Vivemos hoje uma época de verdadeira democratização da tecnologia de informação, onde todos temos acesso a praticamente todas as novidades tecnológicas que promovem a criação ou difusão de informação. Nesse mundo dominado por notebooks e smartphones cresce a popularidade dos tablets, não só pela sua versatilidade e praticidade, mas também por atender um antigo desejo de todos os amantes da leitura: poder ler e transportar todos os seus livros no que fisicamente se equivale a um leve caderno em termos de peso e tamanho.
Na verdade nada disso é grande novidade “lá fora”, pois e-readers já existem há praticamente tanto tempo quanto os tablets, mas ambos chegaram praticamente juntos ao mercado brasileiro e pouco se fala sobre os verdadeiros e-readers, criados especificamente para a leituras de e-books, os livros digitais.
Tablet
Um tablet, também conhecido como tablet PC ou, em português, tablete, é um dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas e para entretenimento com jogos. Apresenta uma tela touchscreen (tela sensível ao toque) que é o dispositivo de entrada principal. A ponta dos dedos ou uma caneta aciona suas funcionalidades. É um novo conceito: não deve ser igualado a um computador completo ou um smartphone, embora possua funcionalidades de ambos.
(fonte wikipedia)
Apesar de incorreta, a definição apresentada pela Wikipedia reflete bem a definição de tablet que se popularizou no Brasil.
Na verdade um tablet é um computador pessoal portátil assim como qualquer notebook, e o que o define não é o seu tamanho, formato ou uso, mas o seu dispositivo de entrada principal. Um tablet se caracteriza apenas por possuir como principal dispositivo de entrada uma tela sensível ao toque integrada, seja ela operada com os dedos ou com uma stylus (um instrumento próprio para uso em alguns tipos de tela sensíveis ao toque em formato de caneta).
A partir dessa definição inicial foram criadas diferentes versões com nomenclatura baseada no formato do seu corpo:
Slate (Prancheta) – Formato que se firmou como o mais popular, se assemelha a uma prancheta e raramente possui teclado físico. Quase sempre operados exclusivamente com os dedos, não aceitando o uso de stylus. Exemplos populares são o iPad e o Samsung Galaxy Tab.
– Booklet (Livreto) – Possui duas telas sensíveis ao toque e pode ser dobrado como um livro.
– Convertible ou Twist (Conversível ou “Torcido”) – Possui o corpo de um notebook, mas a sua tela é sensível ao toque e pode ser rotacionada, para que quando “fechado” possa ser usado da mesma forma que um tablet slate. Em geral utilizam stylus, mas respondem bem a maioria dos comandos apenas com o toque, sendo a caneta reservada para anotações ou desenho. Os principais modelos interpretam bem o uso da stylus, mudando o traço dependendo da pressão aplicada no seu uso, essencial para desenho. Além disso, é comum também incluírem software de reconhecimento de escrita, o que permite a conversão de um texto escrito a mão em texto digitado com grande precisão. Suas principais desvantagens são o peso (normalmente quem procura um tablet espera que ele pese muito menos que um notebook) e o preço, que é superior a um notebook equivalente.
– Hybrid (Híbrido) – Meio termo entre os modelos convertible e slate, possui o corpo do modelo slate e um teclado destacável. Já existem no mercado acessórios como teclados que podem ser conectados a tablets slate, mas a diferença é que no modelo híbrido o teclado não é um mero acessório, ele é parte do conjunto e se adapta ao tablet tão bem quanto um modelo convertible.
Observe que diferentemente da definição apresentada pela Wikipedia, nenhuma delas faz qualquer restrição quanto ao seu uso ou tecnologia empregada. Tablets são computadores pessoais portáteis tão completos quanto os seus fabricantes assim desejarem, e servem basicamente como alternativa aos notebooks.
O fato é que com o tempo a versão slate se firmou como principal representante dos tablets, o que ganhou ainda mais força com a popularização do iPad, então não é de se surpreender que o nosso conceito de tablet hoje seja bem parecido com aquele definido na Wikipedia.
A definição correta do que é um tablet é importante para deixar claro que o principal equívoco na descrição da Wikipedia é o de classificar tablets como sendo “um novo conceito”, o que pode nos induzir ao erro de ignorar todo o nosso conhecimento prévio sobre computadores portáteis, ao invés de também aplicá-los aos tablets.
Apesar de todo o esforço empregado pelos fabricantes na usabilidade e no dimensionamento preciso dos recursos de hardware empregados nos tablets (de suma importância para garantir o tempo de uso da bateria), o uso de tablets para leitura de e-books ainda esbarra no mesmos problemas que encontramos para ler e-books em um notebook: a tela e o tempo de uso da bateria.
Para exibir imagem a tela de LCD possui uma luminosidade própria, chamada de backlight, que com o tempo de uso nos dá aquela conhecida sensação de cansaço que temos ao passar longos períodos no computador. Além disso, ela dificulta a leitura em ambientes de grande luminosidade, principalmente sob a luz do sol, o que exige o aumento do brilho dessa luz e o cansaço que ela nos causa durante a leitura. A tela também é responsável por boa parte do consumo de energia do aparelho, pois precisa ser atualizada continuamente para manter a imagem exibida na tela, mesmo que ela seja estática, como no caso de uma página de um livro.
Já o tempo de uso da bateria, que em média é de 10 horas de uso, apesar de satisfatório para a maioria dos usuários, normalmente é considerado curto demais para os que utilizam tablets primariamente para leitura. Na verdade, o tempo de uso não é considerado curto pelo seu valor real, mas pelo que os usuários consideram como justo para o seu uso. Analisando dessa forma, é realmente incômodo pensar que o seu tablet precise ser carregado quase que diariamente, independente se utilizado apenas para leitura por algumas horas ou para acesso a internet e entretenimento.
E-reader
São aparelhos eletrônicos criados especificamente para a leitura de livros digitais. Apesar dessa definição básica englobar qualquer dispositivo com tela capaz de exibir texto (como um tablet), são conhecidos como verdadeiros e-readers apenas os que são construídos com tecnologia própria para este fim, como o papel eletrônico (e-paper ou e-ink).
O papel eletrônico é um tipo de tela criado para imitar as características do papel, quase sempre apenas em escala de cinza. Ao contrário das telas de LCD que emitem luz, ele reflete a luz, assim como papel convencional, eliminando assim o desconforto causado pela leitura e permitindo o seu uso sob luz direta do sol.
Outra característica importante do papel eletrônico é a sua frequência de atualização, que só é feita uma vez, durante a exibição da imagem. Imagine que a imagem é impressa no papel eletrônico, assim como feita em papel de verdade, e da mesma forma ela não precisa ser constantemente atualizada para se manter visível. Dessa forma, o papel eletrônico pode manter uma mesma imagem na tela por tempo indefinido, consumindo energia apenas ao “virar” páginas.
Essas características possuem grande impacto no tempo de vida da bateria, que em geral dura mais de duas semanas, chegando até mesmo a um mês dependendo da frequência de leitura e do uso de funções adicionais, como wifi.
Para se manterem competitivos frente aos tablets, é comum hoje encontrar e-readers que incluem um teclado físico incorporado ao seu corpo e funcionalidades extras, como navegação na Internet e gerenciamento de e-mail.
Apesar de existirem modelos coloridos no mercado asiático, a tecnologia empregada ainda é cara demais para produção de larga escala.
Então tablets não devem ser usados para a leitura?
Não necessariamente. Apesar das desvantagens, não há nenhum prejuízo a saúde se usado com moderação. O consenso hoje é que o uso tablets, e-readers ou mesmo livros só se torna prejudicial se não forem observadas recomendações simples:
– Evite ler dentro de veículos em movimento, o que pode contribuir para um descolamento de retina. Se o veículo está balançando demais ou causando solavancos, dê uma pausa na leitura. Ao contrário do que muitos dizem, esse hábito não é causa direta do descolamento de retina, mas pode contribuir para o seu avanço.
– Evite ler em ambientes excessivamente iluminados, como em dias ensolarados em ambientes abertos, como praias por exemplo. A luz do sol é refletida diretamente nas partes brancas da página, o que causa o mesmo efeito do backlight do LCD.
– Siga a recomendação de descansar por 5-10 minutos a cada 40 minutos utilizando o computador ou tablet. No caso dos olhos, basta uma pausa de 10 segundos para focar os olhos em algo a mais de 20 metros de distância, uma rápida olhada na rua pela janela é o suficiente. Essa recomendação pode ser seguida também para leitura de livros, lembrando sempre de piscar para manter os olhos lubrificados.
Afinal, tablet ou e-reader?
Escolher o dispositivo apropriado para o seu uso se torna cada vez mais complicado, mesmo para os que tem na leitura de livros o seu principal uso.
A versatilidade dos tablets e os subsídios oferecidos pelas operadoras de telefonia o tornam uma opção cada vez mais atraente, além disso ainda existe pouca oferta de e-readers no mercado brasileiro.
Por outro lado, as maiores interessadas na venda de e-readers não deixaram de oferecer alternativas para os seus potenciais consumidores. Mesmo não tendo um e-reader, e-books podem ser comprados pela internet para serem lidos em qualquer computador ou tablet.
Existe também novos modelos híbridos – tablets com telas de LCD projetadas para tornar a leitura menos cansativa para os olhos, ou e-readers com backlight, possibilitando a sua leitura mesmo em ambientes com pouca ou nenhuma iluminação.
No final o mais importante é não se deixar levar pela propaganda e se ater as suas necessidades.
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