Os servidores da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) decidiram ontem (28) em assembleia aderir à greve geral convocada para amanhã (30) pelas centrais sindicais. A informação foi divulgada na conta do Facebook da Associação dos Servidores da FBN (ASBN). Como justificativa à adesão, os servidores alegam o agravamento da crise política no país que, segundo eles, tem impactado no conjunto dos trabalhadores brasileiros, demandado uma atuação forme da categoria.
“Todos nós sofremos o calvário causado pelo impacto da reforma da previdência e das reformas trabalhistas em tramitação no Parlamento. Não ficaremos de braços cruzados vendo o desmonte das estruturas de segurança trabalhista, conquistadas depois de décadas de luta das gerações que nos antecederam. Paralisaremos os serviços pela manutenção dos direitos dos trabalhadores e contra o atual governo, sobre o qual pesam graves denúncias de corrupção”, diz a nota da ASBN.
Os servidores destacam o fato do Ministério da Cultura, ao qual a FBN está subordinada, estar sendo atingido pelo que chamam de “sucessivas ações de desmonte” o que, segundo os trabalhadores, “fazem parte dos objetivos de projetos políticos”. “Sofremos cortes drásticos de orçamento que, segundo o último ocupante da pasta, hoje demissionário [se referindo ao ministro interino da Cultura, João Batista de Andrade, que deixou o cargo recentemente], hoje inviabilizam sua manutenção”, dizem.
“Atualmente a pasta está sem ministro e os candidatos que se apresentam não possuem perfil minimamente adequado para ocupar o posto. Os servidores da Fundação Biblioteca Nacional repudiam o tratamento dado ao Ministério, de simples moeda de troca para as alianças político-partidárias do Executivo”, denunciam.
Adesão no Arquivo Nacional
A exemplo do que aconteceu na FBN, os servidores do Arquivo Nacional, órgão ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), também decidiram parar e convocaram um ato em defesa da instituição. Em uma nota publicada na página da Assan (Associação dos Servidores do Arquivo Nacional) no Facebook, os trabalhadores informam que o Arquivo Nacional vive a pior crise de sua história. Segundo eles, o cargo de diretor-geral da instituição, que é a maior do tipo na América Latina, tem sido usado como moeda de troca no jogo político para aprovação das reformas, gerando instabilidade institucional.
Até maio deste ano o diretor-geral do Arquivo Nacional era José Ricardo Marques, alçado ao cargo em fevereiro de 2016 nas negociações do governo Dilma Rousseff para barrar o seu impeachment. Marques, afilhado político do deputado Ronaldo Fonseca (PROS) que se comprometera a ser leal a presidente, foi exonerado do cargo no fim de abril quando este quebrou sua promessa e acabou votando pelo afastamento da então presidenta. Reconduzido ao cargo em julho de 2016, já sob o governo Temer, Marques foi novamente exonerado, em maio deste ano, quando o seu padrinho político votou contra a reforma trabalhista.
Conforme noticiou a Biblioo no ano passado, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) havia entrado com uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa contra Marques, acusado de promover cultos evangélicos semanais no auditório principal da instituição federal, utilizando-se dos equipamentos de áudio e vídeo, bem como do trabalho de um servidor do órgão.
“Recentemente foi anunciado um corte de verbas para garantir a compra das Reformas no Congresso, que pode significar o fechamento do órgão, interrompendo a comprovação de direitos, prejudicando a pesquisa acadêmico-científica, precarizando a gestão da informação da própria Administração Pública Federal como um todo, e pondo em risco a integridade da documentação histórica sob sua guarda”, denunciam.
A greve geral
Convocada pelas centrais sindicais, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a greve geral já conta com a adesão de diversas categorias. A mobilização tenta barrar as propostas de reformas (trabalhista e previdenciária, principalmente) propostas pelo governo Temer, o mesmo que enfrenta um grande desgaste político, principalmente depois que foi denunciado pelo Ministério Público no caso da JBS.
A proposta da reforma trabalhista, a propósito, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O relatório apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB) foi teve 16 votos favoráveis e nove contrários, o que deve inflamar mais ainda os trabalhadores para a greve geral.
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