto da imigração nos EUA. É um documento que procurou transmitir a importância de ouvir os alunos e trabalhar de acordo com uma biblioteca mais abrangente e inclusiva.
À tarde, o painel número 4, correspondente às línguas indígenas, continuou com a excelente moderação de María Guadalupe Arredondo Ochoa, que compartilhou uma visão geral das bibliotecas indígenas da Argentina, concentrando-se essencialmente no significado e entendimento do conceito de Biblioteca Indígena, e tomando alguns exemplos de experiências que buscam representar a identidade cultural através de coleções bibliográficas. Compartilhar essas reflexões significou uma maneira de entender a história indígena da Argentina, a partir de uma perspectiva crítica.
E confiando conceitualmente em Carlos Martínez Sarasola, tentei demonstrar a disjunção do “país que não era” em relação aos valores não integrados dos povos originais, porque não há dúvida de que nós, argentinos, fomos ensinados e educados ao longo do tempo na negação dos povos indígenas, uma negação de que em muitos estratos sociais alcançou níveis preocupantes de discriminação, racismo e segregação. O documento será publicado em breve, mas me parece ser válido resgatar algo que cumpre o papel social do bibliotecário: a necessidade de articular a noção de conhecimento com o conceito de verdade, como é entendido endogenamente pelos compatriotas das comunidades, que ainda conservam em sua memória a compreensão cultivada por seus avós.
As verdades deturpadas daqueles que publicam sobre os compatriotas devem ser contrastadas com as verdades que ainda sobrevivem nas comunidades, e os fundos orais são um dos muitos elementos que os bibliotecários têm para transformar esse conhecimento em documentos, por esse motivo. Acredito que as bibliotecas indígenas têm muito a contribuir para a história cultural do país, já que a dívida social que ainda temos com as comunidades indígenas está longe de ser paga, é algo que, como cidadãos, devemos desafiar.
Posteriormente, o escritor Wixárika Gabriel Pacheco Salvador compartilhou um texto chamado “Desenvolvimento de línguas indígenas, um paradigma de inclusão editorial”, onde evidenciou as dificuldades que experimentou durante sua formação acadêmica, devido à ausência de recursos informativos em sua língua materna, uma realidade que tem variados testemunhos de escritores indígenas em todo o continente. O autor deixou clara a situação das comunidades cujas culturas ágrafas (característica da língua que não tem escrita) não conseguiram se desenvolver, seja pela invisibilidade do Estado ou pela falta de conteúdo na educação pública, onde é possível incluir a tradição oral como base fundamental da comunicação do vasto produto do acervo comunitário de milhares de anos.
Wixárika levantou o dilema do que a biblioteca significa para os povos nativos, como um espaço que deve definir seu papel, uma vez que, em muitos casos, não corresponde exatamente às necessidades e interesses das comunidades. Embora, como o autor se referisse, nos tempos pré-hispânicos, os povos originais da América possuíssem as formas de linguagem e comunicação escrita através de códices, estelas, gravuras em pedras, madeira e peles de animais, não deixou de resultar muito interessante a exposição de documentos informativos, típicos da escrita e da visão de mundo de Wixarica (quem assina, percebe uma semelhança com as luas reconhecidas da etnia Kuna do Panamá).
É interessante por se tratar de objetos que comunicam informações através de imagens e texturas. Por outro lado, foi uma grande contribuição a compreensão do que para a cultura Wixárika é a coleção mais importante, conhecida como Tuki ou “Templo Maior”, onde não é apenas o conjunto de objetos que falam, transmitem e mantêm o conhecimento ancestral, mas também há objetos de crianças que podem ser lidos por quem foi treinado durante a vida no caminho de aprendizado. Como Gabriel disse, o caminho do conhecimento é o relacionamento e a prática constante de atividades espirituais que nos permitem conhecer a visão de mundo de alguém.
Por fim, a bibliotecária brasileira Soraia Pereira Magalhães abordou o problema da biblioteca pública e a falta de atenção às minorias linguísticas no Brasil, tendo como garantia ter percorrido mais da metade das bibliotecas localizadas em comunidades da Amazônia, o que lhe permitiu contar com dados em um território equivalente ao do México. A pesquisadora perguntou sobre o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas no estado do Amazonas, encontrando fortes demonstrações de indiferença em relação às minorias linguísticas, o que invariavelmente deriva em um contexto em que as desigualdades deixam descobertas a inviabilidade de serviços bibliotecários inclusivos e democráticos.
Na apresentação de Soraia, fiquei muito feliz ao encontrar uma menção à Biblioteca Maguta da etnia Ticuna, que pessoalmente considero uma das bibliotecas indígenas mais representativas da América Latina, citando as contribuições conceituais do professor José Bessa Freire, renomado pesquisador no amplo contexto da biblioteconomia da comunidade indígena. Tanto as observações, quanto as rotas que o autor percorreu nesses cenários sugerem um quadro complicado quanto à presença do Estado nas unidades de informação que prestam serviços sem recursos adequados, em um contexto de complexa vulnerabilidade social.
Na quarta-feira, pude testemunhar a palestra cultural compartilhada pelo artista Raúl García Sangrador, doutor em arte da Universidade de Guanajuato, chamado “Albergue Las Memorias de Tijuana: laboratório de corporalidades artísticas pós-abismais”, onde este narrou a experiência da visita ao Abrigo para pessoas com HIV e tuberculose “Las Memorias” de Tijuana, entendido como um laboratório para a construção de corporalidades, no qual a premissa consistia em materializar as tensões escritas pelo autor, onde o metropolitano, o colonial, o abismal e o pós-abismal geram rotas de análise da produção artística atual. O resultado mudou o debate para o conceito queer, quase vinte anos após sua abordagem inicial.
Com esta proposta, cuja ousadia enriqueceu o contexto do colóquio (na minha opinião, um bom critério por parte dos organizadores ao incorporar este trabalho), foi possível observar trabalhos que deixaram revelado um olhar muito humano em um contexto de finitude e vulnerabilidade, mesmo falando em prevenção, cujo conceito passou pela subjetividade do trabalho coletivo. Dessa forma, tanto as pinturas quanto os corpos nus, retratados pelo criador visual, geraram novos espaços de entendimento sobre as corporeidades LGBTQ, os problemas profundos da pandemia de aids e o papel das artes visuais nesses cenários.
Finalmente, o advogado da Universidade de Guadalajara, Salvador Alcántar Morán, fez uma palestra na Wikipedia sobre a integração de grupos vulneráveis, explicando essa forma de trabalho aberto, não centralizado, não hierárquico e aberto, que gerou uma infraestrutura ideal para a integração de pessoas na criação de conhecimento. Como dado se registra uma baixa porcentagem de pessoas trans que editam informações na Wikipedia. Da mesma forma, aqueles que colaboram na Wikimedia México – promovidos pela Wikipedia – registram contribuições na enciclopédia virtual para a integração de Nahuatl e Maya no conteúdo informativo, um movimento que exige voluntariado permanente para integrar narrativas marginalizadas.
Há algo que eu, como leitor, apreciei muito – sabendo de antemão que o Colóquio Internacional de Bibliotecários seria inserido na Feira do Livro de Guadalajara, cujas proporções eram impossíveis de abordar em três dias -, tendo encontrado o estande da Oficina Leñateros da Cultura Maia, onde Pude verificar a qualidade editorial dos catálogos, a originalidade dos textos publicados e o design dos vários artefatos em que suas mulheres e livros vivos trabalham com uma variedade abundante de materiais. Conhecer e me perder nesses corredores foi um prazer que espero experimentar novamente em breve.
Não quero terminar sem agradecer às autoridades que me permitiram compartilhar essas experiências, o organizador Dr. Mércia López Ruelas, Josué Alejandro Chávez Castellanos, Ana Gricelda Morán Guzmán e María del Carmen García Villareal por nos assistirem sempre a Mtra. Helen Ladrón de Guevara Cox, Dora Elia Cortés Hernández e Martha Ibáñez Marmolejo por compartilharem tanta informação aos colegas mexicanos, brasileiros, espanhóis, americanos e argentinos que fizeram parte da conferência, ao público presente, agradecimentos sinceros.
*Publicado originalmente no blog Libros Vivientes sob o título “XXXIII Coloquio Internacional de Bibliotecarios: una reseña sobre los servicios de información para grupos vulnerables”. Tradução e adaptação: Chico de Paula
Comentários
Comentários